Domenico Fontenelle
Dois anos se passaram desde o pior momento da minha vida, mas eu aprendi a conviver com isso como acontece com a maioria das pessoas que passam por alguma coisa difícil de superar.
Para ser bem sincero você nunca supera, só se acostuma com a sensação de vazio que fica no peito.
Pelo menos eu sei o castigo que eu mereço por ter causado tanto sofrimento a toda minha família de uma vez só. Eu não vou poder ser feliz nunca na vida, e eu aceito isso.
Eu mereço isso.
Recolhi o meu braço e me levantei da cama deixando a Karla sozinha nela tomando todo cuidado para não acorda-la.
Hoje é o aniversário de vinte anos da minha estrelinha favorita e eu não posso perder isso de forma nenhuma.
Não vai dar nem mesmo para tomar uma ducha antes de sair, não posso correr o risco da Karla acordar ou ela vai querer ir junto comigo e eu definitivamente não quero isso.
Ela vive perguntando o motivo de não conhecer a minha família e a minha resposta mais gentil é "isso não vai acontecer nunca".
Eu já tentei explicar mil vezes que nós não temos nada sério e que não faz diferença o tempo que já nos relacionamos, mas ela tem uma capacidade absurda de só absorver o que a interessa.
Já faz anos que eu parei de tentar explicar.
Gazie a Dio que ela vai fazer uma longa viagem daqui a algumas semanas, finalmente vou ter um descanso longo e merecido dessa encheção de saco.
Me vesti rapidamente e saí do seu apartamento a caminho do meu.
Cheguei em casa bem rápido e corri para o banheiro me arrumar da melhor forma possível, passei o perfume que a Stella me deu no meu último aniversário e peguei os dois presentes dela, uma caixinha de música com uma bailarina dançando no centro e um buquê pequeno de tulipas.
Ela disse que sempre me imaginou com um cheiro amadeirado e cítrico e não apenas amadeirado como eu sempre uso, quando ela me entregou a caixa do perfume explicou pelo menos três vezes que não estava querendo dizer que não gosta do meu cheiro, mas que a fragrância que ela escolheu simplesmente parece ter sido feita para mim.
Eu dei uma risadinha e transformei esse perfume no meu favorito, uso apenas em ocasiões especiais.
Eu me apeguei bastante a Stella por que ela é simplesmente a pessoa mais doce que eu já conheci na vida, isso deixa tudo mais leve. Não sei explicar de uma forma melhor.
Para mim ela soa como a audiência do caos, ela me acalma e me dá uma paz inexplicável e mesmo que eu saiba a todo momento que eu não mereço não consigo me negar esses momentos.
Decidi ir a pé mesmo, eu sou praticamente vizinho do meu pai e a reunião vai ser lá. A Ana tentou convencer a Stella a fazer uma festa de verdade já que ela nos confidenciou que nunca teve uma festa de aniversário, mas como sempre ela recusou veemente alegando que a nossa família é toda a lista de convidados de que ela precisa.
Cheguei na porta da casa e entrei sem bater dando de cara com o tipo de energia caótica que apenas a família Fontenelle possui.
Rael fez dois aninhos e já é dono de uma personalidade muito forte e dominante, desde que aprendeu a andar de nega a permanecer no colo de quem quer que seja por muito tempo, o que leva constantemente a momentos como o que está acontecendo agora.
O pequeno correndo a todo vapor fazendo a sua mãe correr atrás dele tentando acompanhar a sua velocidade.
Marco, tio Peppe, meu pai, tio Conrad e o Lucien estão jogando dardos tentando acertar uma maçã um na cabeça do outro.
Já a maior parte das mulheres da família, tia Natasha, tia Luara, Bea, Pen e Isa estão colocando alguma música bem alta e comendo diversos docinhos.
Enquanto isso a Ana continua correndo atrás do pequeno Rael e não parece ter nenhum indicio de que isso vá mudar tão certo.
Me aproximei das mulheres com um sorriso no rosto.
— Onde está a aniversariante?— Perguntei ainda sorrindo olhando a decoração que elas fizeram de uma das meninas superpoderosas.
Mais precisamente a lindinha.
— Está trocando de roupa querido, acredita que ela não queria vestir nada azul para combinar com o tema?— Tia Luara disse refletindo uma falsa indignação.
Como eu já disse, a Stella nunca quis que fizéssemos uma festa para ela, e eu sei que é por que ela não sabe lidar muito bem com momentos onde ela é o centro das atenções.
O que é um disparate sem limite, ela é uma estrelinha, tem um brilho próprio e se destaca no meio de uma multidão sem nenhum esforço.
Eu ia responder quando um barulho relativamente alto soou na escada atraindo a minha atenção para lá.
Sorri no mesmo momento.
A Stella está lá, parada com um sorriso completamente sem graça tentando se forçar a parecer relaxada na frente de todos.
— Anjinho.— Meu pai disse com um sorriso gigante no rosto deixando a brincadeira dos dardos de lado caminhando até a Stella para ajudá-la a descer as escadas.
O meu pai desenvolveu um carinho gigantesco pela Stella nesse tempo em que ela está conosco, é óbvio que depois que eu voltei para a minha casa as fofocas e especulações sobre a relação deles piorou fortemente, inclusive fora da famiglia no mundo exterior várias matérias sensacionalistas saíram com uma manchete duvidosa sobre isso, algo como "poderoso milionário Tom Fontenelle assume relacionamento sério com uma ninfeta italiana". Eu achei absurdamente ofensivo, fiquei com muita raiva e acabei socando alguns repórteres que eu encontrei na rua.
Tá bom, eu não encontrei na rua, eu literalmente fui na agência determinado a bater na maior quantidade de envolvidos.
Quando eu falei ao meu pai a minha atitude ele disse que eu só fiz perder tempo, segundo ele pessoas de mente inferior e podre nunca vão conseguir entender o tipo de carinho que ele sente pela Stella, então não vale a pena perder a cabeça.
Boatos em algum momento se provam exatamente o que são: grandes mentiras de mentes maldosas.
O meu pai praticamente adotou a Stella, e nunca a olharia de uma forma diferente da maneira como olharia para uma filha do próprio sangue.
Desde aquela conversa com o meu pai eu simplesmente parei de dar ouvidos aos comentários e comecei a focar nas coisas boas que tem acontecido, o meu pai está tendo uma companhia diária.
— Grazie a todos por estarem aqui.— Stella disse com a voz melodiosa e um pouco envergonhada dando uma olhada geral antes do Rael aparecer absolutamente do nada correndo e se chocando com força contra as pernas dela a derrubando praticamente em câmera lenta diretamente com a bunda no chão.
— Você tá bem?— Perguntei prendendo o riso indo ajudá-la a levantar.
— Eu tô ótima, o Rael me deu parabéns do jeitinho especial dele.— Ela disse de forma meiga.
Algum dia ela vai ser uma ótima mãe para algumas criancinhas, o que é um grande feito já que ela não teve uma mãe e nem tão pouco um bom pai.
— Dicupa tia, eu tava bincando de competição de corrida e a mamma tava perdendo. — Rael disse sem traços de arrependimento, apenas justificando o fato como se quisesse dizer que a culpa era inteiramente dela por estar no caminho.
— Tudo bem querido, da próxima vez eu vou me lembrar de sair do meio da pista de corrida.— Stella disse sorrindo.
— Isso tia, a senhola nhão sabe, mas pistas de corrida nhão tem queba-molas.— Rael disse de uma forma tão sincera que fez todos cairmos na gargalhada mais sincera e verdadeira.
Esse menino é um prodígio!
Oi meus amoressss tudo bem??
Sejam bem vindos a mais uma história dessa família linda, estou muito animada com esse novo começo. Não esqueçam de votar e comentar MUITO viu ♥️
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O Príncipe Monstro - Livro 2 da série: Família Fontenelle
RomanceDois anos após o ocorrido Domenico ainda é atormentado por pensamentos e lembranças terriveis e principalmente pela culpa. Uma das poucas fontes de alegria e paz que ele possui além da sua família, é a relação de familiaridade que foi construída com...