| Antonella |

418 57 1
                                    

Recostei na porta que acabara de fechar atrás de Caio e respirei fundo. Ainda podia sentir o formigamento dos seus lábios nos meus e um sorriso bobo surgiu. Eu nunca havia me permitido sentir esse misto de sensações boas que estava sentido agora. Era tudo tão novo e eu tinha medo de me apegar.

Eu poderia me apaixonar facilmente por ele, se já não estivesse. Só que eu não posso arrastar o Caio para a minha vida, não agora. Não posso permitir que algo de ruim aconteça com ele ou com os outros. Faltava poucos meses para o fim do prazo que os agentes e advogados deram para o julgamento do meu tio chegasse, e muita coisa poderia acontecer. Um dia de cada vez.

O relógio abaixo da televisão mostrava que já eram 17 horas. Respirei fundo e voltei para o quarto arrumando-o. Retirei o robe e a tipoia, e vesti um short jeans com uma blusa de alcinha branca. Coloquei a tipoia no lugar e sai do meu apartamento em direção ao de Carina. Ainda faltavam algumas horas para Caio voltar a aparecer. 

- Conta tudo! - exigiu quando abriu a porta e me puxou pra dentro. 

- Liga pra Beth - pedi e me sentei em uma das banquetas do seu balcão. O apartamento de Carina possuía o mesmo layout que o meu, com exceção que ela tinha uma varanda. Não demorou muito para Beth atender e contei para ambas o dia que tive. 

- Vocês sabem que eu não tenho tanta experiência assim - estava no meio da parte do sexo pecaminosamente quente - Mas o que ele quis dizer com "Você é minha"? e bem no meio do...

- Que ele não vai embora - Carina falou.

- O Caio está rendido, amiga - Beth constatou em seguida. 

- E isso quer dizer o quê exatamente? - perguntei ainda sem entender - Não somos namorados, nem rótulo há no que temos. Eu não posso me apaixonar por alguém, não com a vida que tenho.

- E mesmo assim vocês não se desgrudam desde quarta-feira - Carina pontuou com as sobrancelhas arqueadas e nos servindo suco de laranja com bolo de baunilha. 

- Pode ser que seja algo casual - falei e me senti estranha no mesmo momento.

- Caio tem fama de casos de uma noite - Beth falou na chamada - E ele nunca volta no dia seguinte. 

- Sem falar que não aparece nos sites e revistas de fofocas há meses - Carina falou voltando a se sentar. 

- Talvez eu seja só uma novidade - falei me sentindo meio mal - Vai ver ele só quer uma aventura e nada mais. Não é como se eu pudesse arrasta-lo para a minha vida de qualquer forma. 

- Os advogados entraram em contato? - Carina perguntou. Eu só havia contado a ela o pesadelo que vivi em minha vida por alto. Não entrei em detalhes para sua própria segurança. Não me perdoaria se algo de ruim acontecesse com minhas amigas ou com a pequena que dormia no quarto ao lado. 

- Ligaram na semana passada - contei - Está tudo quase pronto para que o julgamento comece e eles venham me buscar. 

- Para onde vão te levar?- Beth perguntou e consegui ouvir a preocupação em sua voz - Você não pode ficar no seu apartamento? Podemos contratar seguranças, amiga. 

- Provavelmente vão me levar para algum hotel. Não é seguro que eu fique por aqui. Marcos tem homens em todos os lugares - respondi e respirei fundo sentindo um medo incontrolável se apossar de mim. 

Carina me abraçou e Beth xingou porque não estava aqui. Eu não podia ser fraca agora. Aquele desgraçado tinha que pagar pela atrocidade que fez. Sorrimos umas para as outras e mudamos de assunto. Contei que Caio vinha me pegar pra jantar às 20 horas e Carina deu pulinhos de alegria pedindo para me arrumar. 

[Série: Rendidos 01] SubestimadaOnde histórias criam vida. Descubra agora