| Antonella |

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O dia teria sido completamente perfeito, se não fosse por aquela mensagem. Eu não iria olhar, mas a barra de notificação desceu naquele instante e dava pra ler a mensagem toda por ela. A galinha depenada estava se insinuando para o meu homem. 

- E ele ainda teve a audácia de dizer que eu estava com ciúmes! - falei irritada antes de enfiar um pedaço da picanha na boca e começar a mastiga-la. Meu sangue estava fervendo.

Não saí da cozinha desde que chegamos. O cheiro da carne sendo assada na churrasqueira era delicioso e a noite estava fresquinha lá fora, mas eu não queria olhar para a cara de Caio nem tão cedo. 

- Quer ajuda para depena-la? - Beth perguntou lambendo os dedos após mastigar o pão de alho. 

- Beth?! - Carina chamou sua atenção e se voltou pra mim - Isso são os hormônios, Antonella. 

- O problema é ele - falei choramingando e pegando um pedaço do pão de alho - Ele é lindo demais, é gosto demais, é educado demais. Tudo nesse homem é demais. 

- Até o...? - Beth perguntou de olhos arregalados e Carina quase se engasgava com o refrigerante.

- Sim, é ainda melhor porque ele sabe usar o que tem - falei perdida em lembranças dessa manhã - Droga!

- Sorella? - Stefano chamou entrando na cozinha com a tábua de carnes e a deixando sobre a ilha - Uma oferta de paz? 

Ele e Igor estavam se revezando para trazer as carnes e as bebidas frias, no meu caso apenas suco. Quando Caio tentou entrar pela primeira vez, comecei a chorar e a jogar as almofadas nele. As meninas o expulsaram do cômodo e ele não tinha tentando entrar novamente. 

- Che ne dici di ali di pollo arrosto? - perguntei serrando os olhos em sua direção e enfiando outro pedaço de carne na boca. (que tal asa de franga assada?).

Stefano engoliu em seco e saiu da cozinha quase correndo. As meninas caíram na gargalhada e revirei os olhos. 

- Queria saber se fosse com vocês - contestei e Beth franziu as sobrancelhas. 

- Você viu a foto dela? - perguntou apoiando os cotovelos sobre o mármore e Carina olhou entre nós assustada sabendo que vinha algo por aí. 

- Estava pequena. Só deu pra ver a cor do cabelo oxigenado, o batom vermelho e o silicone - só bastou lembrar para as lágrimas turvarem minha visão. 

- Melissa Vale! - afirmou batendo uma mão sobre a ilha e me apontando um dedo - Foi a puta que também fez negócio com Igor. Essa siliconada só faltou pular no colo dele. 

- Ai que vontade de depenar uma galinha - falei substituindo as lágrimas pela raiva.

- Você viu se ele respondeu a mensagem? - Carina perguntou.

- Ele que não ouse! - falei ficando de pé e caminhando até a geladeira atrás de mais suco de laranja. 

- Então sugiro que marque seu território no ato - Carina falou antes de dar um gole no refrigerante e me virei pra ela. 

- Como assim? - perguntei sem entender.

- Deixe que ela apareça no domingo e mostre quem manda - respondeu piscando um olho e o sorriso de Beth era maquiavélico em seu rosto. 

- Temos um plano - Beth falou e batemos nossas mãos juntas sobre a mesa - A galinha não perde por esperar. 

- Ele marcou o território dele - falei levantando a mão e mostrando o anel de noivado - Mas anda por aí como se fosse solto. 

- Shopping? - Beth perguntou se levantando da cadeira e Carina revirou os olhos - Ah, Ca, vamos também. Será divertido. 

- Eu preciso de vocês duas comigo - fiz a minha melhor cara de cachorrinha pidona. 

[Série: Rendidos 01] SubestimadaOnde histórias criam vida. Descubra agora