| Caio |

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Eram 02h da manhã e Antonella dormia pacificamente na cama. Estava velando seu sono sem conseguir fechar os olhos ainda assustado pela semana que tivemos. Eu não tinha problema algum em confessar que estava com medo de perdê-la, ainda mais agora com as gêmeas vindo. 

Sim, eu sentia que eram meninas. Não me importo com os sexos, mas eu sentia lá no fundo que eram meninas. E, Deus, elas serão lindas como a mãe. 

Depois do banho e de provar toda a minha criatividade contra a parede de azulejos, voltamos para o quarto e retirei sua joelheira molhada. Sequei os pontos como a enfermeira ensinou e recolocamos a nova joelheira no lugar. 

Fazê-la comer foi difícil. Preparei a famosa sopa de carne com legumes da minha mãe e Antonella mal conseguiu chegar na metade da tigela. Nem a torta de limão abriu seu apetite. Após tomar todos os remédios para as dores, deitamos e ela apagou. 

Desde então, estou acordado observando-a dormir. 

- O que você está fazendo? - perguntou sonolenta de olhos fechados e duvidei que a pergunta fosse pra mim - Por que está me olhando dormir? 

- Eu não consigo dormir e você é linda - respondi quando ela virou a cabeça para o meu lado com os olhos ainda fechados - Pensei que estivesse dormindo. 

- Quem disse que não estou? - perguntou e um sorriso brincava em seus lábios - Talvez eu seja sonambula. 

- Espertinha - rimos. 

- Sério, o que foi? - perguntou abrindo os olhos - É horripilante ter alguém me observando dormir.

- Estou com medo de dormir e, quando acordar, você não estar aqui - respondi - Essa semana foi um inferno sem você. Ficar três dias sem saber onde estava e depois vê-lo bater em você, quase me fez perder a minha mente. Quando a ouvi gritar pela porta, era como se um pedaço de mim estivesse sendo dilacerado. 

- Ei, eu estou bem aqui - falou segurando minha mão - Não pretendo ir a lugar algum sem você.

- Promete? - perguntei brincando, mas com um fundo de verdade.

- Caio, eu te amo como nunca amei ninguém - falou me encarando. A luz do abajur estava acesa e iluminava suavemente o ambiente - Eu não vou a lugar algum. Você me faz querer ficar aqui, ao lado.

- Eu te amo, Antonella - falei me aconchegando ao seu lado. 

Como ela não poderia dormir na posição que gostava, eu fiquei de lado e apoiei minha mão cuidadosamente sobre a sua barriga, evitando a parte superior por causa das suas costelas. Deitei em seu ombro e senti sua mão passar entre meu cabelo e pescoço. 

- Estarei aqui, meu amor - sussurrou e me entreguei ao sono. 

X

Despertei lentamente sentindo as mãos de Antonella em mim e aspirei seu cheiro suave. 

- Bom dia - murmurou e abri meus olhos. 

As cortinas estavam fechadas e apenas um pequeno feixe dos raios de sol passava por elas. Pela intensidade, devíamos estar no meio da manhã.

- Bom dia - respondi me esticando na cama e a peguei me devorando com os olhos antes de olhar para o outro lado. 

- Preciso fazer xixi - disse e desci da cama ajudando-a a se sentar na beirada com a perna estendida para o chão.

Segurei as muletas separadas para que ela pudesse se impulsionar para cima e, quando o fez, escorregou de volta para a cama.

- Antonella! Antonella! - chamei seu nome segurando-a em meus braços - O que houve? O que está sentindo?

[Série: Rendidos 01] SubestimadaOnde histórias criam vida. Descubra agora