| Caio |

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Abri meus olhos no segundo em que ouvi a porta fechar-se. Ela não a trancou. Continuei parado segurando seu vestido amarrotado na minha mão.

A última coisa que passou na minha cabeça quando entrei naquele quarto foi seu pedido de ajuda para retirar o vestido.

Deslizar minhas mãos, de olhos fechadas, por aquele corpo que me atormentava há meses, foi pura tortura. Eu conseguia sentir sua suavidade em meus dedos e imaginar seu corpo ali tão perto foi minha ruína.

Antonella despertava coisas em mim que achei ser impossível. Nenhuma outra mulher antes me despertou como ela. As transas casuais estavam longe da minha mente quando a toquei.

Não sei se seria capaz de trocar as minhas mãos pelos meus olhos só para vê-la sem roupas.

Ouvi o chuveiro ser ligado e saí do quarto rapidamente. Fui na lavanderia e coloquei seu vestido na máquina de lavar. Estaria limpo e seco em poucas horas.

Voltei para a cozinha e o restaurante havia enviado mensagem informando que a entrega estava próxima. Pedi mais algumas besteiras em outros lugares e aproveitei para ligar para a farmácia 24h. 

Tudo chegaria em poucos minutos e fui tomar um banho rápido. Alguns minutos depois, vestindo uma camisa preta e moletom também preto, voltei para a sala e naveguei pelos filmes deixando alguns em uma lista. Precisava mantê-la acordada pelas próximas 20 horas.

Ela entrou na sala poucos minutos depois. Senti sua presença no corredor atrás de mim. Virei para olha-la e lá estava ela.

Usava a camisa de botão e a samba canção que deixei no quarto. A camisa era grande demais para ela. As mangas estavam enroladas e só apareciam as pontas dos dedos. O comprimento da camisa chegava ao meio de suas coxas junto com a samba canção. Isso acalmou alguma coisa dentro de mim e despertava outra entre as minhas pernas.

Seu cabelo estava enrolado na toalha, no topo da cabeça. Ela lavou-o, podia sentir o cheiro de limão do shampoo.

Ela estava linda.

Antonella caminhou lentamente para o sofá. Deu a volta pela outra extremidade para não passar pela minha frente e se sentou.

- Ocorreu tudo bem no banho? - perguntei para quebrar o silêncio.

- Sim, obrigada - respondeu com um sorriso leve enquanto recostava-se no sofá na ponta mais distante - Seu chuveiro é incrível.

- Posso ajudar com o cabelo também - ofereci. Queria afundar meus dedos nele e não a maldita escova.

Ela hesitou por um segundo pensando em como poderia penteá-los sozinha. Ela não conseguiria.

Ela estende a escova na minha direção e fui para a parte de trás do sofá. Puxei uma das cadeiras que estava na frente da minha mesa e sentei atrás de Antonella para ficar em uma altura que desse certo.

- Recoste-se mais no sofá - pedi e ela obedeceu prontamente.

Puxei a toalha com cuidado de sua cabeça. Ela havia removido o curativo que fizeram em sua testa. Era possível ver três pontos.

Comecei desembaraçando os fios de baixo para cima suavemente. Os fios longos eram pesados quando estavam molhados.

- Humm - a ouvi gemer suavemente e congelei. Não existia ninguém, na face da terra, com o pau mais duro do que o meu agora - Ninguém nunca penteou o meu cabelo antes. 

- Fico lisonjeado por isso - comentei tentando ter algum autocontrole perto dessa mulher. Terminei de pentear seu cabelo e enxuguei as pontas pressionando-as na toalha.

[Série: Rendidos 01] SubestimadaOnde histórias criam vida. Descubra agora