Domenico Fontenelle
Eu tenho que admitir, eu até que gostei desse negócio de carnaval, tem tudo o que eu sempre gostei antes desse sequestro.
Farra, bebida pra caramba, muita música, e mulher seminua.
Claro que eu estou sendo um bom moço e ignoro a última parte, combinei que vou sair com a estrelinha essa semana e eu vou fazer isso da forma correta. Isso significa que não vou se quer olhar para outra mulher que não seja ela, assim ela vai ver que merece coisa melhor e vai dar logo um pé na bunda do imprestável.
O plano é perfeito, não tem como dar errado.
Meu celular tocou enquanto eu me arrumo, a Ana me deu uma fantasia de deus grego hoje, eu ri bastante antes de aceitar usar.
Até eu sei que é uma fantasia comum de ver.
Olhei para a tela do celular, revirei os olhos e bloqueei novamente, eu preciso resolver isso logo.
A Karla vive me ligando e eu raramente atendo, esse "relacionamento" já acabou a muito tempo e eu preciso dizer isso a ela, é o certo a se fazer, mas eu não posso simplesmente terminar por telefone, acho que seria pouco digno e com certeza mostraria pouco respeito por ela.
Lógico que eu não atender o telefone também demonstra um certo desprezo, mas não dá para agir diferente, se eu atender e falar com ela como se eu não estivesse pensando no término seria uma coisa muito errada da minha parte.
Além do que eu não quero que a Stella pense que eu sou um canalha. Não quero mesmo.
Terminei de me arrumar e guardei o celular na calça, eu vou ter tempo de pensar nisso com mais calma depois.
Fui para a cozinha comer e encontrei toda a família reunida, mas a fantasia da Stella me chamou atenção.
Ela está vestida de estrelas. Literalmente a minha estrelinha.
Sorri feito um bobo e fui caminhando até ela.
— Eu adorei a referência, estrelinha.— Falei ainda sorrindo e ficando cada vez mais contente por ela estar sorrindo de volta.
Marco forçou um pigarro nos trazendo de volta a órbita.
— Ei, vocês dois não vão comer, não?— Ele questionou colocando um pedaço de queijo na boca.
Eu ia mandar ele ir a merda, mas a minha barriga roncou e fez um barulho muito alto, então decidi só ir comer logo.
Eu já estou a muito tempo sem ingerir nenhum alimento, a última vez que eu comi foi as 4 da manhã, e agora já são 8.
Como eu sempre tenho pesadelo, acabo acordando várias vezes durante a noite, e em todas essas vezes eu acabo parando na cozinha para comer alguma coisa enquanto reflito sobre o inferno que são esses pesadelos durante todas as noites.
Deve ser uma maneira do próprio Dio me castigar por tudo o que aconteceu, principalmente pela morte do Enzo.
— Vamos logo por que segundo dia de carnaval é ótimo!— Ana disse animada.
Assim que ela calou a boca um homem entrou na na cozinha depois de dar uma leve batida na porta.
Estreitei os olhos tentando me lembrar dele, acho que o conheci quando nós viemos para oficializar o noivado da Ana com o Marco, e se for ele mesmo o meu primo não vai ficar nada feliz.
— Desculpe atrapalhar, o seu pai me disse para acompanhar vocês hoje.— Ele disse alternando o olhar entre a Ana e o chão.
Marco provavelmente teve uma epifania e se recordou do homem no mesmo momento.
— Julio, o seu nome, não é?— Ele perguntou se colocando atrás da sua esposa como se quisesse marcar território.
O Júlio levantou o olhar para o meu primo e a hostilidade entre eles não parece ter diminuído, mesmo a Ana já estando casada com o Marco a quase dois anos.
— Se já sabe por que pergunta?— Julio respondeu com o nariz em pé.
Prevejo uma grande confusão começando, isso não é nada bom para um dia festivo.
Fora que o Marco com certeza mataria o homem.
— Bate nele, papa.— Rael disse com a expressão de raiva, aproveitou até para cruzar os braços para dar mais ênfase a sua raiva.
— Não filho, o papa não vai bater em ninguém.— Ana disse se colocando na linha de fogo, para impedir uma confusão maior.
— Então eu bato.— Rael disse tentando se soltar da mãe.
Fui para a frente e peguei o garotinho valente no colo.
— Você não vai se desarrumar todo né? Como vai arrumar uma namorada assim?— Falei para distrair o garoto.
— Mama sempre diz que até desarrumado eu sou bonito.— Ele disse com sua voz de criança fazendo todos nós rirmos, inclusive os dois brigões.
É, as crianças podem resolver tudo, com certeza.
Terminamos de comer e fomos nos dividir nas caminhonetes para ir ao tão esperado bloquinho de carnaval.
Em geral a festa acabou sendo como a de ontem, várias pessoas dançando, bebendo e dando beijos em estranhos, jogando glitter e confete pra cima. O tipo de festa que eu teria adorado se estivesse prestando atenção em alguma coisa.
Eu preciso admitir, mesmo que apenas para mim, que a minha cabeça está bem longe, horas na frente na verdade. Passei a tarde inteira pensando no que eu a estrelinha vamos fazer hoje, e nada de muito brilhante me veio a mente.
Eu queria impressionar, mas acho que isso não funcionaria com ela, afinal não é qualquer garota que eu conheci por aí, é a estrelinha. A minha estrelinha, e ela me conhece melhor que qualquer pessoa para cair nesse fajuto.
Então eu percebi uma coisa, a Stella não é do tipo que precisa de coisas grandiosas em um encontro, precisa apenas que seja verdadeiro.
Um encontro verdadeiro, sendo simplesmente como eu sou sem tentar mascarar alguma coisa ao meu respeito é uma coisa que eu nunca fiz e é por isso que a estrelinha merece que seja assim.
Um encontro sincero e verdadeiro.
Quando o pensamento realmente se materializou na minha mente e se tornou uma decisão uma sensação totalmente desconhecida começou a invadir o meu corpo. Uma espécie de satisfação eu acho, praticamente beirando a felicidade e a animação.
Sorri para mim mesmo, já faz tanto tempo que eu não fico feliz de verdade, eu fico constantemente contente, é verdade, mas a felicidade tem passado longe de mim nos últimos anos.
— Ei estrelinha, tá pronta pra ir?— Perguntei me aproximando dela e tendo que manter a minha voz mais alta e menos suave do que eu gostaria devido a música extremamente alta.
Ela sorriu para mim e balançou a cabeça afirmativamente começando a me seguir para longe do barulho.
— E então, onde nós vamos?— Ela questionou assim que nos afastamos o bastante para ter uma conversa sem precisar gritar.
— É surpresa.— Respondi simplesmente empinando o nariz em uma fingida altivez só para deixá-la curiosa.
— Você está fazendo muito mistério.— Stella respondeu sorrindo para mim.
— Você vai gostar, pode confiar.— Respondi estendendo o meu braço para que ela segure, e ela o faz logo em seguida.
Respirei fundo e continuei andando rumo a um grande encontro.
Oi amoressssssss, quem tá ancioso pra ver o encontro? Vocês tem palpites?
Não esqueçam de votar e comentar MUITO viu ♥️
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O Príncipe Monstro - Livro 2 da série: Família Fontenelle
RomanceDois anos após o ocorrido Domenico ainda é atormentado por pensamentos e lembranças terriveis e principalmente pela culpa. Uma das poucas fontes de alegria e paz que ele possui além da sua família, é a relação de familiaridade que foi construída com...