A tarde estava amena, a brisa fresca soprava pelas janelas abertas, que ocupavam a metade da parede, para dentro do restaurante espaçoso, fazendo as toalhas de linho branco farfalharem as barras. Através da moldura de madeira o céu brilhava azul celeste. Mas um lindo dia de verão.
Na mesa a nossa frente agora descansavam os pratos vazios da maravilhosa comida italiana que havíamos devorado. Era a preferida de Jasmine.
Minhas duas irmãs ocupavam as outras duas cadeiras ao redor da mesa redonda. Jasmine, com os ante-braços apoiados na borda da mesa, escutava. Assim como eu, recostada na minha cadeira, Violet contar de um caso que tinha trabalhado recentemente.
- Não é sério, o cara levou uma bolada da empresa - contou minha irmã, com um copo de suco de laranja na mão esquerda. - Eles faziam tudo errado e ficaram putos por serem cobrados. A cada vez que ele entravam com recurso eu aumentava o valor da multa. No fim eles tiveram que pagar mais do que era o justo.
Jasmine e eu demos risada.
- Você mandou muito bem - comentei.
- Eu sei - disse com um sorriso.
Tínhamos, juntas, decidido que pelo menos uma vez na semana nos reuniríamos para almoçar juntas no escritório ou então em um restaurante que uma de nós escolhíamos.
E esses momentos serviam para nos conectar. Estava dando certo. Não era como se não tivéssemos nenhum arranhão mais, porém não era nada comparado a antes.
Depois da conversa que tive com Ray decidi que deveria fazer o mesmo com o restante dos meus irmãos. Com Jaz nunca tive problema algum e sempre havíamos sido sinceros um com o outro, então havia sido bem fácil.
Com minhas irmãs foi um pouco mais difícil. Colocamos todas as cartas na mesa e falamos como nos sentimos na vida adulta e em relação de quando éramos crianças. A forma como a responsabilidade da família havia ficado nas costas de Violet e como isso afetou sua vida adulta.
A forma como Jasmine também crescera sem a mãe porque também era muito nova e como isso havia lhe afetado. Mas minha irmã apesar de mais reclusa conseguia lidar bem com os sentimentos.
- Thalia me ajuda muito - ela dissera naquele momento. - Isso talvez seja o mais importante. Ter uma vida estável. Alguém que me proporcione isso. Estabilidade emocional, com uma família linda.
Ela tinha razão para falar a verdade. Coisa que Violet e eu não tínhamos. Mas neste dia tudo que tínhamos para colocar em pratos limpos foi colocado. E foi como tirar o peso do mundo das costas.
Com Ray eu sabia que mesmo depois da nossa conversa não teríamos relacionamento algum. Mas eu ainda podia me esforçar pelas minhas irmãs desde que elas fizessem o mesmo por mim. E elas estavam desde então.
Agora conversávamos. Contávamos uma com a outra. Na conversa também foi levantado que deveríamos agir mais como irmãs que se importam. Porque eu me importava com elas. Elas comigo. Estávamos aprendendo a cada dia.
Eu só estava cansada de toda aquela hostilidade, elas também, e resolver nossas pendências fora um ponto crucial em nossas vidas.
- Como estão as meninas Vi ? - perguntou Jasmine, os cabelos claros caídos sobre um lado do ombro, uma linda gargantilha da cor dos seus olhos brilhava em seu pescoço.
- Dando trabalho como sempre - respondeu revirando os olhos. - Mas tem se tornado mais simples lidar com elas agora que Robson divide a responsabilidade das tarefas relacionadas a elas comigo.
- Então ele continua numa boa ? - indaguei, me inclinando um pouco para frente.
- Sim. Desde a última conversa as coisas melhoraram. Mas não teria como ser diferente, eu estava tão cansada e disse isso a ele. E acho que ele percebeu a verdade em minha voz, porque a conversa foi longa mas deu resultado. Espero que não decaia no meio do caminho.
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Flores para Lis
RomanceLis é uma das mais renomadas advogadas de sua cidade, com éticas de trabalho pessoais que conquistou a confiança de seus clientes, junto de seus outros quatro irmãos advogados. Mas alguns deles parecem não mais compartilhar das mesmas opiniões. Uma...