Capítulo 48

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Stella Marin

— Vai ficar chateada comigo agora?— Dom me perguntou como tem feito nos últimos dias, desde o acontecido na festa de noivado do tio Tom.

Hoje já é o casamento, eles não quiseram esperar muito para oficializar a união e eu achei ótimo, especialmente depois do grande show protagonizado por Dom e Nicco, a confusão foi praticamente tudo o que se ouviu a respeito da festa infelizmente,  e eu tenho me sentido muito culpada por isso e atribui uma parcela da culpa para a Bea também. 

Se ela tivesse ficado quieta nada disso teria acontecido, a grande atração do noivado teria permanecido os noivos e eu não teria que estar ouvindo tantos comentários maldosos sobre eu ter sido o pivô da briga por que segundo esses comentários, eu mantenho um relacionamento com eles dois.

 — Eu não estou chateada, já te disse isso, só não me sinto bem com o que eu estou ouvindo.— Retruquei enquanto prendo o meu cabelo em um coque alto.

— Eu não podia deixar ele te machucar sem revidar, e o meu pai concordou comigo.— Ele disse dando de ombros.

Dom na verdade é muito mais um homem preocupado e sensível do que um grosso como parece, por essa razão ele fica mantendo as atenções tanto nessa questão de eu estar com raiva ou não das ações dele. Eu sei que tenho o noivo mais prestativo e protetor que poderia, e sei que tudo o que ele faz é tentando me proteger de tudo e qualquer coisa, no entanto a minha irritação é completamente atribuída a forma como eu estou sendo vista por todos, eu não deveria me importar com o que estão falando sobre mim, nenhuma das palavras são verdade no fim das contas, mas eu não consigo evitar.

Pensar na quantidade de olhares maldoso que eu vou ter que enfrentar hoje quase me faz desistir de ir, mas eu me forço mesmo assim por que por mais que eu esteja enlouquecida com tudo isso não posso deixar que eles saibam que me atingem com tanta força.

Lucien e seus pais já chegaram para a cerimonia conforme o prometido, as garotas estão começando uma vida civil completamente do zero então não puderam estar presentes. Dom está um pouco nervoso pelo contato iminente com o seu primo e tenta não demonstrar, então eu vou direcionar a nossa conversa para esse ponto em especifico.

— Como se sente com a chegada do Lucien?— Questionei mudando completamente o rumo da conversa.

— Eu não vou conversar com ele hoje Estrelinha, ele ainda não está preparado para voltarmos a ser o que éramos antes e eu não vou forçar a barra.— Ele respondeu e eu assenti com a cabeça. 

Ainda acho que ele está complicando a relação deles mais do que o que deveria, um dos dois precisa dar o primeiro passo e insistir nisso, eu imagino que essa pessoa deva ser a menos machucada, nesse caso o Dom.

Obvio que eu sei que mesmo sendo o menos machucado ele sofreu e sofre muito com tudo o que aconteceu, mas o Lucien perdeu o irmão gêmeo, sua outra metade na vida, e agora ainda lhe resta a obrigação de ocupar tudo o que deveria ser do Enzo, claramente é quem mais vai carregar as feridas por toda a vida.

Eu não vou insistir, o Dom apesar de muito doce tem medo de ser rejeitado pelo primo e por isso vive colocando empecilhos em uma possível reaproximação, quando ele estiver pronto para dar o primeiro passo e insistir eu vou estar apoiando-o.

— Eu entendo, mas ao menos seja simpático e receptivo caso ele deseje falar com você.— Adverti tal qual uma mãe protetora e ele assentiu com um sorriso no rosto.

Nós estamos sozinhos na casa então não demoramos muito para sair na direção da casa do chefe da famiglia. Eu sugeri que a festa de casamento não fosse no mesmo lugar onde a desastrosa em nível colossal festa de noivado, mas a Rute garantiu que diminuíram a lista de convidados para que nada corra fora do controle, então não me restaram opções além de concordar.

— Finalmente vocês chegaram!— Ana exclamou erguendo as mãos para o céu dramaticamente quando nós atravessamos o rol de entrada e aparecemos em seu campo de visão.

A Ana tem uma, (na falta de uma palavra menos expressiva) obsessão por controle e ela usa e abusa disso em momentos festivos como o de hoje por que sabe que ninguém vai se atrever a criticar. Depois do pedido da Rute a Ana deu para o Rael a função de Pajem, e ele ficou muito honrado com a atividade participativa no casamento de seu nono Tom.

— Nós chegamos antes da noiva descer, hora perfeita coisinha perigosa.— Dom disse com um sorriso para a Ana lhe dando um abraço apertado estendendo a mão sorrateiramente para um dos docinhos. Para seu azar a primeira dama percebeu e lhe deu um tapa estalado na mão.

— Isso não é para agora!— Advertiu com a testa franzida assumindo a postura de mãe que ela usa com o Rael quando o garoto faz travessuras.

— Você é mesmo uma coisinha perigosa, malvada e cruel.— Ele acusou fazendo um bico de menino contrariado.

Enquanto ele ainda não pode comer lasanha devido a sua promessa ele tem dedicado o seu apetite a toda e qualquer comida que pareça saborosa.

—Sou mesmo, não apronte ou vai ficar de castigo.— Ana disse cruzando os braços e sorriu claramente debochando dele.

—Então quer dizer que não podemos roubar nem um docinho?— A voz do Lucien ecoou atrás de nós e tanto eu quanto o Dom nos viramos para olhar. E ai está ele, tão alto e tão bonito quanto eu me lembro, mas com certeza não se parece nada com o rapaz brincalhão e radiante que me contaram que ele era. Infelizmente eu não pude conferir pessoalmente por que quando o conheci ele já estava no começo dessa nova formatação.

Não sei muito sobre ele, apenas que é o novo indicado para o cargo de chefe e que que um racker de primeira.

— Primo! — Marco saldou aparecendo absolutamente do nada no meio do pequeno circulo que se formou.

— Eu não podia deixar de participar dessa rodinha da fofoca como nos velhos tempos.— Ele respondeu deixando seu lado na roda para vir ate mim e me abraçar. Fui completamente pega de surpresa, mas correspondi com alegria.

— Dio, você é menor do que eu me lembrava.— Ele comentou rindo sem me soltar.

— Por que esse abraço de urso nela?— Marco perguntou abraçando sua esposa pela lateral do corpo.

— É o meu jeito de dizer " seja bem vinda oficialmente a família", fiquei sabendo do noivado de vocês, parabéns.— Lucien me apertou mais uma vez e surpreendendo a todos foi abraçar o Dom também, com um grande sorriso no rosto.

— Grazie primo.— Dom respondeu parecendo estar desacreditado por tanta fraternidade por parte do primo.

— Não precisa agradecer, eu quero que você seja muito feliz. — Lucien retrucou parecendo extremamente sincero.

Antes de qualquer um de nós responder alguma coisa o Rael apareceu correndo e gritando que a "nona" Rute estava descendo.

O casamento foi lindo a pesar de ter sido uma cerimônia curta e objetiva, foi muito emocionante e eu tive a nítida impressão  de que eles vão ser mais que felizes.



O Príncipe Monstro - Livro 2 da série: Família Fontenelle Onde histórias criam vida. Descubra agora