Capítulo 50 🌹

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Na segunda-feira o dia amanheceu mais bonito. O outono estava chegando e o céu estava mais azul do que nunca com nuvens gordas como algodões.

Mas talvez eu só tivesse contente demais. Eu finalmente iria voltar ao trabalho depois de quase um mês. Depois do dia em que Rain e eu fomos até a clinica ele pediu que eu ficasse pelo restante da semana em casa. Eu tinha passado por uma grande emoção no dia anterior, e ele só queria garantir que eu estava totalmente bem.

Aceitei e fiquei o restante da semana em casa.

Antes mesmo do celular despertar acordei com beijinhos úmidos nas minhas bochechas, vindos de uma boca muito pequena.

- Vamos acordar minha Princesa - disse a voz encantadora de Jude.

A cada semana ela inventava uma forma nova de me chamar. Reparei que era os mesmos adjetivos que Rain usava para se referir a ela. Meu amor. Minha princesa. Minha menina linda. Ela já tinha me chamado de todos esses.

Já fazia três dias que ela estava me chamando de minha Princesa.

Abri um dos olhos e encontrei seus lindos olhos caramelos me encarando.

- Você acordou - ela disse animada.

- E você já está acordada há muito tempo pelo jeito.

- Sim. E meu papai também.

Esquadrinhei o quarto e de fato não encontrei Rain.

- Ele disse que estava fazendo café pras duas princesas dele - ela explicou com aquele sorriso lindo no rosto. Na bochecha direita uma das covinhas surgiu.

Eu amava essas covinhas e tinha descoberto muito recentemente, ao ver uma foto de Rain muito jovem, que ela havia herdado de Rain. Mas as dele não eram mais visíveis por causa da barba volumosa. Era uma pena, mas eu gostava da barba tanto quanto das covinhas.

- Tudo bem, acho que você precisa se arrumar para a escola - falei, sentando na cama. Meus cabelos, que estavam mais longos que nunca, caíram ao meu redor em ondas bagunçadas.

- Lis, hoje é dia das profissões, você se esqueceu ? - ela sentou sobre os joelhos na cama.

Era mesmo. Eu de fato havia me esquecido que era hoje. Eles tinham que ir vestidos com as roupas da profissão de alguém que eles gostavam muito. Ela tinha escolhido ir de advogada.

Eu havia ficado surpresa com a escolha dela. Então perguntei por que ela não tinha escolhido ir como o pai dela.

- Porque quando eu crescer quero ser como você - ela respondeu, me fazendo se debulhar em lágrima.

No entanto eu sabia que ela não seria como eu quando crescesse. Não na profissão. Jude era uma artista. Tinha alma de artista mesmo naquela idade. Era decidida e alegre. Uma pessoa como ela não deveria mesmo ficar dentro de um escritório.

Eu esperava que ela vivesse com as mãos sujas de tinta e pintasse os quadros mais lindos que a cidade veria.

Mas mesmo assim fiquei muito feliz e a ajudei a comprar as roupas necessárias.

- Você está certa. A roupa está lá no closet, vamos lá?

Jude pulou da cama e correu para o closet. Fiz o mesmo, quase saltitando de empolgação, parecendo ter a mesma idade que ela.

Em um dos cabides estavam as roupas que havíamos comprado. Ajudei ela a vestir.

- Ah, você está tão linda - falei com os olhos cheios de lágrimas.

Ela deu risada e correu para frente do espelho. Estava vestida com um terninho azul marinho que tinha dado muito trabalho para achar. Uma camisa de botões creme por baixo e sapatilhas pretas. A manga do blazer estava dobrada até a altura dos cotovelos e no pulso tilintava algumas pulseiras parecidas com as que eu usava.

Flores para LisOnde histórias criam vida. Descubra agora