Livros, orvalho e roupa preta

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"Which came as a surprise
I spoke into his eyes
I thought you died alone
A long, long time ago"

- The man who sold the world

As férias passaram rápido demais, o verão se despedia e com o inicio de setembro Louis sabia de duas coisas, a primeira era que ele iria iniciar o segundo ano do colegial no dia seguinte, e a segunda era que as primeiras folhas começariam a cair, ele poderia recolher as mais bonitas para colar no caderno onde ele guardava sua coleção.

Cada outono lhe trazia folhas de diferentes tamanhos e cores, ele as guardava e assim poderia eternizar o valor que tinham quando estavam penduradas no alto das árvores, mesmo que já tenham sofrido sua queda.

No entanto, saber dessas duas coisas não era suficiente. Porque havia tanta coisa que Louis não sabia.

- No primeiro dia de aula a gente deveria jogar uma bola na cara dela - Disse Jack com o corpo espalhado pelo sofá enquanto tentava afinar seu baixo.

- Pra que isso! - Louis soltou uma risada fraca, tinha acabado de questionar aos amigos como seria ver Gwen mais uma vez.

- Deveriam ouvir o conselho dela e tentar amadurecer - Miranda comentou.

- E o que você ta fazendo aqui? - Perguntou seu irmão Brian e ela apenas revirou os olhos e voltou a ler sua revista.

Estavam todos na garagem deles, depois de um longo ensaio da banda. Ensaiaram ali durante as férias inteiras, onde havia espaço para os instrumentos, dois sofás velhos, uma mesa onde podiam comer ou escrever e o mais importante, Theodore tinha pichado todas as paredes de forma colorida e divertida, era um espaço deles.

- Eu não quero prolongar esse problema, espero que ela nem me veja.

- Está com vergonha por ter levado um fora? Ou porque ela te viu trombando com o garçom? - Perguntou Theo.

Louis deu os ombros incerto, tudo que ele podia se lembrar daquele dia era o jeito estranho que se sentiu perto daquele garçom, e como foi um imbecil com ele sem nenhum controle de suas palavras, talvez sua mente tenha focado naquele momento para que ele não se apegasse a dor que pensar em Gwen lhe traria.

Ele chegou a voltar lá pensando em pedir desculpas, porque ele não era o tipo de pessoa que quebra xícaras em um estabelecimento e vai embora sem pagar depois de xingar um funcionário. Seu pai é dono de um restaurante, ele sabia muito bem o quanto essas coisas eram chatas.

Talvez estivesse muito emotivo para lidar com aquilo aquele dia. E isso o levou a frente daquele café mais uma vez durante as férias.

Esse que talvez por obra do destino, ou simplesmente porque o dono achou que ajudaria na iluminação, tinha aquela parede de vidro.

Através dela Louis encarou mais uma vez aquele garçom, ele não sabia seu nome, odiava não saber porque ele apareceu tanto em seus pensamentos nos últimos dias, mas ele parecia entreter-se observando como ele limpava as mesas, com uma expressão neutra e um ar um pouco superior, impossível de se ler.

Infelizmente tomado pela timidez e pela vergonha, ele só foi capaz de ficar olhando do lado de fora... E não falou ou pensou mais no menino de pele branca, cachos castanhos, cheiro de chá, olhos verdes e sardas, o garçom que era todo lindo, na forma mais pura de se dizer.
Afinal, aos olhos de Louis o que é exatamente beleza? Aos 15 anos ele ainda estava descobrindo, alguns nunca descobrem. E ele nunca o veria de novo, então não precisava pensar sobre aquilo.

- Deveria pegar sei la, a melhor amiga dela - Brian, o guitarrista, sugeriu o fazendo voltar a realidade.

- Na verdade essa é a melhor ideia até agora - Observou o vocalista e todos riram.

I can't look up to the sky ☆ (l.s.)Onde histórias criam vida. Descubra agora