| Caio |

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Antonella estava há exatos dois dias sem falar comigo. Nem as sobremesas extras que trouxe, mudaram seu humor. Todas as vezes em que eu tentava iniciar uma conversa, ela saía de perto com a cara fechada. Até tentou ir dormir no sofá na noite passada, e esse foi o limite pra mim. A arrastei de volta pra cama e disse que seria lá onde dormiríamos. Tudo bem que ela dividiu a cama em dois lados e dormiu emburrada, mas de perto de mim não saiu..

Como as sessões de fisioterapia haviam diminuído para apenas duas vezes na semana, voltei a ficar ambos os horários fora de casa para conseguir cumprir os prazos das obras e reservar um tempo extra para quando as gêmeas nascessem. 

Voltamos para a rotina em que ela permanecia em trabalho homework e fazia seus extras ajudando Stefano na expansão. Não dá pra esquecer o olhar assassino que ele me deu na frente dela e o zombeteiro quando deu as costas. Idiota.

- Já chega - falei saindo do elevador e a vendo sentada no sofá de costas para o corredor - Isso precisa acabar. 

Ela tentou passar rapidamente por mim, mas a segurei em meus braços e senti seu corpo tremer. 

- Você está chorando? O que houve? - perguntei vendo seus olhos vermelhos e levemente inchados.

- Você! - respondeu tentando se soltar. Ah, não vai não. 

- Antonella, para com isso - falei me referindo a birra. dos últimos dois dias - Você não pode ficar assim comigo só porque fiz o que avisei que faria caso você se colocasse em risco.

- Eu não me coloquei em risco - falou com a voz falha - Era só uma mala. 

- Uma mala que pesava mais de sessenta quilos! - pontuei sério - A médica falou pra você não carregar peso e você simplesmente extrapolou até nisso.

- Tinha rodinhas! - gritou e deixei que se afastasse. 

- Rodinhas?! - é sério? - Você arrastou aquela coisa pesada e se colocou em risco diante daquele tronco de madeira que poderia se soltar a qualquer momento.

- Não iria se soltar - rebateu - Fui eu que projetei ele pra impedir que qualquer um chegasse perto. E você nem transou comigo depois de bater na minha bunda. Droga, Caio, eu te dei o melhor boquete da sua vida.

Eu tentei, juro que tentei, dei de tudo pra impedir que a gargalhada não saísse, mas foi impossível. 

- Maravilha, agora vejo que realmente sou motivo de piada pra você - falou histérica e tentou passar novamente para o quarto - Me solta.

- Nunca, meu amor - falei segurando-a em meus braços - Você é minha para toda a vida. Eu nunca a soltarei. 

Afundei meu nariz em seu pescoço, como vinha fazendo nas últimas madrugadas enquanto ela dormia seu sono pesado, e senti seu cheiro que tanto amo. 

- Quer dizer que você está há dois dias sem falar comigo porque eu não transamos depois de deixar a sua bunda vermelha? - perguntei sabendo a resposta. 

- Você sempre transa comigo depois disso - falou manhosa e emburrada antes de virar em meus braços e me encarar com os olhos marejados - Já cansou de mim?

- Eu nunca me cansarei de você - garanti e desci minhas mãos da sua cintura para amassar a carne gostosa de sua bunda - A intenção do seu castigo não era o prazer, meu amor. Você desobedeceu uma ordem médica, uma ordem minha para que se cuidasse. Você se colocou em perigo. Espero que não faça isso novamente. 

- Me desculpe - falou afundando o rosto em meu peito e senti seu corpo relaxar - Podemos transar agora?

- Sou todo seu - beijei a minha mulher com a fome de dois dias e a levantei em meus braços enquanto caminhava para o quarto. 

[Série: Rendidos 01] SubestimadaOnde histórias criam vida. Descubra agora