Ódio, súplica e coragem

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"And if you cut yourself
You will think you're happy"

- Sappy

- Você tem certeza que não quer ir ao hospital?

Harry soltou a maçaneta da porta do carro e se virou para Christopher com as sobrancelhas franzidas.

- Para que?

- Porque você está machucado Harry, não está com dor?

- Se eu não quebrei nenhum osso importante eu vou pro hospital para que? Perda de tempo - Pontuou.

- Harry? Você está cheio de hematomas...

- Que gracinha - Harry riu - Você acha que isso é grave - Observou com um sorriso, antes de abrir a porta e finalmente sair do carro - Até segunda...

- Até segunda seu maluco! - Disse Debbie - Não ouse faltar a reunião.

- Eu vou pensar - Afirmou ele, destrancando a porta de sua casa.

Harry conseguiu ouvir o carro saindo antes de entrar, respirou fundo ao reconhecer a penumbra de sua sala de estar pela manhã, eles não tinham o costume de abrir as janelas, até porque a casa já era fria o suficiente.

Jane desceu as escadas, ele ouviu o ranger dos degrais e revirou os olhos, caminhando até o sofá.

- Finalmente! - Ela exclamou - Podia ter avisado que iria passar a noite fora depois do trabalho! Eu fiquei te esperando.

- Por que? O que você queria ontem? - Ele se sentou, sua mãe parada de pé a sua frente - Eu não vou mais comprar bebidas para você, está na cara que eu sou menor de idade e isso só faz todo mundo encher meu saco e nunca me dar nada.

- Se fosse para o Louis você faria, mas para mim você não faz mais nada nunca - Ela dramatizou, o fazendo revirar seus olhos verdes.

Isso se tornou comum, e também uma das razões pelas quais ele não quis voltar para casa na noite anterior, tudo sobre Louis se tornou uma grande arma na mão de Jane para alfineta-lo.

- Você é louca, meu Deus... - Ele se levantou, passando por Jane para ir até seu quarto.

- Onde dormiu ontem? Me deixou sozinha, e apanhou de quem?

- Não é da sua conta - Comentou subindo os primeiros degrais das escadas.

- O que você fez hm? - Ela provocou, uma expressão séria e os braços cruzados enquanto observava os hematomas de seu filho - Pelo menos bateu também?

- Eu tenho sempre meu canivete comigo - Disse ele, sorrindo com raiva antes de chegar ao segundo andar.

Ele se jogou na cama, se enrolou nos lençóis e agradeceu pelo silêncio. Não haviam mais lágrimas para ele chorar, apenas uma grande dor de cabeça e um vazio no peito.

Harry não levantou da cama até a tarde de domingo, e se sentiu febril quando saiu de casa para comprar pão.

Os pássaros deixaram os galhos das árvores, levaram as flores em seus bicos. Tudo parecia tão frágil aos olhos dele que a brisa fraca da estação parecia o suficiente para cortar sua pele.

I can't look up to the sky ☆ (l.s.)Onde histórias criam vida. Descubra agora