| Caio |

334 46 2
                                    

Quase dez horas haviam se passado e nada de encontra-la. Os policiais federais haviam transformado a sala de reuniões de Igor em uma central de monitoramento. Computadores instalados por todo o lugar tentavam refazer e rastrear o percurso que a van havia feito. 

O promotor responsável pelo processo contra o Marcos tinha chegado poucos minutos atrás e conversava exasperadamente com os agentes que deveriam fazer a segurança de Antonella. 

Eu estava me sentindo enjaulado, sufocado aqui dentro. Não entendia a demora disso tudo. Porra, eles não tinham recursos para achá-la?

Beth foi colocada ao meu lado, parecia que tinham nos colocado no cantinho do castigo. Não duvidava, tendo em vista que quase quebrei a cara do policial que tentava me parar de correr na rua atrás da maldita van. Beth tinha chutado as bolas de um deles, assim que passou pelas portas da sala, e estava pronta para socar o outro quando Igor e Stefano a seguraram.  

Pelo terror da situação, e como Stefano conhecia alguns dos federais presentes na sala, eles nos escantearam fora do caminho e agora observávamos um comandante ditar ordens e revisar mapas e imagens. Stefano estava no meio e nos mantinha a par do que eles estavam fazendo.

- Achei algo, comandante - um agente falou do outro lado da sala e todos nós fomos em sua direção - Veja.

A imagem era de uma câmera de segurança do prédio que Antonella saíra mais cedo. O agente deu zoom em um ponto atrás dela quando ela deu as costas e descia a rua para a empresa. A tela mostrava um homem parado fumando cigarro. Seu rosto estava parcialmente coberto pelas sombras das arvores, mas o outro lado era nítido. 

- Como isso é possível? - o promotor gritou indignado para o comandante e apontando para a imagem no computador.

- Não faço a porra da mínima ideia - respondeu passando as mãos no cabelo e se dirigindo a um outro agente.

- Quem é esse? - perguntei ao promotor.

- Pedro Bellini - respondeu passando a mão no rosto - Era pra ele estar preso do outro lado do país. 

- O bastardo fugiu essa manhã - o comandante se aproximou com um Ipad em mãos que rolava um vídeo de uma fuga e mais trocas de tiros. 

- E como caralhos eu estou sabendo disso só agora?! - gritou - Um assassino foge de uma escolta federal e nada foi noticiado? A porra da polícia não tem um maldito celular?

Todos os federais olharam pra ele que pouco fez pouco caso. Eu já estava perdendo a minha paciência com todos eles. 

Saí da sala e fui pra fora do prédio. Andei por todo o lugar tentando respirar, mas sem conseguir direito, porque faltava algo, faltava ela. Meu peito estava apertado e a sensação de que algo pior ia acontecer surgia cada vez mais. 

- Você precisa se acalmar - Stefano falou se aproximando.

- ME ACALMAR? - gritei indignado em sua cara - A MINHA MULHER FOI SEQUESTRADA PELA PORRA DE UM ASSASSINO!

- Todos estão procurando por ela, Caio - falou e odiei estar descontando a minha frustação nele.

- E POR QUE AINDA NÃO ACHARAM? - gritei puxando meu cabelo e rangendo os dentes - Eu n-não, não posso perdê-la, Stefano. Não posso perder o amor da minha vida quando acabei de encontra-la. 

- Você não vai - falou se aproximando mais - Antonella é forte e passou por muita coisa. Marcos a quer pelo dinheiro, Caio. 

- Eu dou tudo o que tenho - falei desabando na sua frente - Por favor, Stefano. Por favor. 

[Série: Rendidos 01] SubestimadaOnde histórias criam vida. Descubra agora