| Antonella |

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O comandante abriu a porta e passou na minha frente. Segui atrás dele, assim como fratello ao meu lado. Sentei na cadeira indicada por eles e olhei para o promotor a nossa frente.

Não me foi dito muito sobre todos os casos que o Marcos estava sendo julgado. Mesmo sabendo que eu havia entregado muita coisa a eles sobre o desgraçado e seus comparsas, o promotor apenas me informava superficialidades. Primeiro, não era seguro que eu soubesse; e segundo, ele precisava das minhas emoções claras para o júri. 

Fora isso, cada uma das pessoas presentes nessa sala sabia mais do que eu. 

- Senhorita Bellini, há quanto tempo está fugindo do seu tio? - perguntou apontando para o infeliz.

- Desde que ele foi preso - respondi me negando a olhar na direção do infeliz.

- Mesmo preso, ele tinha conexões para encontrá-la? - perguntou se aproximando.

- Sim - respondi e engoli em seco antes de continuar - Recebi ameaças ainda no hospital. Dois agentes federais foram baleados no dia em que recebi alta.

- Senhor juiz, evidências 14 e 15 - entregou dois cadernos ao juiz e apontou para o segurança ligar a televisão.

Eram vídeos do ataque que sofri e do socorro prestado aos agentes.

- Mesmo preso esse homem foi capaz de ordenar um ataque a própria sobrinha - apontou para Marcos que me olhava friamente - Nossa legislação não permite prisão perpétua, coisa que ele merece, mas nossa legislação permite a extradição de um estrangeiro. O senhor Bellini está preso por crimes contra a vida, tráfico humano, tráfico de drogas, facilitação de abuso infantil, e muito mais. O que falta para extraditá-lo?

Parecia que estávamos no fim de tudo isso. Desviei meus olhos a procura de Caio e o encontrei com um sorriso no rosto.

Conseguimos.

A esperança de que tudo isso acabaria agora mesmo estava surgindo através de mim. Finalmente aquele monstro pagaria pelo que fez a minha família e eu poderia ser eu mesma novamente. Eu poderia ter a minha própria família em segurança. 

Inconscientemente leve minhas mãos a minha barriga. Nossas filhas estariam seguras, nós estaríamos seguros. 

Sorri para Caio antes de assentir e voltei a prestar atenção ao que o promotor falava. O Petrova tentava argumentar, mas suas linhas de defesa eram infundadas. Era como se ele estivesse querendo comprar tempo. Olhei para Marcos e ele sorriu. O mesmo sorriso que deu quando disse que transformaria a minha vida em um inferno. 

Eu estava certa.

Ele ia tentar algo. 

Seus olhos desceram para a minha barriga e congelei no lugar sabendo que eu mesma havia entregado minha gestação de bandeja. 

Um minuto depois e tudo parecia cair por água abaixo. O som de pessoas gritando ao lado de fora do corredor era perceptível e cada vez mais nítido. Todos os que estavam dentro daquela sala começaram a ficar inquietos. O juiz pedia por silêncio enquanto batia o martelo incansavelmente sobre a bancada de mogno. Os seguranças tentavam acalmar as pessoas do júri que já tentavam sair pela porta lateral.

 Stefano segurou meu braço firmemente tentando me por de pé, mas as minhas pernas não me respondiam mais. Desviei meus olhos de Marcos e procurei Caio através da aglomeração de pessoas que tentavam entrar e sair da sala ao mesmo tempo, mas não o encontrei. 

Toda a esperança que eu havia sentido momentos atrás, agora ruía sob os meus pés. 

- Precisamos ir, Antonella! - a ordem era clara na voz de Stefano. Já não era o amigo, mas o policial. 

[Série: Rendidos 01] SubestimadaOnde histórias criam vida. Descubra agora