Domenico Fontenelle
— Tchau benzinho, vou sentir saudades.— Karla disse me dando um abraço apertado.
O quinto em menos de vinte minutos.
Eu não costumo ser contra carinho nem nada do tipo, na verdade eu gosto bastante, mas a Karla apesar de muito bonita e de ser uma companhia divertida em certos momentos tem verdadeiramente testado a minha paciência nos últimos anos.
O Marco diz que eu ainda estou com ela por ser mais prático ter sempre um caso garantido, e ele está certo, mas agora eu estou me perguntando se realmente vale a pena.
Eu nem gosto da Karla, meu envolvimento com ela deveria ter sido de acordo com o planejado, algo casual que duraria pouco tempo, ao invez disso estou nessa a mais de quatro anos.
Agora estou eu aqui no aeroporto as 6 da manhã por que ela insistiu que eu a trouxesse.
— Faça uma boa viagem, Karla.— Respondi me afastando dela gentilmente.
Eu já estou cansado desse envolvimento, é verdade, mas não é por isso que eu vou ser grosso com ela.
— Esses quatro meses vão demorar tanto para passar.— Ela disse fazendo um bico tristonho.
Eu não me lembro muito bem o motivo dessa viagem, se não me engano é algo relacionado a trabalho, mas não me permiti tentar enteder direito.
— Eu acho que vai passar bem rápido, em um piscar de olhos você já vai estar de volta.— Respondi com o sorriso mais simpático que eu consegui reproduzir. Pareceu funcionar já que ela também sorriu para mim abertamente antes de sair puxando sua mala na direção do avião.
Eu me sinto a pior pessoa do mundo deixando a garota viajar achando que tudo está as mil maravilhas. Eu nunca menti para ela, disso eu nunca perderia ser acusado, sempre disse a ela que não era nada sério e que teria limites, mas de certa forma eu ainda me sinto desleal com ela.
Ela colocou mais sentimento do que deveria nisso tudo, ninguém poderia negar já que isso está explícito para quem quiser ver, mas quando ela voltar eu vou colocar de uma vez por todas um fim definitivo nisso. Já passou da hora disso acontecer.
Terminar com a Karla assim que ela voltar vai ser a minha maior demonstração de responsabilidade afetiva para com ela, mesmo que com um pouco de atraso.
Tirei a chave do carro do bolso afim de chegar logo em casa e dormir mais um pouco antes de ir treinar com o Marco.
Mesmo dois anos depois da minha captura eu ainda não estou em plena forma, existem alguns movimentos que eu não consigo mais fazer da mesma forma que antes e não acredito que vá conseguir voltar a ter a mesma desenvoltura de novo, o médico foi bem claro ao dizer que vários nervos e alguns ligamentos foram comprometidos na brincadeira de que esperar.
Acontece que o meu primo não sabe aceitar um "não é mais possível" como resposta tem me feito treinar como um condenado desde que eu comecei a ter condições de voltar a essa rotina e de quebra me fez ser o segundo (depois dele mesmo) a treinar o Rael durante a semana, e aquele pestinha é tão incansável que consegue me fazer suar como um porco.
Me transformo automaticamente no próprio rabicó.
Decidi mudar a rota e ir para a casa do meu pai, já faz um tempo que eu estou precisando ter uma conversa com ele sobre como eu posso conseguir ser um subchefe melhor do que ele ou tão bom quanto ele.
Desde que eu me entendo por gente o meu pai fala da importância do meu papel na famiglia, eu sou o braço direito do Marco, o capo da máfia italiana, e isso é algo de muito peso, não é como se eu pudesse me dar ao luxo de ficar cometendo erros a torto e a direito por aí.
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O Príncipe Monstro - Livro 2 da série: Família Fontenelle
RomanceDois anos após o ocorrido Domenico ainda é atormentado por pensamentos e lembranças terriveis e principalmente pela culpa. Uma das poucas fontes de alegria e paz que ele possui além da sua família, é a relação de familiaridade que foi construída com...