| Caio |

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- Caio - ouvi meu nome ao longe e abracei mais o corpo quentinho da minha mulher. 

O pessoal tinha ido embora cedo e, após o cochilo, Antonella jantou a mesma gororoba do almoço. Depois disso, assistimos um pouco de televisão e deitamos. 

- Caio - ouvi meu nome novamente e um beliscão no meu braço.

- Ai - falei soltando ela - Eu te apertei demais? te machuquei?

- Não - respondeu desviando os olhos - Não é isso. Estou bem.

- O que foi, então? - perguntei voltando a abraçá-la e sentindo seu corpo macio colado ao meu. 

- Eu estou com fome - falou e levantei a cabeça para vê-la com um sorriso amarelo e as sobrancelhas franzidas. 

- Mais daquela gororoba? - perguntei receoso. O arroz doce tinha acabado e o restaurante que fui ontem disse que só tinha na hora do almoço. 

- Eu quero lasanha de macarrão e queijo - falou e uma lágrima escorreu por seu rosto - Eu quero lasanha.

Olhei para o relógio que marcava 02 horas da manhã e depois de volta pra ela que tentava secar as lágrimas. 

- Agora? - perguntei espantado.

- Por favor - pediu soluçando e me levantei da cama em um pulo. 

- Tudo bem, não precisa chorar - falei pegando o pacote de lenços na mesa de cabeceira e entregando a ela - Eu vou fazer a lasanha e tudo ficará bem. 

- Obrigada - agradeceu assoando o nariz que ficou com a pontinha vermelha - Eu te amo. 

- Eu também te amo, meu amor - falei beijando sua testa - Fique aqui deitada que eu volto quando terminar. Se precisar de algo, grite que venho correndo. 

- Tudo bem - falou se recostando nos travesseiros. 

Sai do quarto e fui direto para a cozinha. Lasanha, as 02 horas da manhã! Coloquei água em uma panela funda pra ferver enquanto revirava os armários e a geladeira atrás de ingredientes. Com tudo separado, adicionei o fetuccine na água fervente e liguei o forno para aquecer. 

Separei a muçarela e o presunto, ervilha e milho verde, e vi que não tinha tomates para fazer o molho ou se quer um extrato de tomate. 

- Droga - murmurei voltando para os armários. 

Abri o aplicativo de entregas do supermercado e o mesmo não funcionava 24 horas. Eles iam ter que me arrumar os tomates. 

- Atendam - murmurei para o celular em uma chamada de vídeo para os idiotas. 

- O que houve? - Stefano foi o primeiro a atender.

- Aconteceu alguma coisa? - Igor perguntou assim que atendeu e dava pra ver ele saindo do quarto longe de Beth.

- Vocês têm tomates? - perguntei enquanto mexia o macarrão no fogo. 

- O QUÊ? - perguntaram ao mesmo tempo. 

- Eu pensava que era uma emergência? - Stefano falou voltando a deitar.

- É uma emergência - falei - A minha mulher está chorando no quarto querendo uma lasanha de macarrão com queijo e presunto.

- E por que você não pediu para entregar? - Igor perguntou e dava pra ver que ele estava na cozinha.

- Eu tentei, mas os supermercados não funcionam 24 horas, idiota - respondi.

- Tem uma feira aqui perto - Stefano falou e voltou a se sentar - Vou ver se consigo encontrar. Estou mais perto de vocês.

- Obrigado, irmão - agradeci.

[Série: Rendidos 01] SubestimadaOnde histórias criam vida. Descubra agora