| Caio |

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Antonella chorava copiosamente em meus braços. Dava pra sentir a dor consumindo-a de dentro para fora. Eu não conseguia se quer imaginar perder meus pais ou meu irmão, ainda mais como ela havia perdido os dela. 

Não sabia o que fazer para acalmá-la, então continuei a segurando em meus braços na esperança de que isso ajudasse de alguma forma. Os minutos foram passando e o relógio abaixo da televisão marcava 21 horas em ponto. 

- Mamãe era filha única e meus avós maternos haviam morrido quando eu ainda era criança - falou com a voz rouca ainda aconchegada em meus braços - Então, quando saí do hospital, um dos advogados de papai disse que minha tutela tinha sido entregue para o meu único parente vivo, o irmão do meu pai. Eu não lembrava muito dele. Por algum motivo, papai havia se afastado. 

Eu não estava gostando nem um pouco de onde essa história estava indo, mas não a interrompi. Deixei que colocasse tudo pra fora.

- Marcos era frio, distante, autoritário - continuou - Diferente de tudo o que meu pai era e nos ensinava. Eu sabia que éramos ricos e tínhamos uma vida privilegiada, mas eu não fazia ideia de quanto dinheiro estava envolvido nessa história. Ele passou a morar na casa dos meus pais com o filho, Pedro, e me mantinha a um braço de distância.

"Os advogados dos meus pais convocaram uma reunião e precisavam que eu estivesse presente, o que Marcos não gostou

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"Os advogados dos meus pais convocaram uma reunião e precisavam que eu estivesse presente, o que Marcos não gostou. Havia muita gente na sala para a leitura do testamento. Marcos e seu advogado também estavam presentes. Tinha três folhas de papeis na mesa do advogado que estava fazendo a leitura e ouvi tudo atentamente porque sabia seria eu por mim mesma depois que aquela reunião acabasse. Descobri que Marcos havia sido retirado do testamento do meu avô paterno muito antes de papai casar com mamãe e que só estava ali porque era legalmente meu tutor".

Sua voz soava fria, como se estivesse lembrando de algo em específico. 

- Com a morte de papai, mamãe seria beneficiada com metade de tudo o que estava no nome dele. O restante seria dividido em partes iguais entre os filhos, mas que seriam administrados por ela até que atingíssemos a maior idade. Como eu era a única que havia sobrevivido, herdei toda a fortuna do meu pai - Ela levantou a cabeça me fitando nos olhos e afastei um pouco dos fios de seu cabelo que estava emaranhado em sua testa úmida - Papai era herdeiro de um conglomerado empresarial que basicamente dominava linhas de hotéis de luxo, ações da bolsa de valores, grupos e bancos privados, joias, tudo o que você conseguir imaginar. 

"O advogado terminou a primeira leitura informando que eu era a única herdeira legitima e, portanto, não havia espaço para alterações no testamento. Marcos não esboçou reação alguma diante das palavras ditas. O advogado começou a fazer a segunda leitura, era o testamento de mamãe. Assim como o de papai, a sua fortuna seria dividida entre nós igualitariamente. Mamãe trabalhava com joias e artes, e sendo filha única, tinha herdado galerias ao redor do mundo". 

- Você é herdeira de uma fortuna milionária? - perguntei espantado interrompendo-a. 

- Bilionária - respondeu com um meio sorriso e os olhos tristes. 

[Série: Rendidos 01] SubestimadaOnde histórias criam vida. Descubra agora