| Antonella |

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Bip.

- Vamos, Nella, canta comigo?! - Andrey pediu dentro carro. Anthony revirou os olhos rindo e levantou o celular gravando.

- '...Eu não vou saber me acostumar, sem suas mãos pra me acalmar, sem seu olhar pra me entender, sem seu carinho, amor, sem você...' - cantávamos alto dentro do espaço pequeno. Papai olhava pra nós pelo espelho-retrovisor e pisquei pra ele.

A batida.

Flashes. 

Vidros.

Sangue.

Andrey.

- Não... Andrey! - gritei seu nome, mas a minha garganta estava seca e meu corpo pesado - Não.

- Antonella? - Caio? Era o Caio? - Abra seus olhos, meu amor. Estou aqui.

Tudo escuro

Bip.

X

Bip.

Meus Braços estavam doendo por ficar suspensa na barra fora da casa. Pedro estava com um isqueiro na minha frente e fazia menção em acender o cigarro. 

- Quem sabe eu te queime como fiz com vovô - falou com seus olhos brilhando em minha direção - Ou te asfixie. Já tentei fazer isso em você antes.

- Pedro - eu realmente precisava de água - Não!

- Ele não pode mais te machucar - Caio novamente? Onde ele estava? - Está tudo bem, meu amor, você está segura. 

Bip.

X

Um bip constante fazia zumbido próximo ao meu ouvido. Todo o meu corpo estava pesado e doendo, como se eu tivesse sido atropelada por um caminhão. E talvez tivesse. Tentei abrir meus olhos e o espaço branco quase me fez desejar mantê-los fechados. 

Pisquei algumas vezes tentando me situar de onde estava e cheguei a conclusão que era um quarto de hospital. Minha perna esquerda estava suspensa por uma espécie de tipoia presa ao teto e notei a espessura grossa de uma joelheira de compressão que ia do meio da minha coxa até a metade da minha canela. Nova cirurgia.

Havia uma atadura no meu pulso esquerdo e acessos intravenosos em minha mão. Um aparelho estava colocado no meu dedo indicador da mão direita. Eu precisava de água. 

Olhei ao redor tentando me manter acordada. Tinha uma televisão ligada na frente da cama e um aparador abaixo dela. Uma porta a minha direita dava para um banheiro e imaginava que a outra desse para o corredor. À esquerda tinha um sofá pequeno e uma cadeira do papai em frente a uma parede de vidro que mostra a cidade. 

Sorri vendo os homens espalhados nos assentos. 

Stefano estava deitado na cadeira sozinho, mas com os pés no braço do pequeno sofá, onde Igor os agarrava como travesseiro. Caio dormia com a cabeça no colo de Igor e o abraçava pela cintura. Meninos.

Água.

Eu precisava de água.

- Á-agua - falei ouvindo minha voz sair em um chiado horroroso e terrivelmente fraca - Água.

- Hum - um deles murmurou e nenhum acordou. 

- C-Caio - chamei - Água.

[Série: Rendidos 01] SubestimadaOnde histórias criam vida. Descubra agora