Stella Marin
Eu estou sentada aqui olhando o movimento das pessoas de um lado para o outro e me perguntando de onde o meu tio tirou a ideia de que vários homens iriam querer conversar comigo hoje.
Já faz mais de uma hora que eu cheguei e nenhum deles fez mais do que arriscar alguns olhares furtivos como se estivessem com medo de serem pegos fazendo algo de errado.
Comecei a me sentir patética por ter acreditado na fantasia de ser tão requisitada assim.
— Tá se divertindo?— Dom perguntou finalmente aparecendo novamente, e com um sorriso grande e satisfeito no rosto.
— Onde você estava?— Não resisti e perguntei.
Duvido muito que ele estivesse com alguma mulher nos cantos do salão, isso não faz parte do comportamento dele, mas com certeza ele estava fazendo alguma coisa que prendeu muito a atenção dele.
Dom deu de ombros antes de responder, como se me antecipasse a resposta de que não estava fazendo nada demais.
— Conversando com algumas pessoas, nada de muito importante. Você não respondeu, tá gostando da sua primeira festa da famiglia? Eu soube que você foi bastante requisitada como possível noiva, algum dos pretendentes veio falar com você?— Ele perguntou aparentando estar interessado, e como de qualquer forma ele vai acabar sabendo eu não vi problema em responder.
— Eu não sei se divertido é a palavra certa, mas se tem uma coisa que eu sei é que o tio Peppe se enganou com a informação, nenhum desses homens veio falar comigo hoje.— Respondi olhando acusadoramente para o Peppe que parece completamente contrariado pela má passagem de informação.
— Dio mio, eu não errei nada, não faz o menor sentido, era pra eles estarem aglomerados aqui agora.— Ele disse colocando a mão no queixo claramente pensando nas possibilidades.
— Pode ser que tenha acontecido alguma coisa.— Tio Tom disse acompanhando o mesmo movimento do irmão.
— Talvez eles tenham percebido que não passam de vermes e protozoários insignificantes que não servem para alguém como a Stella.— Dom disse com um sorriso tentando parecer solícito na ajuda de pensamento.
— Claro que não, tenho certeza que eles só estão um pouco intimidados. Talvez se você der uma volta pelo salão.— Tia Natasha, a esposa do Peppe e mãe do Marco disse dando uma sugestão doce e carinhosa.
— Desculpa mamma, mas eu não acho que jogar ela de cabeça diretamente na cova dos leões seja a solução.— Bea disse bebendo um pouco da sua taça de vinho e eu concordei veemente com ela, tudo o que eu menos quero é ser obrigada a ficar andando por aí parecendo desesperada para que alguém venha conversar comigo.
Acho que seria a imagem da pura pena.
— Calma família, talvez não seja preciso tentar imaginar o que deu errado, olha só quem está vindo na direção da nossa mesa.— Ana disse animadamente olhando para a frente me fazendo olhar na mesma direção.
É o Nicco, ele é o chefe do lado norte do nosso território, ele está realmente longe de ser um dos homens de maior confiança do Marco aqui já que esses cargos já estão devidamente ocupados pelo Dom e pelo Henrique, mas é de confiança o bastante para permanecer como responsável por prestar contas de uma parte do território.
É uma grande honra, e mais importante que isso, ele é um homem muito poderoso.
Quando ele chegou a nossa mesa deu um olhar demorado para o Domenico, o que me deixou sem entender absolutamente nada, e depois voltou o seu olhar para mim colocando no rosto um sorriso simpático.
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O Príncipe Monstro - Livro 2 da série: Família Fontenelle
RomanceDois anos após o ocorrido Domenico ainda é atormentado por pensamentos e lembranças terriveis e principalmente pela culpa. Uma das poucas fontes de alegria e paz que ele possui além da sua família, é a relação de familiaridade que foi construída com...