| Caio |

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Antonella estava se arrumando no quarto para podermos nos encontrar com a médica logo mais. Eu estava pronto e impaciente andando de um lado para o outro no corredor com medo de que ela pudesse sentir alguma tontura ou enjoo de algum cheiro.

Eu lia alguns livros sobre gravidez enquanto Antonella dormia e era difícil admitir que isso estava me deixando ansioso. Tirei algumas dúvidas com Carina e ela mandou que eu parasse de lê-los e aproveitasse o momento com a minha mulher. 

Respirei fundo passando a mão impacientemente sobre o cabelo e entrei no quarto no exato momento em que ela se dirigia a porta. Porra.

Ela vestia uma calça cinza de alfaiataria que marcava sua cintura e quadris largos, e uma blusa semitransparente preta de mangas longas. Nos pés, um par de sandálias pretas com salto baixo. Os cabelos estavam presos na costumeira trança que ela usava e o batom vermelho nos lábios era um convite tentador para beijá-la.  

- Terminei - falou se aproximando e aspirei seu perfume floral leve que me deixava duro pra caralho - Estou tão ansiosa!

- Quero te levar em um lugar depois - falei passando meus braços sobre sua cintura e ela, ficando na ponta dos pés, rodeou os seus em meu pescoço. 

- Aonde vamos? - perguntou e afundei meu nariz em seu pescoço atrás de mais do seu cheiro. 

- Surpresa - falei e desceu da ponta dos pés se afastando.

- Então vamos logo - falou me puxando apressadamente pelo corredor para o elevador. 

- Apressada - murmurei parando atrás dela enquanto espera as portas abrirem.


X


O consultório da obstetra não ficava longe de onde morávamos. Então, estava logo estacionando o carro e abrindo a porta para Antonella. Entramos no lugar e dei o nome de Antonella a recepcionista que pediu que aguardássemos enquanto doutora Alana terminava de atender a última paciente. 

O lugar era quase que totalmente em tons pasteis, exceto a bancada de mármore que dividia a mesa da recepção das cadeiras onde estávamos sentados. Uma máquina de café super moderna estava ao lado, com algumas capsulas variadas disponíveis, e agradeci pela atenção de Antonella estar na revista. 

Não demorou muito e um casal saiu da porta ao nosso lado todo sorridente. A mulher parecia que ia parir a qualquer momento e me preocupei se haveria espaço na barriga de Antonella para dois bebês. 

A recepcionista entrou na sala e logo saiu nos chamando para entrar. 

- Boa tarde, doutora - Antonella a cumprimentou com um abraço.

- Boa tarde, Antonella. Boa tarde Caio - cumprimentei-a com um aperto de mão e nos sentamos nas cadeiras dispostas a frente de sua mesa - Como vocês estão?

- Estamos bem - Antonella respondeu e continuou - Os desejos apareceram mais pela madrugada e deram uma diminuída. 

- Isso é normal, querida - a médica falou sorrindo - Não há manual que diga como todas as mães se sentem durante uma gestação. Cada gravidez é única com seus altos e baixos. Os quatro estão dormindo bem?

- Esse aqui anda lendo alguns livros durante a madrugada quando acha que estou dormindo - fui pego e não sabia. Porra

- Eu só estou preocupado - falei encarando as duas - Quero estar preparado pra tudo. 

- A leitura não faz mal a ninguém - a médica falou e trocou olhares com Antonella que revirou os olhos - Bom, o resultado da sexagem já chegou. 

Enquanto ela digitava alguns comandos no computador, Antonella se virou pra mim sorrindo e, porra, se eu não fosse apaixonado por ela, teria ficado naquele instante. Segurei suas mãos e pude ver seus olhos se encherem de lágrimas quando a médica voltou a falar.

[Série: Rendidos 01] SubestimadaOnde histórias criam vida. Descubra agora