"Don't expect me to cry, don't expect me to lie, don't expect me to die"
- Jesus Doesn't Want Me For A Sunbeam
Ainda estava frio nas semanas que passaram, mas o inverno viria a se despedir logo. A escola tinha um aroma agradável de livros novos e poeira, Louis estava na porta de sua sala, exatamente como a neve sobre as calçadas das ruas de seu bairro.
Tocava o chão graciosamente, congelado no lugar e mesmo assim, aconchegante e admirável em sua aparência polida. Seus olhos azuis como promessas de amores antigos, e seu coração, vermelho como a intensidade de seus dizeres... Veneravam a mesma coisa.
Harry andava pelo corredor com aquele suéter, aquele que ele lhe deu de presente de natal, que costumava ser seu. O preto adornava seus olhos claros, como um toque singelo de sua autenticidade e resiliência, os cabelos ruivos com os cachos definidos como nunca antes em contraste com sua pele pálida, chamando mais atenção naquela sexta-feira de janeiro.
Era a primeira vez que Louis o via usar uma peça de roupa colorida.
Não haviam marcas em seu rosto, aquele cansaço familiar, o peso de suas pálpebras e a opacidade comum de suas sardas... Não havia nada naquela manhã.
Louis suspirou e manteve sua boca aberta, acompanhando o caminhar de seu namorado que usava os mesmos sapatos apertados de todos os dias, que machucavam seus pés e não podiam ser substituídos. Entre seus dedos, a jaqueta verde musgo de seu falecido pai, depositada sobre um de seus ombros. E na outra mão, um skate gasto e leal.
Ele se aproximou, cordial, e sorriu sem dentes ao perceber o estado de Louis enquanto o observava.
- Bom dia abelinha - Ele proferiu, ainda que sério, e Louis se derreteu em um sorriso enorme e maravilhoso.
- Bom dia - Respondeu então, incapaz de desmanchá-lo - Você está atrasa...
- Por que está me olhando desse jeito? - Questionou, interrompendo-o.
- Como? Apaixonado? - Disparou sem vergonha nenhuma.
- Na-não eu... Você está me olhando estranho! - Harry levantou sutilmente sua voz, as bochechas queimando, ele encostou seu skate na parede ao lado de Louis e o encurralou - O que foi? - Tentou mais uma vez, em tom de ameaça.
Será que ele não sabia que isso só deixava Louis ainda mais atraído por ele? Se Harry se concentrasse, ele poderia ver estrelas explodindo nas pupilas de seu namorado.
- Você está lindo, e é a primeira vez que te vejo usar colorido - Explicou mordendo os lábios, desejando secretamente que Harry se aproximasse um pouco mais.
- Ah eu sabia - Ele reclamou, revirando seus olhos e sorrindo de lado em seguida - Não é nada demais Louis.
- E não dá para ver nada - Ele segredou em garantia, tocando os braços de Harry quando ele os cruzou e enrolou a jaqueta em seus pulsos, escondendo-os a frente de seu corpo.
- Obrigado - Disse com vontade de rir, Louis não o entendia realmente na maioria das vezes, mas ele se sentia tão compreendido quando o outro tentava se adequar a seu mundo...
Ele mantinha a luz do farol acesa, como uma vela em uma igreja, como a pintura de uma foto que não se entende de verdade... Harry via as cores e apreciava a imagem com devoção, ele ajoelhava diante de sua arte e venerava as pinceladas delicadas que queria proteger, doando seu coração para cada detalhe feito minuciosamente, mas ele não entendia a sensação, ele não estava na foto, ele nunca esteve naquela memoria, ela era tão distante quanto o farol, tão antiga quanto as velas que nunca mais foram acesas.
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I can't look up to the sky ☆ (l.s.)
Fanfiction[EM ANDAMENTO] Em 1993 Harry Frédéric Styles não conseguia pensar em algo que pudesse mudar a sua vida monótona, ele é um garoto solitário que vende suas composições tentando solucionar todos os problemas que vivencia dentro de casa. Mas quando co...