| Antonella |

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O jantar estava divino. Caio não sabia se virar na cozinha, ele a dominava. Eu me considerava uma cozinheira de mão cheia, mas com toda a certeza havia sido superada. Ele deu o jantar a Bia que comeu tudo apreciando-o como eu.

Após o jantar, nos sentamos no sofá assistindo o novo desenho favorito da Bia, O clube das Winx. Nesse momento, Caio massageava meus pés doloridos pelas longas horas de salto e Bia estava sonolenta e aconchegada entre os meus seios. Havia tomado banho junto com ela e usava um par de pijamas azul claro de tecido.

Não conversamos. Palavras não eram necessárias nesse momento. Quando mencionei 'filhas' mais cedo, eu sabia que ele seria um bom pai. Caio tinha instinto protetor e era muito cuidadoso com Bia. Era admirável. 

Um momento depois meu celular apitou e Caio o pegou me entregando. Era uma mensagem de Carina avisando que a aula terminou mais cedo e estava estacionando o carro lá fora. 

- Minha princesa? - chamei Bia que já estava com os olhos fechados - A sua mamãe chegou.

Bia coçou os olhos e se sentou no meu colo. Caio estendeu os braços pra ela que foi de bom grado. Levantamos, recolhi as coisas da pequena e saímos do meu apartamento. Ele não entregou Bia à Carina e subiu os degraus até o andar de cima. Minha amiga abriu sua porta e ele entrou indo direto para o quarto de Bia. 

- Obrigada, Antonella - agradeceu me abraçando - Espero que ela não tenha dado trabalho.

- Minha sobrinha não dá trabalho algum - falei retribuindo seu abraço e entregando a mochila e o presente que Caio havia dado.

- Eu não sei onde vou colocar tantos presentes - falou rindo e apontando para o par de Barbie's gigantes que vinham com uma coleção de vestidos de festas. 

- Isso por que você não sabe o que Stefano está aprontando - Caio falou se aproximando. 

- Muito obrigada - agradeceu apontando para as bonecas - Bia ainda nem abriu todos os presentes que Igor deu semana passada. 

- Ele vive dizendo que são da Beth, mas já o peguei comprando on-line diversas vezes - comentei e rimos. Despedimo-nos de Carina e descemos de volta ao meu apartamento. Caio estava lavando a louça que usamos e eu estava sentada no sofá vendo-o se mover em minha cozinha. As portas de vidro estavam abertas e entrava uma brisa leve no ambiente. 

Estava na hora. 

- Podemos conversar? - perguntei quando ele enxugou suas mãos e se sentou ao meu lado no sofá. 

- Sou todo seu - respondeu passando o braço sobre esquerdo pelo encosto do sofá. Me virei ficando de frente pra ele. 

- Você falou muitas coisas bonitas nos últimos dias - Caio sorriu convencido e piscou - Mas eu não posso dizer te que estou perdidamente apaixonada por você, sem contar que você pode correr perigo por causa disso. 

Vi seus olhos irem de felicidade à incompreensão e depois ficarem preocupados.  

- Eu cresci em um lar rodeado de amor e proteção, mas tudo isso foi arrancado de mim por alguém que só tinha olhos para o dinheiro e maldade - comecei - Desde então venho sobrevivendo com medo da minha própria sombra e sem saber se vou estar viva no dia de amanhã.

- O que está acontecendo? - perguntou alerta.

- Eu tinha 14 anos quando tudo aconteceu - continuei sob seu olhar e ignorei sua pergunta - Meus pais programaram as férias daquele ano para a casa de campo. Saímos de casa no meio da tarde e os gêmeos eram os motoristas da vez. Eu, mamãe e papai estávamos no banco de trás. 

- Não precisa continuar se não quiser - falou secando uma lágrima que escorreu dos meus olhos. 

- Eu nunca falei disso com ninguém - olhei pra Caio - Nem a Beth sabe dos detalhes sobre tudo o que vou te contar agora. 

[Série: Rendidos 01] SubestimadaOnde histórias criam vida. Descubra agora