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Vitinho :

Sai da boca e fui pra casa tomar um banho,tava um calor do caralho aqui.
Assim que saí do banheiro liguei pra Sabrina,minha mulher.

Ligação on:

- alô? - atendeu no primeiro toque.
- qual foi, vida. Tá bem?
- oi amor,tô bem sim e você?
- tô bem pô,como nosso menor ta?
- ele ou ela, está bem. - deu ênfase no ela e eu ri.- tô com saudades.
- pô nega,tô com saudades de tu também. Por isso liguei, jajá eu broto aí pra te pegar.
- sério?- perguntou animada.
- é pô,já ia esquecendo de falar,arrumei os padrinhos do nosso pivete. Só falta tu arrumar.

Ficamos conversando e eu desliguei dizendo que ia me arrumar pra ir pegar ela.

Ligação off:

Ela mora em Teresópolis.

Minha vida nunca foi fácil, talvez tenha sido por isso que eu tenha entrado pra vida do crime.

Muitos podem falar que é só uma desculpa esfarrapada,mas só quem passou e passa sabe como é.

E quem passou por necessidade foi eu,quem tinha que dormir na rua só porque o pai chegava drogado em casa ,foi eu. Quem via minha mãe apanhando do meu pai,era eu. Não foi nenhum filho da puta que apontou o dedo me julgando não.

E o pior de tudo era que minha mãe não largava ele,ela dizia que o amava mais que tudo na vida. Ela já chegou a me bater por causa dele,me deixou passar fome durante dias,por causa dele.

A minha única sorte era a escola, que por mais que eu não gostasse de ir,era o único lugar que eu tinha pra comer.

E a dona Ana também me ajudava,me chamava pra casa dela e me dava carinho. O único carinho de mãe que eu tive foi da dona Ana,porque nem da minha própria mãe eu recebia.

O pai do lobão era mais sério, mas às vezes brincava com nós.

Depois de tantas humilhações,de dormir na rua por dias,de apanhar do meu pai e da minha,de ver minha mãe apanhando e de ver meu pai levando várias vezes mulheres pra nossa casa,minha única saída foi o tráfico.

Desde menor vendo os caras subindo e descendo com aquelas motos grandes, vendo eles ostentando com mulheres e com aquelas correntes que eles podiam tá na puta que pariu,que dava pra ver.

A ilusão tomou conta da minha mente. E nem foi só por isso,a verdade é que eu queria sair daquele inferno,queria mostrar pra eles que eu ia conseguir sem a ajuda de nenhum deles.

Depois de anos dentro dessa vida, agora eu quero sair. Quero ver o crescimento do meu filho e quero ficar mais perto da minha mulher.

Conheci a Sabrina por um acaso da vida,foi mó bagulho doido. A mina chegou cheia de marra só porque derrubei bebida nela,mas nem foi por querer.

Tava chapado pra caraí e quando ela percebeu me ajudou,me levou pra casa que eu tava ficando e cuidou de mim.

Ela poderia ser uma maluca e poderia me matar? Poderia ser uma X9? Poderia pô,mas eu nem tava entendendo mais
nada.

Trocamos número depois desse dia, marcamos de nos vermos e ficamos. Depois de uns 4 meses ela apareceu chorando dizendo que estava grávida,fiquei como? Sem reação, pô, bagulho doido.

Quando ela viu que eu não falei nada na hora, começou a surtar,disse que a possibilidade do filho ser meu era muito grande, porque as contas batiam junto com a última vez que ficamos.

Foi aí que eu fiquei mais sem reação ainda,a mulher veio surtando sem eu ter falado nada. Mesmo assim pedi teste, não por não acreditar nela,mas sim pra ter certeza do bagulho.

Não queria colocar um mundo de expectativa e depois descobrir que o filho não é meu. Isso já aconteceu comigo e doeu pra caralho.

Meu sonho sempre foi ter um filho,não importa o sexo,meu sonho sempre foi esse.

E quando eu fiz o teste de DNA e deu positivo,eu fiquei alegre pra caralho.

Imagina você realizar seu sonho de ser pai e ainda com a mulher que você curte pra caralho?

Minha vida agora é pra eles e por eles,minha mulher e meu filho.

Depois de quase 3 horas dentro do carro, cheguei em Teresópolis. O trânsito estava horrível, acabei demorando mais que o esperado.

Toquei na campainha várias vezes,só por pirraça mesmo e escutei ela vindo xingando.

Sabrina: quem é esse retardado que...- parou de falar assim que me viu- amoor- falou me abraçando.

Vitinho: qual foi? chamando o amor da sua vida,pai do seu filho de retardado?

Sabrina: estava com saudades - me puxou pra dentro de casa.

Vitinho: estava com saudades de ti também, nega - dei um beijo nela - eai pivete,se comportou bem? - me ajoelhei e dei um beijo na barriga dela.

A barriga não tá muito grande ainda, só com um volume pequeno. Ela fez dois meses ontem.

Conversamos e ela contou como foi na médica ontem,uma coisa que eu acho foda nela, é que até coisas simples,ela conta na maior alegria.

Vitinho: tá ligada que eu te amo, né? - fui deitando ela no sofá e ficando por cima da mesma - daqui até a eternidade.

Sabrina: também te amo- me deu um beijo- muito. Nós te amamos muito - pegou minha mão e colocou em cima da barriga dela.

Vitinho: amo vocês pra caralho.

Fizemos um amor gostosinho ali no sofá mermo e depois fui ajudar ela a arrumar as coisas pra voltar para a Rocinha.

Comentem e deixem sua estrelinha, bjs!

Capítulo pequeno só para vocês conhecerem melhor o Vitinho.

Por Um Acaso.Onde histórias criam vida. Descubra agora