Virgindade, madrasta e capacete

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"Polly says her back hurts
And she's just as bored as me
She caught me off my guard
Amazes me the will of instinct"

- Polly

O brilho da lua cheia atravessou a janela da lanchonete no momento em que as nuvens finalmente se dissiparam. Do lado de fora, as luzes do letreiro colorido do estabelecimento piscavam esporadicamente, mas não era isso que estava incomodando os clientes do Dori's

Na verdade, em 15 de junho de 2001, o que aborrecia todas as pessoas dentro daquela lanchonete, eram as risadas altas de dois homens sentados em uma mesa no meio do salão.

- Ele não parava de gritar. Seus moleques! - Louis imitou - E aí a gente só saiu correndo - Relembrou com um sorriso, enquanto Harry cobria a boca com uma das mãos e ria alto com as boas memórias.

- Eu me lembro que tive que te ajudar a pular a cerca...

- Foi um dos momentos em que eu mais senti tesão na minha vida - Louis brincou, fazendo Harry gargalhar alto mais uma vez.

- E a gente poderia ter simplesmente comprado os girassois Louis! - Refletiu o ruivo.

- A gente não tinha dinheiro e muito menos juízo, e eu queria muito seguir você naquele dia... Muito! - Ele deu de ombros, usando o canudo de plástico para mexer seu suco.

A lanchonete tinha uma grande vitrine cheia de adesivos com promoções e avisos, o piso era todo de madeira e as cadeiras possuíam um tom de amarelo pastel. A iluminação era aconchegante como em uma biblioteca antiga, e o cheiro do ambiente lembrava a donuts frescos e um toque de suco de limão.

- Eu faria de novo - Suspirou - Eu nunca vou esquecer da cara de assustado que você tinha sempre que eu inventava alguma merda para gente fazer.

Louis mordeu os lábios levemente e segurou um sorriso.

- Mas eu sempre ia junto.

- Você sempre ia... - Harry apertou um dos guardanapos amassados sobre a mesa entre seus dedos - Se lembra de quando eu te levei pra me ajudar a furtar um mercado?

- Era sua compra do mês, eu me lembro de não dormir por umas três noites depois disso, esperando a polícia chegar na minha casa... Você me arrastava para cada uma - Louis riu, colocando a mão sobre os próprios olhos.

- Eu também roubava os presentes que eu dava para você.

- Ainda tenho aquele anel.

- Você jura?

Ele assentiu, e pegou a última batata frita restante em seu prato.

- Uau... Bem, você me dava flores então - Harry ergueu os ombros - Morreram.

Louis gargalhou alto mais uma vez, atraindo a atenção de mais clientes irritados ao redor deles. E Harry abaixou o rosto quando sentiu que estava corado.

- Meu pai nunca pode saber dessas coisas, ele ia entender... Mas querer me matar.

- Então ele colocou juízo na sua cabeça?

- Nossa e como - Harry arregalou os olhos e se arrumou na cadeira, antes de começar a contar - Ele é a melhor pessoa que eu conheço, me ensina tudo, sempre cuida de mim e me entende. Acho que ele é a pessoa mais paciente do mundo também, eu dei um trabalho do caralho para ele. Você deve imaginar - Harry balançou a cabeça - Ser adolescente já é uma merda, ser um adotado é pior e no fim, ainda era eu.

- As coisas eram complicadas naquela época, mas é muito bom te ver feliz como você sempre mereceu - Afirmou com a voz baixa, tentando evitar o peso com o qual tal declaração se apresentou inevitavelmente.

I can't look up to the sky ☆ (l.s.)Onde histórias criam vida. Descubra agora