O inverno chegou nos dois meses que se seguiu.
As temperaturas baixaram tanto que a neve não tardou a dar as caras, cobrindo os carros com uma camada fina de pó alvíssimo. Os telhados das casas agora pareciam abrigar um cobertor, e os jardins acumulavam grandes punhado de gelos assim como as ruas, as tornando escorregadias.
Os meses que se passaram fora uma completa loucura, tanto que os dias passaram tão rápido que eu mal havia notado.
O trabalho se tornara mais agitado que nunca, com processos e audiências pipocando a cada dia que se passava. Minhas visitas a EPDM se tornou mais frequente, tendo eu comparecido ao local por volta de quatro vezes na semana por meio período pelo menos, o que contribuiu mais pra pro trabalho dobrar de volume.
A campanha de divulgação de Rain e Eva lançaram o projeto a um novo nível. Eles fizeram fotos lindas do salão de trabalho, das salas de aulas e recreação e das mulheres que quiseram participar. Eva cuidou para que chegasse na internet e nas mãos de quem importava. E chegou. E podemos ajudar muito mais mulheres.
Rain pegara o habito de me mandar mensagens todos os dias com bom dia e encerrava o dia querendo saber com detalhes tudo que eu fizera, mesmo que fosse completamente entediante. A vida dele era bem mais agitada.
Aparentemente o trabalho que ele fizera em Hollywood impulsionou novos clientes a procurar por seu trabalho. Cliente esses que não ligavam para baboseiras da internet. Porque o questionamento corria solto. Por qualquer motivo que fosse alguém sempre fazia questão de lembrar o ocorrido, como se não quisessem que a notícia fosse esquecida.
Com o aumento de trabalho dele nossos encontros ficavam cada vez menores, tendo em vista que nos víamos somente na instituição e as vezes que ele levava Jude para me ver no escritório.
- Ela estava ansiosa para vê-la - ele dizia sempre.
O que era verdade, Jude cada vez parecia gostar mais de mim, e eu dela. Eu não sabia bem dizer exatamente o sentimento envolvido entre nós duas. Mas era algo grande. E vivo. Eu olhava para ela e só me sentia bem.
Mas eu ficava feliz em vê-la tanto quanto ficava feliz em ver o pai dela.
Depois daquele dia na minha casa Rain e eu não ficamos mais sozinhos por muito tempo, considerando que sempre estávamos acompanhados de Jude ou de outras pessoas. Porém ele adorava flertar pelo celular. E eu entrava na onda. Eram flertes discretos, mas não deixavam de ser. Eu me sentia como uma adolescente inconsequente de novo.
Mas gostava.
Começou ficar cada vez mais difícil esconder minha atração quando estávamos juntos. Quando eu via aquele rosto lindo e o sorriso de canto de boca. Quando ouvia aquela voz como ondas de mar, relaxante e deliciosa.
Quando ele sentava próximo demais a mim, nossas coxas se encostando. Ou quando ele me abraçava sempre que nos encontrávamos.
Eu não esperava sentir algo por alguém por muito tempo. Não que fosse realmente um sentimento. Era mais como algo que eu desejava demais. Rain despertava em mim os pensamentos mais sujos e deliciosos. Como não tinha há tantos anos.
Mesmo por Jean.
As vezes quando nos encontrávamos eu sentia minhas bochechas esquentarem ao lembrar de meus pensamentos. Dos meus dedos entre as pernas, massageando aquele ponto sensível até um orgasmo me atingir, com a voz de Rain nos ouvidos, dizendo que eu era bonita. Ou que estava bonita naquele dia. Na voz sussurrada que ele usava as vezes quando estávamos conversando perto demais.
O fato é que algo queimava nas minhas veias. Algo que eu não sabia mais se podia esconder. Mas que ao mesmo tempo sabia que era errado. Ter a amizade de um cliente era uma coisa. Flertar de brincadeira era uma coisa. Mas ir pra cama era outra bem diferente.
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Flores para Lis
RomanceLis é uma das mais renomadas advogadas de sua cidade, com éticas de trabalho pessoais que conquistou a confiança de seus clientes, junto de seus outros quatro irmãos advogados. Mas alguns deles parecem não mais compartilhar das mesmas opiniões. Uma...
