Igreja, cama e bonito como o céu

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"Said: Why don't you stop your crying
Go outside and ride your bike?
That's what I did, I killed my toe"

- Silver

O poeta conhecido como Lord Byron escreveu certa vez, o ódio é de longe o mais longo dos prazeres: amamos depressa, mas detestamos com vagar.

Harry discordava dele, em sua visão, o amor era lento como uma pintura a pontilismo, e o ódio, tão rápido e natural quanto a luz.

Ele demorou tanto para amar, que Louis o odiou depressa, e demorou tanto para ser amado, que o ódio atravessou seu peito como a luz viajante de uma estrela cadente.

Ele até poderia tentar considerar que Louis disse da boca para fora. Mas quando você mesmo se odeia de verdade, faz muito sentido que todas as outras pessoas façam a mesma coisa.

"Procurando algo novo, deixarei o cabelo crescer comigo. Só para não mudar nada do passado.
Para apreciar companhia, vou passar mais tempo sozinho. Só para não deixar a solidão.
Vou mudar meu destino, roubar estrelas. Só para não esquecer do que sempre foi meu.
Quando a primavera acabar, vou colher flores. Só pelo hábito de não me atrasar.
No início do ano darei presentes e no fim, farei promessas. Só para cair no clichê
Quando meu coração bater forte demais vou te odiar. Só para não esquecer que te amo"

Harry assinou no fim da folha e colocou a data, 08 de abril de 1994. Embora não precisasse mais vender seus poemas, a sensação de escrevê-los ainda era como voltar a respirar, Harry era devoto as palavras e queria ser somente delas.

Ele fechou o diário com leveza, assim que alguém bateu em sua porta. Debbie entrou no quarto antes que ele pudesse ter a chance de dizer "entre".
Seu semblante cansado passou despercebido por ela, quando a garota suspirou dramaticamente e se jogou na cama, ao lado de Harry.

- Que dia chato! - Exclamou - Não vejo a hora de voltar para a escola...

- Segunda-feira está chegando - Ele tentou cortar o assunto, completamente desinteressado.

- Ainda vai ter todo o fim de semana - Ela reclamou.

- Vai passar rápido.

- A gente podia sair, não é?

- Não.

- Deixa de ser tão chato...

- Por que não volta a trabalhar naquela lanchonete e me deixa em paz? - Ele finalmente virou o rosto para ela, encontrando seus olhos castanhos tão entusiasmados.

- Porque já juntei o dinheiro que eu queria quando fui para lá - Ela se sentou na cama e inclinou o rosto, Harry continuava indecifrável - Você viu a câmera fotográfica que eu comprei? É de última geração...

- Uhum... Sei.

Debbie ficou em silêncio por alguns segundos, analisando seu irmão. Ele tinha olheiras marcadas e um olhar perdido e sem foco, seus dedos se mexiam sem parar sobre a capa do diário em seu colo e seu silêncio era denso demais. Ele parecia pensativo e ao mesmo tempo irracional.

- Por que está assim?

- Só estou cansado - Harry bufou, se levantando para guardar seu diário.

Ele começou a arrumar as canetas sobre a escrivaninha por cor, só para se ocupar com alguma coisa e não encarar sua irmã, Debbie o seguia com o olhar e deixava a preocupação tomar conta de seu rosto.

- Ei... - Ela chamou cuidadosa, arrumando sua postura - Ainda é por causa daquilo?

- Não! - Ele revirou os olhos.

I can't look up to the sky ☆ (l.s.)Onde histórias criam vida. Descubra agora