Stella Marin
Eu nunca falei para ninguém da família, mas o verdadeiro motivo de eu não querer uma festa grande de aniversário é que eu não consigo gostar do dia em que eu nasci e não vejo motivos para comemorar isso.
Todos os anos no dia do meu aniversário o meu pai dizia para eu ignorar a data, que é só uma comemoração para pessoas idiotas e sem substâncias. Para uma criança ouvir isso não é fácil, então eu simplesmente parei de gostar do meu aniversário.
Eu sei que não é muito racional, mas eu raramente sou no tocante a isso.
Estiquei os braços para me apoiar no peitoril da varanda aproveitando a brisa fresca no meu rosto.
As vezes parece tão irreal que eu finalmente tenha coisas realmente boas na vida.
Não que eu reclamasse da minha vida antes, era a única realidade que eu conhecia e não era tão ruim até certo ponto, mas não é como se fosse realmente bom.
— Você saiu antes de receber o meu presente.— Ouvi a voz do Dom soar logo atrás de mim e abri um sorriso.
Ele e o pai dele tem sido para mim a melhor família que eu poderia querer.
Eu sei que ele tem muitos problemas para lidar, muitos demônios pessoais, mas mesmo assim ele sempre encontra um jeitinho de me ajudar.
A dois anos atrás eu estava inteiramente atrasada na escola já que eu simplesmente não tinha permissão de frequentar uma, eu me lembro que fiquei morrendo de vergonha quando contei isso para o capo, achei que ele fosse achar graça de mim, mas ao invez disso ele me ofereceu uma oportunidade de conseguir o diploma sem precisar fazer aulas com as crianças da famiglia.
Uma única prova poderia me dar o meu diploma, e eu queria muito isso, mas como eu nunca tinha frequentado a escola não fazia ideia de como funcionava o esquema de provas.
Justamente aí que o super Domenico entrou em ação, ele se ofereceu para me ajudar com os estudos dia e noite e graças a ele eu consegui passar.
Nunca vou ser capaz de agradecer o suficiente por tudo isso.
— Você sabe que não precisava me trazer nada.— Respondi com um sorriso, mas acabei me virando animada agora ver o que ele comprou para mim dessa vez.
Todos os presentes dele são de alguma forma especiais, o último foi incrível. Eu nunca tive bonecas quando pequena, e logo que eu cheguei aqui eles viram o primeiro filme da minha vida comigo, a noiva cadáver, pode parecer meio mórbido, mas eu adorei o filme, tenho um milhão de elogios para fazer e desde então eu decidi que iria colecionar bonecas de vários filmes começando por esse é claro, e ele achou por bem me dar de presente umas cinquenta bonecas de filmes diferentes.
Graças a ele a minha prateleira está enchendo muito mais rápido.
— E você sabe que não adianta me falar isso, eu sempre vou trazer alguma coisa.— Ele respondeu sorrindo me entregando primeiro um lindo buquê de tulipas, as minhas flores favoritas.
Olhei com carinho para o montante nas minhas mãos e em seguida para ele sem saber muito bem como agradecer o carinho.
— Por mim esse aqui já seria o presente perfeito.— Falei sinceramente.
Ele fez uma expressão como se tivesse achado o que eu disse uma grande e fofa bobagem.
— Elas vão acabar murchando, quero te dar um presente que dure mais do que três dias.— Dom disse estendendo uma caixinha na minha direção.
Coloquei as flores em cima da mesa de chá que eu fiz o tio Tom colocar na varanda e peguei a caixa.
Desfiz o lacinho com cuidado e olhei dentro, tem uma caixa toda ornamentada.
Quando abri me senti em um filme perfeito de fantasia como Peter Pan. É uma caixinha de música maravilhosa, daquelas que tem que dar corda em baixo para quando ela for aberta a bailarina do centro possa começar a dançar enquanto soa uma música linda e melodiosa.
Eu vi uma caixinha assim quando assistir Tinker Bell, e de alguma maneira ele adivinhou que eu desejei uma parecida.
— Eu amei Dom, você é ótimo em dar presentes.— Falei deixando a caixinha junto das flores para poder abraça-lo sem medo de derrubar o meu mais novo presente.
— Você merece o mundo inteiro estrelinha.— Ele disse afagando os meus cabelos com carinho.
As vezes eu paro para pensar o quanto eu sou sortuda por ter vindo parar aqui.
Existiam mil outras opções de destino para mim, todas igualmente desastrosas e desesperadoras, mas mesmo assim eu tirei a sorte grande de ser recebida aqui.
O tio Tom é o tipo de pai que eu nunca tive, ele sempre realiza qualquer mínima vontade que eu manifeste por que segundo ele, eu sou a princesinha da casa. E o Dom, bom, ele faz exatamente o mesmo que o pai dele, sempre está tentando deixar o mundo mil vezes melhor para mim, sempre que eu manifesto alguma vontade por mais boba que seja ele sempre dá um jeito de realizar imediatamente.
As vezes é desconcertante e eu sinto como se estivesse me aproveitando, no entanto eu nunca me senti tão cuidada quanto tenho me sentido.
Isso é valioso e é algo que eu não quero perder nunca, por nada na vida.
Espero que quando o Dom se casar a esposa dele não o impeça de ficar perto de mim.
— E você sempre dá um jeito de me dar mais que o mundo inteiro.— Respondi sorrindo sendo guiada pelo riso dele.
Resolvi me afastar um pouco, eu e ele somos próximos, mas eu não posso ficar pendurada nele o dia inteiro. Isso seria bem esquisito aos olhos das pessoas.
— Vou fazer isso sempre. Agora se você me dá licença eu vou aqui dentro pegar um pedaço de bolo e vários salgados antes que comam tudo.— Ele disse com uma cara de quem realmente acredita piamente no que está dizendo.
— Dio mio, você realmente acredita nisso?— Questionei prendendo o riso, claro que não obtive um resultado satisfatório por muito tempo.
Eu raramente consigo controlar a minha vontade de rir.
— Você tem dois anos morando aqui e ainda não aprendeu nada estrelinha? Eu cresci com esses mutantes e aprendi desde cedo que ou você é rápido ou não come.— Ele disse com sinceridade estampada nos olhos me fazendo arregalar os meus próprios.
Eu nunca parei para prestar atenção nesses mínimos detalhes. Já ouvi a Ana falando que o Marco e até o pequeno Rael comem mais do que um estômago comum seria capaz de suportar, mas eu jurava que era exagero.
Aparentemente eu estava errada.
— Então você não está sendo rápido o suficiente perdendo tempo conversando comigo, corra antes que acabe tudo!— Respondi incentivando a sua maluquice e rindo ainda mais quando ele fez um sinal afirmativo com a cabeça e saiu em disparada na direção das comidas.
Oi meus amoresssss, eu já estou super empolgada com esse livro kkkkkkkkk
Cheia de planossssssss
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O Príncipe Monstro - Livro 2 da série: Família Fontenelle
RomanceDois anos após o ocorrido Domenico ainda é atormentado por pensamentos e lembranças terriveis e principalmente pela culpa. Uma das poucas fontes de alegria e paz que ele possui além da sua família, é a relação de familiaridade que foi construída com...