Convite, luzes e recaída

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"Sloppy lips to lips.
You're my vitamins.
Cuz' I like you"

- Drain you

O quarto estava escuro, Louis abriu seus olhos devagar e a primeira coisa que ele sentiu foi o cheiro de Harry. Estava diferente de como sempre foi, mas era inconfundível, era o cheiro dele com um toque novo de amaciante e uma distante essência de framboesa.

Louis sorriu, se mexendo na cama e abraçando o cobertor quentinho que estava em cima dele, exceto que não era um cobertor. Então o garoto despertou de uma vez e tentou enxergar onde estava, cabelos ondulados entre seus dedos e a respiração de Harry em seus ouvidos.

- Merda! - Ele sussurrou enquanto tentava se afastar, traía cada célula de seu corpo, que parecia implorar para que ele puxasse Harry para mais perto e o acordasse com beijos gentis. Mas ele não tinha mais esse direito.

Quando o ruivo se mexeu minimamente, Louis voltou a ficar parado, praticamente prendeu sua respiração como se isso pudesse anular sua presença. Mesmo assim, Harry acordou lentamente, e ao encontrar o verde de seus olhos banhados pelo único raio de sol que passava pela fresta das cortinas, Louis sentiu o peso das estrelas caindo do céu.

Era um grande espetáculo, o desmoronar de todas as nuances que eles construíram, a frieza tão falsa com que Harry se levantou da cama com pressa demais, o susto que ele não conseguiu esconder e o frio na pele de Louis quando ficou sozinho entre os lençóis. Então ele também se levantou perdido, virando as costas para Harry imediatamente.

- Por que você dormiu tão perto de mim? - Harry esbravejou - Você não pode...

- Eu não fiz de propósito! E era você que estava em cima de mim! - Louis rebateu, ainda de costas para ele.

Mas era como se Harry pudesse ver sua expressão, o nariz franzido e os olhos marejados, os lábios trêmulos e o arrependimento em suas púpilas. Ele podia ver o quebrado através de seu esqueleto, era como tinta néon sobre as paredes de um quarto escuro.

Harry não estava arrependido, talvez apenas de acordar, ele queria cuidar de Louis, por mais que o odiasse. E ele não se importava mais em se humilhar para receber algumas doses pequenas de amor. Porque se parasse para analisar, foi isso o que ele fez a vida inteira, e tinha aprendido a aceitar o que merecia e o que sabia que conseguiria sendo quem era.

Se sentir um idiota sem valor não mudaria muitas coisas no seu cotidiano, mas o som do coração de Louis batendo tão perto de seu rosto mudaria coisas demais, e ele queria cada uma delas.

No entanto, ainda havia o timbre grave de seu orgulho e de sua raiva gritando com cada parte dele que desejou voltar para aquela cama e implorar para que Louis o segurasse de novo.

A guerra de suas emoções foi o que deixou suas bochechas vermelhas e o fez apertar seus punhos

- Saí daqui agora! - Gritou, tampando seus ouvidos em uma tentativa de silenciar seus pensamentos em conflito.

Na sala de estar, Christopher ouviu sua voz e se levantou. Eram por volta das nove da manhã daquele domingo, as aulas voltariam no dia seguinte e tudo o que o bibliotecário precisava era de um último dia de calmaria antes de ter que voltar a separar brigas entre adolescentes.

- Acho que eles acordaram - Ele proferiu, deixando sua xícara de chá sobre a mesa de centro, Amélia fez a mesma coisa antes de seguí-lo pelo corredor.

Os dois podiam ouvir o volume das vozes de seus filhos aumentando.

- Você não pode simplesmente colocar a culpa em mim e me expulsar! Você disse que eu podia dormir aqui! - Louis gritou, depois de finalmente reunir coragem para encarar Harry.

I can't look up to the sky ☆ (l.s.)Onde histórias criam vida. Descubra agora