Música, encontro e flagrante

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"What else should I be?
All apologies
What else could I say?
Everyone is gay"

- All apologies

A infinidade de um objeto de valor se faz presente quando a memória abriga os detalhes de sua existencia, nada é efêmero se uma sombra permanece dançando acima de seu estômago sempre que aquela lembrança vem à tona. O infinito é a sensação de flutuar sem um caminho para seguir ou um lugar para chegar, não precisa ser empirico, ele é o que determinamos como eterno, ou como o que não precisa de fim, de destino.

E isso não é necessariamente bom, é um fenômeno detentor de uma beleza rara, mas não é o fruto da paz cautelosa. Algumas memórias são ruins, e a sensação de que permanecem eternas, a ideia de que aquele sentimento é infinito e a incerteza sobre pra onde ele te leva... Produz nós nos orgãos desalinhados de uma alma ansiosa.

Louis chegou em casa cansado, os seus pensamentos tinham peso e faziam sua cabeça doer. Ele entrou em casa de cabeça baixa e olhos opacos, sentindo que nunca seria capaz de esquecer o olhar de Harry, e seus gritos descontrolados.
Seus pais ainda estavam trabalhando e Caiden estudava em periodo integral, o que significa que a casa era todinha dele.

A não ser que Dean tivesse decidido ficar na cozinha como um idiota, pensou ele. O garoto de olhos castanhos estava sentado á mesa e rodeado de livros inuteis. Louis revirou os olhos ao entrar no cômodo, seguiu até a geladeira procurando por algo refrescante enquanto Dean parecia nem notar sua presença.

Ele se sentou ao lado de seu irmão mais velho com um bico nos lábios e as sobrancelhas franzidas.

As palavras de Peter ainda martelavam em sua cabeça e ele começava a se sentir patético pela maneira como reagiu às atitudes de Harry. Se sentindo ainda mais idiota por estar apaixonado pela pessoa que o desprezou, por ele ser um garoto, e arrogante.

Louis se perguntava como Dean conseguia, mesmo diante de seus problemas, sentar e grifar frases sobre teoria da relatividade como se sua vida ainda fosse fácil e perfeita.

Sem receber nenhuma atenção de seu irmão mais velho, Louis terminou de virar a lata de coca-cola que pegou na geladeira e subiu as escadas batendo os pés.

Ao entrar em seu quarto, ele tirou sua guitarra do guarda roupa e começou a tocar a música "All apologies" de sua banda favorita. O mais rápido e mais alto que podia, até que as notas entregassem ao ar suas frustrações, absorvendo todas elas em cada vibração das cordas do instrumento, e assim ele mordeu os lábios e sorriu. Mas não levou muito tempo para que sua tranquilidade chegasse ao fim...

- Louis! - Gritou Dean no andar de baixo - Abaixa isso! Eu preciso estudar!

Ele apenas aumentou o volume, e sorriu mais uma vez ao imaginar Dean bufando alto e desistindo de estudar toda aquela matéria chata. Pelo menos irritar seu irmão ainda estava na pequena lista de coisas das quais ele sentia que tinha algum controle.

Mesmo com a música alta ele não deixou de ouvir os passos raivosos que subiam as escadas.

- Louis! Que inferno! - Dean gritou ao abrir a porta do quarto.

Louis mostrou a língua, acelerando o movimento de seus dedos na guitarra, como se pudesse esfregar na cara de seu irmão que ele também podia ser bom em alguma coisa. Mesmo que Dean nunca tivesse estabelecido nenhum tipo de competição entre eles.

- Você estuda demais - Argumentou antes de dar as costas a ele, sem parar de tocar, e escutar o garoto bufar irritado.

- Por que não vai tocar na casa daquele seu amigo babaca como sempre?

I can't look up to the sky ☆ (l.s.)Onde histórias criam vida. Descubra agora