Quando pisamos na rua a noite já se fazia presente havia muito.
O céu estava maravilhosamente estrelado com algumas nuvens localizadas aqui e ali, e a lua, como um enorme globo prateado, brilhava alegremente na imensidão azul escuro.
Apesar dos meus pés e pernas doloridos eu ainda sentia a energia correr por todo o meu corpo.
Los Angeles era ainda mais bonita de noite. Os prédios ao nosso redor brilhava com luzes coloridas ou piscantes em letreiros de restaurantes ou casa de shows.
O vento fustigante de outono soprava ao nosso redor, com cheiro de terra molhada, balançando meus cabelos, assim como os de Rain, ao redor de nossos rostos.
- Acho que vai chover - comentei, observando ao redor, a rua movimentada abaixo com carros e pedestres.
Rain elevou o rosto pro céu.
- Melhor nos apressarmos então - disse. Mas ele não se moveu. Seus dedos deslizaram o zíper da bolsinha de couro, de lá de dentro ele tirou uma câmera média e reluzente.
Rain tirou as proteções das lentes e as enfiou nos bolsos do Jeans, então aproximou do rosto e os cliques suaves do botão foram silenciados em meio a buzinas e falatórios.
Muitas fotos foram feitas do céu e da luz cheia. Qualquer um que via poderia imaginar que era fácil. Era só apertar um botão. Mas eu sabia que não era. Rain parecia esperar pelo timing perfeito para capturar o momento.
Ele baixou a câmera e fotografou a rua abaixo, e depois virou-a na minha direção.
Dei um passo pro lado involuntariamente. Tirou a câmera da frente dos olhos para me olhar, franziu a testa. Contrariado abaixou-se, ficando quase de cócoras e apontou a câmera pra cima, ainda para mim.
Arregalei os olhos.
- O que está fazendo ?
Ajustou a lente e seu dedo apertou o botão.
- Tirando fotos - respondeu com simplicidade.
Revirei os olhos.
- Ah serio ? Achei que a câmera era só para chamar atenção das mulheres bonitas - debochei, colocando a mão na cintura.
- É pra isso também - disse com humor.
Dei risada. Mais um clique da câmera.
- Agora chega de fotos - falei.
Ele observou as fotos que tinha feito e sorriu muito abertamente para uma delas, estiquei o pescoço para bisbilhotar qual era mas não consegui ver.
- Agora vamos - decidiu por fim. Voltou a caminhar devagar para que eu pudesse acompanhar com meus pés odiosamente dolorido.
- Você sempre anda com isso ?
- Sim.
- Por quê ?
- Nunca se sabe quando será o momento perfeito - respondeu, esbarrando de leve em mim com o ombro.
Devolvi o gesto e continuamos lado a lado em direção ao estacionamento.
Já dentro do carro me acomodei novamente no banco do passageiro.
- Você não precisa dirigir com os pés doendo, vou liberá-la do acordo - ele disse quando chegamos ao balcão do estacionamento e eu estendi a mão pra pegar a chave. Tínhamos combinado que ele iria dirigindo e eu voltaria.
- Eu te beijaria se você não estivesse tão longe - falei a ele que já estava do outro lado do carro.
- Não faltará oportunidades doutora - brincou.
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Flores para Lis
RomanceLis é uma das mais renomadas advogadas de sua cidade, com éticas de trabalho pessoais que conquistou a confiança de seus clientes, junto de seus outros quatro irmãos advogados. Mas alguns deles parecem não mais compartilhar das mesmas opiniões. Uma...
