Eu estava quase na porta da minha sala quando Jaz me alcançou. Ele pegou meu cotovelo e me virou para ele.
- Você está bem ?
- Não - falei com sinceridade. Porque eu não estava.
Mesmo com meu pedido eu não me sentia bem sabendo que criminosos frequentaria aqueles corredores com disfarces de bons moços e injustiçados. Ou mesmo a ideia de qualquer um ali atendendo tais pessoas.... A ideia não se assentava. Não encaixava.
- Mas vai ficar tudo bem. Me parece que você pensou em algo.
Jaz colocou as mãos na minhas costas e me levou para o saguão, onde a bancada com cafezinho ficava. Eu tinha tomado tudo o café que eu comprara mais cedo, mas eu precisava de mais.
Jaz encheu duas xícaras e entregou uma a mim. Antes que eu pudesse responder Eloise parou o nosso lado, um cheiro de flores selvagem nos envolveu. Eu sempre amara a escolha de perfume de minha amiga. Mas aquele era meu preferido.
- Como foi ? Imaginei que você estaria cheia de mordidas - zombou ela, dando uma olhada no meu corpo.
- Muito engraçado - falei sem animação.
- Faltou muito pouco - concordou Jaz. - De acordo com Violet eles pareciam mesmo dois cães raivosos.
Os dois riram e eu até consegui abrir um pequeno sorriso.
Enquanto Jaz contava basicamente como fora a reunião eu bebi meu café e usei o tempo para assimilar tudo.
- Conte sobre seu pedido Lis - pediu Jaz.
Eu encostei no balcão, e assoprei minha xícara que eu tinha colocado mais um gole de café. Eu sempre bebia muito café quando estava chateada.
- Pense Jaz - falei. - As pessoas que trabalham aqui, metade é da época de papai. Trabalharam com ele e sempre seguiram seus costumes, papai conquistou essas pessoas.
Jaz e Eloise balançaram, juntos, a cabeça em concordância.
- Outra metade sempre seguiu nossos princípios alegremente. Você os conhece. Sabe que são pouquíssimos, ou arrisco dizer ninguém, aceitará atender o tipo de cliente que Ray quer - mas então acrescentei: - Bem, tirando Jean claro. E talvez Ray.
- Acha que Ray pode voltar aos tribunais ? - perguntou Jaz.
- Ele quis zombar de mim pela zona de conforto mas quem vive numa zona de conforto é ele. Faz anos que Ray não atende um cliente, duvido que comece agora - falei com convicção.
- Você tem toda razão - disse Jaz, agitando um dedo no ar. - Se for como você está dizendo então a decisão dessa mudança será completamente inútil.
- Isso é genial - elogiou Eloise.
- Eu fiz o que eu tinha que fazer, e o que eu podia fazer - argumentei.
- E as pesquisas ? - ponderou Jaz, enfiando as mãos nos bolsos.
- Você acredita mesmo nelas ? Faça suas próprias pesquisas e verá. E se nós nos atentássemos mais as finanças da empresa Ray não viria com aquela baboseira toda pra cima da gente - garanti.
- Você deu uma olhada - não era uma pergunta.
- Dei. E não tem nada de errado lá.
- Nunca esteve - complementou Eloise. Ela era chefe da contabilidade, podia dizer com mais propriedade que ninguém.
Me virei para ela.
- Eu deveria ter chamado você para reunião.
- Não me meta nesse rolo de família - ela estremeceu de leve.
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Flores para Lis
RomanceLis é uma das mais renomadas advogadas de sua cidade, com éticas de trabalho pessoais que conquistou a confiança de seus clientes, junto de seus outros quatro irmãos advogados. Mas alguns deles parecem não mais compartilhar das mesmas opiniões. Uma...
