Abismo, abraços e cicatrizes

410 52 141
                                    

"I'm so warm and calm inside
I no longer have to hide, let's talk about someone else [...] Always knew it'd come to this, things have never been so swell
I have never failed to fail"

- You know you're right

- Não, absolutamente não - Disse Dean com os braços cruzados e uma expressão séria.

- Ah Dean! - Louis ralhou, batendo os pés como uma criança - Preciso desse tempo com ele...

- Mas Liam vai vir aqui, eu combinei com ele a muito tempo atrás - Argumentou o mais velho.

Eles estavam no corredor do segundo andar de sua casa, antes do jantar que faziam em família todas as noites. Caiden passou correndo pelos dois, com seu avião de papel e as janelas em seu sorriso, foi quando Dean puxou Louis para dentro de seu quarto, a fim de conversar em segurança.

- Diz que vocês precisam cancelar - Pediu Louis quando o outro bateu a porta - Ou que você quer muito ver a vovó, qualquer coisa.

- Você nunca se acostuma a ceder ou não ter o que quer, não é?

- Dessa vez não é sobre o que eu quero.

- Argh! - Dean bufou e revirou seus olhos - Até parece - Disse ele antes de se afastar e sentar em sua cama.

Louis girou seus calcanhares para seguir o irmão com o olhar.

- Eu juro mano

Ele juntou suas mãos em oração, pronto para implorar para que seu irmão concordasse em deixa-lo ficar em casa em seu lugar.

- Eu preciso muito que Harry esteja aqui neste dia, é sério.

- E por que você ver o seu namorado nesse dia é mais importante do que eu ver o meu? - Dean cruzou os braços novamente, o nariz franzido e um bico nos lábios.

Louis queria dizer que isso não era sobre ele ver Harry, era sobre Harry não ficar sozinho. Mas havia um dilema em seus pensamentos, já que uma promessa foi feita no dia em que ele leu o diário, uma promessa silenciosa que se concretiza em um beijo de amor. Ele não podia dizer ao seu irmão todos os segredos de Harry.

Era fácil ver o impasse em seus olhos, a fragilidade de seus ombros, a ansiedade extravagante de seus pés. Dean se perguntava o que havia de estar por trás de tudo aquilo, seria apenas mais um episódio egoísta de seu irmão deselegante? Ou era de fato importante?

- Liam não está sozinho, está? - Proferiu Louis olhando para os próprios pés.

A verdade é que havia um buraco em seu coração, um abismo profundo que o encarava e enviava sua escuridão sincera para o azul daqueles olhos ingênuos. Louis estava devastado, e tentava esconder isso a cada dia mais, pois Harry viria a afasta-lo se seus medos se tornassem visíveis, uma vez que ele não queria ajuda, não suportava misericórdia e abominava a pena.

E mesmo que tudo o que Louis estivesse sentindo passasse longe disso, ambos sabiam muito pouco sobre o amor para classificar tudo aquilo corretamente. O garoto se sentia perdido, e angustiado ao imaginar Harry em sua casa, cercado por todas as espadas que ainda escorriam seu próprio sangue, e sozinho para refletir sobre cada gota.

É claro que ele não sabia realmente como Harry lidava com seus problemas, e essa é a pior parte sobre conhecer as feridas de alguém, você olha para aquela pessoa e não consegue entender como ela parece tão bem, a dualidade do interno e externo faz com que tudo se torne imprevisível.

Os sorrisos mais belos são de todos aqueles que quebrados, encenam a risada mais perfeita, pois é como observar a felicidade com um telescópio, ter ciência dos detalhes e almejar sua essência como ninguém, assim como um fã de cinema reproduz as falas do Titanic sem nunca ter pisado em um navio.

I can't look up to the sky ☆ (l.s.)Onde histórias criam vida. Descubra agora