A cafeteria estava demasiada cheia quando passei pelas portas de vidro automáticas, e caminhei até uma mesa redonda nos fundos.
A decoração do local era aconchegante com mesas e cadeiras de madeiras pintadas de branco. As toalhas eram bonitinhas com estampas variadas e coloridas, assim como as paredes num tom de lilás e roxo. Algumas das cadeiras encostadas no balcão tinham acolchoado felpudo na cor púrpura.
Todo o salão cheirava maravilhosamente bem, café fresco, pães recém assado e chocolate. Era uma mistura maravilhosa que me fez sorrir.
- Bom dia senhora, como posso lhe servir hoje ? - a garçonete sorriu de forma gentil para mim, com grandes olhos azuis e cabelos amarrados em tranças nas laterais da cabeça, era uma moça bonita.
- Cappuccino e... um queijo quente - pedi, depois de anotar o pedido numa caderneta puída ela se foi.
Observei as pessoas ao redor, distraídas em conversas calmas ou animadas, comendo de forma elegante ou pegando as frutinhas frescas com os dedos e enfiando na boca.
Quando acordei esta manha eu senti uma necessidade de fazer algo diferente. Eu queria sentar em algum lugar em que eu pudesse comer e observar as pessoas. E então me lembrei dessa cafeteria que eu adorava vir com meu pai.
Nós sentávamos na mesa dos fundos a fim de observar as outras pessoas, tentando adivinhar sua personalidade de acordo com o que ela pedia para comer, a forma que falava, agia ou como se comportavam à mesa.
Era um jogo bobo, mas eu amava. Meu pai me fazia rir com as suposições sem sentido.
A garçonete voltou alguns minutos depois com minha comida.
- Obrigada - agradeci exibindo o melhor sorriso que pude.
O café estava cheirando maravilhosamente bem. O que eu mais gostava nesta cafeteria era a latte art, os pequenos desenhos criados em cima do café.
No meu tinha um coração dividido ao meio. Algumas pessoas diziam que o barista dali sempre espiava por detrás do balcão o cliente que fizera o pedido, e então fazia a arte em cima do café baseada no que ele viu na pessoa.
Talvez isso não fosse só uma história.
Talvez estivesse mais na minha cara os péssimos dias do que eu imaginava.
Eu dei o primeiro gole no cappuccino quando a porta se abriu. Quase soltei a xícara na mesa, fazendo o liquido se agitar e escorrer uma gota pela borda.
Rain Connal olhou para os lados em busca de uma mesa vazia. Jude estava em seu colo parecendo mais sorridente do que nunca, seus olhos corriam para todas as cores e quadros das decorações.
Foi então que ela me viu. Enxergava bem demais esta menina.
- Lis - ela gritou, fazendo Rain se sobressaltar e correr os olhos pelo salão lotado. Nossos olhos se encontraram um segundo depois.
Com Jude esticando os braços e flexionando os dedos em minha direção, ele caminhou até minha mesa.
- Doutora, que surpresa - disse com humor, repetindo o que eu havia dito no outro dia na praia. Era a segunda vez que nos encontrávamos por acaso.
- Posso dizer o mesmo - falei. - Olá Jude.
A menina se contorceu no colo do pai, que a colocou no chão. Ela correu na minha direção e estendeu os braços. Com um sorriso, que eu não conseguia controlar perto daquela pequena menina, eu a peguei no colo, ela enroscou os braços pequenos ao redor do meu pescoço.
- Ela tem perguntado de você durante a semana toda - disse Rain, coçando a nuca.
Jude se afastou e tocou nos meus cabelos que estavam soltos.
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Flores para Lis
RomanceLis é uma das mais renomadas advogadas de sua cidade, com éticas de trabalho pessoais que conquistou a confiança de seus clientes, junto de seus outros quatro irmãos advogados. Mas alguns deles parecem não mais compartilhar das mesmas opiniões. Uma...