| Antonella |

211 33 1
                                    

Tudo ao redor parecia estar em uma bagunça generalizada, mas eu não desviei o meu olhar do seu. Ele pagaria pelo que fez a minha família e a todos os outros. Esse monstro não sairia daqui sem a garantia de que eu venci. 

- Silêncio no tribunal! - a voz do juiz soou alta demais ao meu lado, assim como o som estridente do martelo batendo sobre a bancada - Se o silêncio não for mantido nessa corte, seguirei com o julgamento sem a presença da plateia. 

O som das pessoas se calando se fez presente. 

- Senhor advogado de defesa, se o senhor não sabe que esse julgamento transita em julgado, peço que refaça suas falas. 

- Não será necessário, excelência - Petrova falou antes de se sentar e me lançar um olhar de poucos amigos.

Idiota.

- Senhorita Bellini trouxe ao conhecimento do escritório de promotoria informações importantíssimas, excelência - o promotor voltou a falar. Eu não fazia ideia do porquê dele soar como se estivesse gostando disso tudo - De tão importante, que uma força-tarefa foi montada para investigar toda a vida do réu, senhor Marcos Bellini, e de seus associados. 

Ele andou até a mesa que ficava a minha frente e, pela primeira vez, meus olhos se desviaram para além dele.

Lá estava Caio. 

E todos os outros. 

A minha família.

Respirei fundo ainda o encarando e vi seu aceno em minha direção antes que eu desviasse meus olhos novamente para o promotor. 

- Provas 3A, 4A, 5A e 6A, excelência - entregou quatro pastas ao juiz. Nesse ritmo ele ficaria sem espaço na sua própria mesa - Espanha, Itália, Estados Unidos e França, são países que querem a extradição do réu. No início dessa semana, a força-tarefa montada para desvendar cada uma das atividades ilegais comandadas, ordenadas e planejadas pelo senhor Bellini, chegou ao fim. 

Meu coração parecia errar uma batida e voltei a olhar pra Caio. Estava acabando? Eu poderia ser eu mesma novamente?

- Tráfico de mulheres - apontou o controle para a tela e fotos que eu mesma tinha tirado apareceram na tela. 

Marcos aparecia nelas apertando a mão de Juarez Mendonza. Eles estavam no escritório do meu pai. Foi a primeira vez que ouvi o nome de Mendonza e percebi no que Marcos estava metido. Logo mais, outras fotos de Marcos e Pedro apareceram. Eles estavam na frente de um navio degradante e muitas pessoas ao redor. Mais fotos iam aparecendo até chegar ao espanto geral em toda a sala. 

Imagens de mulheres nuas e machucadas, presas dentro de salas minúsculas e degradantes apareceram na tela. 

- Tráfico de armas - fotos e mais fotos voltavam a aparecer enquanto o promotor citava cada um dos crimes de Marcos - Tráfico de drogas, associação criminosa, sequestros internacionais, estelionato, homicídios...

Olhei pra ele e o mesmo me encarava. Ele sabia que eu tinha dado o pontapé inicial para acabar com ele, mas duvidava que eu tivesse sido capaz de it tão longe. Nunca subestime uma mulher, idiota.

As fotos iam passando e olhei para o juiz, o homem parecia incrédulo com o que via na tela. As fotos que o promotor passava na tela, começavam com as que eu mesma havia feito e datado. Era uma forma dele dar mais credibilidade ao que eu havia feito. 

Petrova lia os arquivos em sua mesa e parecia perdido sobre que rumo tomar. Idiota.

- Esse julgamento, excelência, será longo - o promotor constatou antes de entregar o controle de volta ao oficial de justiça e se afastar. 

[Série: Rendidos 01] SubestimadaOnde histórias criam vida. Descubra agora