| Caio |

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Vi o exato momento em que toda a esperança dava lugar ao puro pavor dentro de Antonella.

Seus olhos saíram de mim para o bastardo do Marcos, e no segundo seguinte o tumulto de vozes começou ao lado de fora.

Eu havia confiado a vida da minha mulher e das minhas filhas a Stefano, e sabia que ele as protegeriam, que as manteriam seguras e a salvo, mas nesse momento era eu quem deveria estar ao lado delas.

Quando as pessoas ao nosso redor começaram a levantar e a tentar sair da sala, tentei tomar a direção contrária e ir até Antonella.

Os seguranças formaram uma barreira para impedir que qualquer pessoa ultrapassasse a divisória que ficava atrás dos assentos dos advogados. Tentei argumentar e passar por eles, mas não consegui. Procurei Antonella com os olhos e vi o exato momento em que Stefano a levantava nos braços e ela procurava por mim na multidão.

- Que porra ele pensa que está fazendo?! - o idiota do comandante seria um homem morto assim que eu colocasse as mãos nele.

Todos os agentes responsáveis pelo transporte de Antonella formaram um círculo apertado para tirá-la da sala. A claustrofobia, babacas!

- Caio! - Igor chamou atrás de mim em meio a gritaria exacerbada ao nosso redor.

Procurei por ele atrás de mim e o achei perto da porta, contra a parede, apontando para os três homens armados que entraram no local. Beth e Carina estavam amedrontadas atrás dele.

- Desgraçado! - o bastardo que entrou na sala como se fosse o dono, foi quem puxou a escada para Antonella cair.

- Ordem no tribunal! - gritou com desdém enquanto disparava uma arma automática para o alto.

A gritaria foi diminuindo gradativamente diante do horror a nossa frente.

- A minha caixinha de tesouros está por aqui? - perguntou andando por entre as pessoas que se abaixavam - Não vou perguntar novamente.

Os homens que entraram com ele começaram a apontar para o chão em uma ordem silenciosa. Deitei, seguindo o exemplo e o olhar de advertência de Igor.

- Os agentes a levaram - pela primeira vez ouvi a voz do Marcos. O sotaque italiano era evidente - Agora me tire daqui.

- Sabe, acho que vou rever nosso acordo - falou pulando a divisória e se aproximando do Marcos - Não vejo benefício algum em manter você por perto, sabendo que quem tem o dinheiro é a garota.

- Esse não era o nosso acordo - rebateu e vi as veias em seu pescoço saltarem enquanto seu rosto ficava vermelho de raiva.

- Acordos mudam e gosto de ter benefícios - falou e disparou na cabeça de Marcos que caiu sem vida no chão.

Caralho!

- Apenas um aviso para que vocês saibam que não brinco em serviço - Falou como se não tivesse acabado de matar um homem na frente de várias testemunhas.

Senti minha camisa ser puxada com força e me pus de pé.

- Achei o meio do caminho para aquela gostosa - o bandido atrás de mim se vangloriou.

O ódio, por ouvir suas palavras dirigidas a minha mulher, foi maior do que qualquer outra coisa e apenas reagi.

Dei um cotovelada em seu rosto e um gancho de direita certeiro que o tinha de joelhos, gritando de dor, e tentando segurar o sangue que escorria de seu nariz e boca. 

- Ninguém fala assim da minha mulher, seu filho da puta - vociferei com a súbita vontade de esmurrá-lo novamente. 

- Ora, ora, ora, se não é o homem do ano - antes que eu avançasse sobre o desgraçado, senti o cano da arma em meu pescoço - Deixe que eu me apresente primeiro, senhor Guerra. Sou Leonardo Cortês, o homem que a partir de agora será dono de toda a fortuna da Bellini. 

[Série: Rendidos 01] SubestimadaOnde histórias criam vida. Descubra agora