No dia seguinte como prometido a doutora Lu me deixou ir pra casa. O sangramento tinha parado, eu não sentia mais dores e nem enjoos.
Depois de mais um exame rápido ela disse que eu estava mais do que boa e logo poderia voltar e ouvir o coração do bebê.
Rain soltou um suspiro alto de alívio. Eu também estava aliviada para falar a verdade.
Rain transformou minha volta pra casa numa grande comoção, me fazendo dar risadas e ele ficar emburrado. Mas ele não queria que eu fizesse esforço nem para andar. Era engraçado e irritante ao mesmo tempo.
Mas eu entendia sua preocupação e até estava gostando de toda a atenção. Porém ele não queria me deixar sozinha. Quando precisava sair fazia senhora O'leary ficar de olho em mim, tornando os dias seguintes chatos e entediantes já que eu não podia fazer quase nada.
- Repouso completo - foram as palavras da médica antes de me liberar. Rain levará muito a sério.
- Vou cuidar disso - dissera. E tinha feito mesmo, só pra constar.
Ele passou a dormir com Jude na minha casa. Nós três deitados juntinhos na minha cama, que era grande o suficiente para nos acomodar.
Quando Jude não estava, ele deitava com a orelha colada na minha barriga e passava muito tempo assim. As vezes dava beijinhos, mesmo que a barriga ainda estava reta e não se notava que um bebê morava ali. Mas isso não parecia importar para ele que cochichava e sorria. Geralmente eu olhava a cena com admiração, acariciando seus longos cabelos.
Eu me sentia sortuda por ter a oportunidade de ser mãe. Mas principalmente por ser Rain a estar ali. Por ser ele a ser pai do meu bebê. Porque eu sabia com tudo que tinha que ele seria um excelente pai, tanto quanto era para Jude.
Ela ainda não sabia sobre o novo irmão.
- Acha que devemos contar a ela ? - Rain perguntou quando sai do hospital.
- Não por enquanto.
- Eu queria contar - confessou dando de ombros.
- Eu também. Mas vamos esperar mais um tempo. Não sabemos o que pode acontecer dentro das próximas semanas.
- Não seja pessimista minha-flor - ele repreendeu, com voz calma.
- Não é ser pessimista quando quase aconteceu o pior. É ser realista.
Ele ficara pensativo depois disso, mas concordara em não contar a Jude por um tempo. Ela era só uma criança não entendia a complexidade da questão.
A verdade é que depois que o choque havia passada, conforme os dias também passavam eu fui me acostumando com a ideia de que agora uma criança crescia dentro de mim.
Eu ficava mais feliz a cada dia. Sonhava com os olhinhos e os cabelos, porque eu tinha certeza que teria muito cabelo, e também as mãos e os pés minúsculos.
Meu amor crescia a cada momento. Mas não totalmente. Rain tinha um pouco de razão, as vezes eu ficava pessimista. Ou talvez com um pouco de cautela demais o deixando preocupado. Porque em certos momentos eu tinha muito medo de acreditar demais, de me envolver muito com a ideia do bebê em meus braços, com o amor que crescia e então tudo isso escorresse como areia entre meus dedos.
Então em muitos momentos eu ficava irredutível e quando Rain se animava me incentivando a fazer planos para o quarto, para as roupas e acessórios eu simplesmente dizia que ele não deveria cantar vitória antes do tempo.
- Essa é uma coisa péssima de se dizer Lis - ele dizia aborrecido.
- Mas é a realidade.
- Você está bem. Está descansando e nosso filho ou filha vai ficar bem - insistia com determinação. Ele acreditava mesmo nisso. - Não vamos voltar nesse assunto.
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Flores para Lis
RomanceLis é uma das mais renomadas advogadas de sua cidade, com éticas de trabalho pessoais que conquistou a confiança de seus clientes, junto de seus outros quatro irmãos advogados. Mas alguns deles parecem não mais compartilhar das mesmas opiniões. Uma...