| Antonella |

275 42 1
                                    

- Tem certeza de que não quer um pouquinho? - perguntei antes de enfiar uma generosa fatia do pão com arroz doce e pedacinhos de brownie na boca - Hummmm.

- Não, obrigado - agradeceu e vi seu rosto franzido para a gororoba que eu estava comendo no café da manhã. 

Estávamos sentados, um de frente para o outro, na mesa de jantar que ficava na lateral direita da sala de Caio. Era a primeira vez que sentava aqui e achava que era a dele também. O homem preparou um baita café da manhã, mas meu estômago/nossas filhas só queria a gororoba. 

- Você não sabe o que está perdendo - falei depois de mastigar toda a comida e ele sorriu pra mim. 

- Fico feliz que pelo menos isso você consiga comer - falou antes de comer a torrada com ovos. 

- E a sua lasanha - falei antes de beber metade do copo de suco de laranja - Mükemmeldi. (estava perfeita).

- Eu realmente preciso aprender todas essas línguas - falou sorrindo e se recostando na cadeira com a xícara de café na mão. 

- Eu acho que sou uma ótima professora - falei me recostando e bebendo o café em uma mini xícara que ele trouxe pra mim. 

- E como eu falo 'bom dia, meu amor' em turco? - perguntou se levantando da cadeira em que estava e arrastando a que estava na cabeceira para o meu lado. 

- Günaydin, aşkim - falei bem perto do seu rosto e vendo seus olhos se prenderem em minha boca. (bom dia, meu amor).

- Güna.. dan? - murmurou e achei uma graça o seu esforço. 

- Günaydin - repeti lentamente para ele. 

- Günaydin - repetiu com a pronúncia correta.

- Çok güzel - parabenizei-o. (muito bem). 

- Você soa sexy pra caralho falando em turco - falou se aconchegando em meu pescoço - Ouvi-la falando em italiano, nem se fala. 

- Tu devriez ècouter mon français - falei e ouvi Caio rosnar daquele jeito sexy que molha até as minhas calcinhas. (deveria ouvir o meu francês).

O plim do elevador soou e Caio se levantou bruscamente da cadeira em estado de alerta. 

- Não estava esperando alguém? - perguntei me sentindo tensa.

- Não - respondeu e foi em direção ao corredor com uma faca na mão. Caio olhou cautelosamente para o corredor e relaxou logo em seguida. 

- Quem é? - perguntei baixinho e olhando para o pijama que eu usava. Basicamente uma camiseta cinza de Caio e um short doll vermelho. Ele estava com uma bermuda de moletom preta e uma regata cinza. 

- An... - murmurou olhando em minha direção e depois de volta para o corredor - Mamãe? papai? Que surpresa!

Oi?!

- Oh querido, viemos de surpresa mesmo - uma senhora com aproximadamente a mesma altura que eu apareceu no final do corredor e abraçou Caio. 

Ela tinha os cabelos castanhos escuros iguais aos de Caio e estavam presos em um penteado elaborado. Usava um vestido de verão azul soltinho e sem mangas, com um par de saltos. Aparentava estar na casa dos 50 anos. 

- Notei, mamãe. Desculpe por não ter ligado - Caio falou afastando-se do seu abraço e abraçando um senhor pouca coisa mais baixo do que ele. 

- A missa acabou um pouco mais cedo e viemos vê-lo - o senhor falou retribuindo o abraço. 

- E quem é você, minha querida? - a mãe de Caio perguntou sorrindo e me notando. Eu não fazia ideia do que responder. 

- Dona Ana, seu Davi, conheçam a minha namorada, Antonella - Caio falou gesticulando o braço em minha direção. 

[Série: Rendidos 01] SubestimadaOnde histórias criam vida. Descubra agora