Febre, segredos e adoção

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"Hey, wait
I got a new complaint
Forever in debt to your priceless advice"

- Heart-Shaped Box

O resto de abril passou tão rápido quanto uma música, e o inicio de maio chegou conturbado na cidade de Greenwayfield.

Christopher suspirou cansado ao chegar na porta de sua casa, se preparando para entrar. Seus olhos sempre tão amenos e gentis, agora eram cadentes diante do meio da primavera, mas seu falso sorriso ainda oferecia graça e esperança enquanto ele destrancava a porta.

As últimas semanas haviam sido particularmente dificeis, Harry estava suspenso da escola por bater em um colega de classe, e a relação deles parecia caminhar para trás.

O bibliotecário limpou seus pés no tapete de entrada e caminhou até a sala, deixando suas chaves e carteira sobre a estante e levando seu olhar para Harry. Ele podia ouvir o ruído de seus fones de ouvido, que estavam altos demais, enquanto o garoto permanecia deitado sobre o sofá lendo um livro de poemas.

- Oi filho, eu vim almoçar com você - O homem proferiu tirando o casaco, mas Harry não reagiu - Filho?

Christopher revirou seus olhos e respirou mais uma vez, "a paciência é a chave" ele repetia em sua cabeça.

- Harry! - Gritou, finalmente obtendo a atenção do adolescente.

Harry virou o rosto em sua direção, franziu as sobrancelhas e se sentou um pouco desnorteado, enquanto arrancava os fones das próprias orelhas.

- O que veio fazer aqui? - Ele questionou então, com desprezo em sua voz.

- Almoçar com você - Christopher respondeu simplesmente.

- Eu não quero comer com você - Ele cruzou os braços, fazendo birra como uma criança, Christopher não reparou em como ele tremia sutilmente.

- Mas você vai, e vamos conversar - Determinou, indo até a cozinha em seguida.

O ruivo se levantou e seguiu o homem em passos que pareciam desenhar no piso a intensidade de sua raiva.

- Não Christopher! Porque você me trancou aqui eu quero que você vá se foder! - Ele gritou.

- Eu não te tranquei, estou te protegendo - Christopher argumentou de volta, ligando as bocas do fogão para esquentar a comida.

- Me protegendo do que?

- De você!

Harry ainda era poucos centimetros mais baixo do que ele, por isso ele não perdeu o momento em que o garoto recuou minimamente em um susto, antes de ficar na ponta dos pés para desafia-lo.

- Isso não faz sentido caralho!

- Significa que eu não te trancaria nessa casa se você não tivesse ficado uma semana suspenso por bater em um colega de classe e depois ainda aparecesse em casa bêbado nos dois primeiros dias de suspensão!

- O cara pediu por uma surra! E eu faço o que eu quiser!

- Não! Não mesmo garoto! - Christopher negou com a cabeça, assistindo quando Harry tocou o chão de novo com seus pés e franziu o cenho - Existem limites nessa casa! Você está proibido de sair e eu vou te forçar a obedecer! Já chega de ser bonzinho.

- Eu não tenho que seguir as regras daqui se eu não morar aqui! Então me deixa ir embora!

- Estou responsável por você e já coloquei grades nas janelas, então a resposta é não! - Christopher contrariou firmemente, mexendo a panela que continha sopa de tomate.

I can't look up to the sky ☆ (l.s.)Onde histórias criam vida. Descubra agora