| Caio |

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Passei pela porta de Igor esperando ter um vislumbre de Antonella. Dormir sem ela na noite passada foi solitário. Senti falta do seu cheiro, do seu corpo sob o meu, e até das pancadas que ela me dava pela madrugada com o gesso quando tentava se virar na cama. 

- Antonella e Carina estão almoçando com Beth - Stefano falou quando me viu entrar. Ele estava sentado com um Ipad no colo de frente pra Igor que acenava. 

- Senta logo que eu estou com fome - Igor falou abrindo as caixas de Yakisoba em cima da mesa de reuniões privadas da sua sala. 

- Fico lisonjeado pela espera - falei fingindo falsa surpresa e me adiantando para que essas duas dragas não me deixassem sem comida - Alguma novidade?

Sim, estávamos investigando a vida de Antonella. Liguei pra eles ontem a noite e começamos a procurar por respostas sobre quem poderia querer machucá-la. Obviamente tive que assinar um acordo dizendo que, se ela descobrisse sobre isso, eu seria o único a ter as minhas bolas chutadas. Eu mesmo cortaria as minhas próprias bolas se algo acontecesse com a minha mulher porque eu fui idiota em não a proteger. 

- Becos sem saída - Stefano falou virando o Ipad pra mim - Ninguém com comportamento suspeito por aqui. O que me faz pensar que, quem estava na sala de arquivos, entrou quando percebeu o ponto cego. Pode ter sido alguém de fora que teve sorte. 

- Outra coisa - Igor falou limpando a boca com o guardanapo - Beth disse que ela e Antonella são amigas desde a infância, mas Beth não cresceu aqui e todos os documentos de Antonella dizem que ela é nascida e criada nessa cidade. 

- Com toda a certeza os documentos de Antonella são originais - Stefano falou diante da minha cara de interrogação - Como ela e Beth se conhecem desde a infância se, aparentemente, são de cidades completamente diferentes?

- Ela está fugindo - constatei o óbvio me recostando na cadeira e observando as janelas de vidro a minha frente - Mas fugindo do que? de quem? por que?

- Consegui ver algumas fotos da minha esposa essa madrugada - Igor falou retirando o celular e me entregando - As fotos que elas têm juntas começam desde os 6 anos de idade, e deixo claro que minha Beth é muito linda desde sempre, mas param quando chegam aos 14 anos. Depois disso, Beth não tem muitas fotos e Antonella não está em nenhuma delas. Bom, não estava até 3 anos atrás. 

- As referências no currículo dela são seguras e verdadeiras - Stefano falou enrolando o macarrão no garfo - O ensino médio foi concluído à distância, o que nos dá um interrogação sobre esse período da adolescência. A faculdade de administração foi concluída de forma presencial aqui na cidade, e com honras. 

- Quem seria alertado se investigássemos sua identidade? - perguntei me virando pra Stefano.

- Como são documentos originais, quem os fez e quem os autorizou - respondeu - Como ela está fugindo, não demoraria para a polícia chegar a nossa localização. Se fizermos perguntas as pessoas erradas, podemos colocar Antonella em perigo ou pior, entrega-la de bandeja. 

- Porra - falamos os três ao mesmo tempo. 

- Manterei meus ouvidos atentos a qualquer movimentação suspeita com a polícia - Stefano falou quebrando o silêncio - Já temos três homens a seguindo em uma distância segura. Como não sou idiota, Carina também está sendo seguida. 

- Beth também, então elas estão bem - Igor pontuou - Lá vem elas. 

Igor apontou para as três que caminhavam na calçada em direção a entrada da empresa. Antonella estava com os cabelos presos em um rabo de cavalo. Usava uma blusa vermelha de mangas longas, com a tipoia preta no lugar, uma saia cinza justa que ia até os joelhos e saltos pretos. A mulher estava um pecado. 

[Série: Rendidos 01] SubestimadaOnde histórias criam vida. Descubra agora