Fliperama, garotas e ciúmes

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"Don't tell me what I wanna hear
Afraid of never knowing fear
Experience anything you need
I'll keep fighting jealousy
Until it's fucking gone"

- Lounge Act

Harry terminava de distribuir os pacotes de bolacha recheada pela prateleira mais baixa, agachado, tirando-os da caixa com cuidado e organizando enquanto escutava música.

- Menino! - Frank, seu chefe e dono do pequeno mercado de bairro, chamou - Tem algumas frutas maduras demais para vender lá atrás, vão estragar. Pode jogar fora ou levar para casa de novo se quiser - Disse ele pacientemente quando Harry retirou um dos fones de seus ouvidos.

- Tudo bem - Respondeu, voltando a organizar os produtos.

Ele sabia que eram quase cinco horas e um sorriso queria se formar em seus lábios quando ele pensava no fim de seu turno. Não estava nevando naquele dia, Louis o encontraria ali em alguns minutos e eles iriam para o fliperama.

Havia alguma coisa muito aliciante e bonita na ideia de sair com pessoas da sua idade sem ter para quem voltar para casa.

Sem fraldas para trocar, sem sua mãe precisando de companhia ou de uma bronca para levantar da cama nos piores dias, sem brigas, e sem medo de abrir a porta quando chegar, ele se sentia aliviado.

Entretanto, o sentimento era conflituoso e difícil de se sentir.

Harry mordeu os lábios quando a vontade de sorrir o venceu, em razão daquela pontada de culpa afligindo seu coração, porque era egoísta demais se sentir bem com isso, era cruel apreciar tal situação sem considerar como Lucy e Jane estariam melhores se ela fosse diferente.

Uma preocupação amarga que tornava sua pele tensa, mas ele estava empenhado em ignorar, se desculpando apenas com sua filha em seus pensamentos. Harry não sabia porque se sentia tão leve ao pensar que não precisava cuidar dela, ainda que a dor dilacerante de não tê-la por perto estivesse sempre presente.

É claro que ele cuidaria, sentia falta de cuidar... Era difícil entender suas emoções, era difícil seguir em frente.

Seus pensamentos foram interrompidos pelo som de um sino, que indicava a chegada de um novo cliente. Harry se levantou e levou seu olhar atento para a porta de vidro, enfeitada com inúmeros adesivos sobre promoções e anúncios.

Louis também o procurava quando entrou, e eles sorriram um para o outro ao se encontrarem no mesmo segundo.

- Eu te achei fácil, facil! - Se gabou Louis ao se esgueirar entre as prateleiras e alcançar seu namorado.

Supreendentemente, Harry o puxou para um abraço sem jeito, um tanto robótico ao enrolar os braços devagar na cintura dele, sentindo o cheiro de shampoo caro ao enterrar o rosto em seus cabelos. Louis se deixou ser apertado, colocando o nariz no ombro de Harry apenas quando não era mais possível manter distância, e tocando cautelosamente seus ombros.

Ele tinha cheiro de doces de padaria assados com um leve toque de café.

- Fácil? Tem certeza? - Harry zombou.

- Sim, dessa vez eu sabia exatamente para onde estava indo - Mentiu.

O ruivo separou o abraço e arqueou uma sobrancelha para o namorado, Louis não sabia andar naquele lado da cidade, sempre precisava de companhia para encontrar a casa de Harry ou qualquer estabelecimento em seu bairro.

I can't look up to the sky ☆ (l.s.)Onde histórias criam vida. Descubra agora