| Antonella + Caio |

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Antonella

Contar sobre o meu passado a Caio me deixou um pouco mais leve. Era como se o peso que eu carregava por todos esses anos não estivesse mais lá. Ele prometeu que não iria interferir e disse que tomaria cuidado, mas isso não aliviava muita coisa porque algo ainda poderia acontecer. Um dia de cada vez.

Depois daquela noite, basicamente entramos em uma rotina. Eu e Carina deixávamos Bia na escola e vínhamos trabalhar, enquanto Caio seguia para as obras. Almoçava com as minhas amigas e voltávamos pra empresa. Ao final do expediente, Carina ia pra faculdade, e Caio me pegava antes de pegarmos Bia na aula. E dormíamos juntos todas as noites. 

Havia retirado os pontos alguns dias atrás e estava tudo caminhando para retirar a droga desse gesso dentro de alguns dias. Hoje era sexta e o dia estava terrivelmente quente, me deixando um tanto quanto irritada pelo suor que descia por minhas costas. 

Não sabia como as meninas aguentavam ficar de calça e blusa longa com todo esse ar quente ao nosso redor. Eu havia optado por usar uma saia preta até um pouco acima dos joelhos e uma blusa de ceda azul clara com mangas curtas e de botões. A maldita tipoia parecia que fazia meu braço esquentar ainda mais dentro do gesso. 

- Se você continuar enfiando isso aí, pode acabar se machucando - Carina falou quando me viu usar uma haste de metal pra coçar o meu braço engessado. Estávamos almoçando no restaurante de sempre, perto do trabalho. 

- Está coçando - respondi sentindo um certo alívio por coçar exatamente o local que eu queria.

- Estou te achando mais leve esses dias - Beth comentou e de repente semicerrou os olhos - Você contou a ele não foi?

- Sim, contei - confirmei e elas se aproximaram mais da mesa. Curiosas. - Ele disse que não iria se meter e que tomaria cuidado, mas não vai se afastar de mim. 

- Eu sabia! - falaram ao mesmo tempo sorrindo e revirei os olhos.

- Tem outra coisa - comecei e me remexi diante de seus olhares questionadores - Ele me chamou de 'meu amor' algumas vezes e disse que 'tinha muito amor pra me dar', mas não disse as três palavras. 

- Amiga - Carina suspirou com os olhos brilhando e segurando minha mão sobre a mesa para que eu parasse de coçar o braço - Você está chateada por que ele não as disse?

- E-Eu não sei - respondi honestamente - Eu nem esperava ouvir isso depois de contar tudo a ele. 

- Eu acho que ele está com medo de te assustar e você sair correndo depois que as disser - Beth falou e, me conhecendo bem, era exatamente isso o que eu provavelmente faria. 

- Você o ama? - Carina perguntou e travei. Eu estava apaixonada por ele, mas amor? Eu o amava? sim.

A palavra flutuou em minha mente e as meninas sorriram acolhedora compreendendo o meu dilema e até mesmo conhecendo a minha resposta. 

- Você deveria dizer a ele - Beth aconselhou - Falar 'eu te amo' para o homem que amamos é libertador, Nella. São três palavras que significam muito para os envolvidos. 

Pagamos a conta e saímos do restaurante. Elas conversavam entre si enquanto caminhávamos de volta para a empresa, mas eu estava perdida em pensamentos sabendo a verdade sobre o que eu estava sentindo em relação a Caio. 

- Meninas - ouvi Stefano nos cumprimentar e percebi que já havíamos chegado na frente da empresa. 

- Oi, Stefano, como vai? - Beth o cumprimentou apertando sua mão estendida. Carina se remexeu ao meu lado desviando os olhos, mas sem conseguir mantê-los longe do homem alto parado a nossa frente. 

[Série: Rendidos 01] SubestimadaOnde histórias criam vida. Descubra agora