Curativos, sonho e memória destemida

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"I'm not like them
But I can pretend
The sun is gone
But I have a light"

- Dumb

Quando criança, Louis enfileirou seus sonhos em palavras dignas e honestas.
Ao crescer, aprendeu a se contentar com pequenas partes deles, envolto em uma frustração banhada de suas inseguranças. Ingenuidade que o fazia se diminuir sem querer, se conformar com o pouco que acreditava merecer.

Ele não sabia seu real valor, geralmente crescer te faz esquecer esse tipo de coisa, porque no mundo é difícil sustentar nos anos após a infância, alguma verdade que apenas você sabe.

A opinião dos outros passa a importar, as palavras se tornam mais difíceis de escrever porque a realidade te persegue, mas nunca perseguiu em sonhos de criança.

Aos nove anos ele escreveu o nome de sua futura banda, "memória destemida", e aos doze aprendeu a tocar guitarra... Aos quinze, ficou satisfeito quando escolheram o nome por ele, sem paixão.

Aos dezesseis, já não sabia mais se queria tocar. Teve seu coração partido, dispensando mais um sonho infantil... E refletiu de novo sobre o nome que queria para sua banda, ele era hipócrita.

Banhado em seu sangue ilusório, ele reconheceu sua covardia. Assumiu seu medo sentindo dor no nariz, enquanto sua mãe fazia um curativo e ele lutava para conter suas lágrimas.

Louis não possuía uma sequer memória destemida, isso realmente nunca passou de um mísero sonho de criança, ainda mais ingênua e inocente que ele em sua idade atual.

- Oh... Meu Deus, quem fez isso meu filho? - Amélia tinha os olhos preocupados, os toques trêmulos ainda que cuidadosos.

Seu filho do meio apenas fungou e permaneceu em silêncio, ela queria chorar com ele. Dean e George, sentados no sofá em sua frente, o encaravam com pena.

Ele chegou por volta da uma e meia da manhã, entrou no chuveiro sem pensar direito, o nariz sangrando, gosto de vômito na boca e completamente molhado pela chuva. O barulho acordou seus pais, e quando ele saiu do banheiro ambos o esperavam com semblantes preocupados, Dean acordou logo em seguida, quando a voz grave de George chamou o nome completo de seu irmão mais novo.

- Louis, o que houve? - Amélia perguntou mais uma vez, encarando-o profundamente dessa vez.

- Harry me bateu - Ele soltou de uma vez, os lábios tremendo quando as palavras os deixaram.

- O que? - Dean reagiu primeiro, se levantou possesso, imaginando inúmeros cenários em sua cabeça.

- Dean! Senta! - Louis ordenou, sem conseguir mais conter o choro desesperado - Por favor não odeie ele, por favor, por favor - Suplicou entre soluços que faziam seu rosto doer ainda mais.

- O que aconteceu? - O mais velho questionou com a voz mais grossa que o normal.

- Brian, Jack e Theo.

- O que? Ainda fala com esses meninos? - Amélia parecia mais confusa a cada vez que seus filhos abriam a boca.

- Eles armaram uma coisa, eles fizeram parecer que eu... Que eu menti para o Harry desde sempre, que eu inventei tudo, que era tudo planejado.

- E isso justifica ele ter...

- Eu não desmenti na hora! - A expressão de Dean se desfez, suas sobrancelhas se arquearam e sua boca se abriu - Eu não sei porque, eu não sei Dean... Eles bateram nele, eu não queria passar pela mesma coisa... E-eles estavam me olhando e Harry estava no chão e eu senti tanto medo.

I can't look up to the sky ☆ (l.s.)Onde histórias criam vida. Descubra agora