O Príncipe Monstro - Livro 2 da série: Família Fontenelle

capítulo 25

Domenico Fontenelle

— Já interceptei qualquer mensagem que os chefes do cartel possam receber, qualquer uma vai passar primeiro pela minha supervisão antes de chegar até eles.— Lucien disse atravéz da chamada de voz.

Marco é uma pessoa bastante metódica quando se trata de planejamento de ações, mesmo que sejam consideravelmente infimas, a Ana disse que ele ficou ainda mais exigente depois do plano do meu resgate não ter saído de forma perfeita, afinal acabamos perdendo o Enzo de uma forma realmente terrível.

Eu não me aprofundei na questão, não perguntei e não quis saber mais nada a respeito, apenas engoli o bolo de culpa e desconforto que se formou na minha garganta e comentei que ele ser um chefe tão metódico é o que garante que as nossas cabeças continuem sobre os pescoços.

Chefes imprudentes arrastam a todos para a cova.

— Ótimo, não esqueça de nós avisar sobre qualquer alteração.— Marco disse usando a sua voz de comando, é bem diferente da forma como ele é durante os dias corriqueiros.

— Pode deixar, ah, e antes que eu me esqueça, tenho uma notícia para dar a vocês, as meninas decidiram que vão viver uma vida mundana, estão as duas abandonando o negócio da família.— Ele contou parecendo bastante conformado com a decisão das irmãs.

Ao contrário de mim com certeza, me engasguei com o refrigerante que eu estava bebendo e comecei a tossir até finalmente sentir que melhorei.

Não existe nenhum registro de nenhuma das partes da nossa família que tenha feito algo do tipo, e também não acredito que seja comum na máfia escocesa, então não faço a menor ideia do que pode ter funcionado como um catalizador para essa decisão.

— Não que ser um bando de mafiosos inescrupulosos seja um negócio muito limpo, mas é bem rentável. Elas decidiram sair por que?— Marco questionou e a única coisa que denuncia a sua surpresa são as sobrancelhas franzidas, fora isso ele está perfeitamente inescrutável.

Ao menos ele consegue falar, o que já é bem mais do que o que eu consigo.

— Elas decidiram viver como sivis, vão começar uma faculdade e vão se abster de qualquer coisa que envolva ações criminosas. — Lucien explicou um pouco melhor a decisão de suas irmãs.

— E tudo bem por vocês?— Perguntei sem conseguir me segurar, se as garotas vão mesmo sair da máfia então sobrou toda a responsabilidade apenas nas costas do Lucien.

— Claro, queremos que elas sejam felizes e a probabilidade disso acontecer é maior se forem apenas pessoas comuns. O mais comum possível pelo menos.— Eu entendi o ponto de vista então respondi que independente de qualquer coisa continuamos sendo a família delas, e isso independe delas estarem fazendo parte da atividade mafiosa ou não.

Em seguida a ligação foi encerrada, o Marco achou por bem deixar essa grande notícia apenas entre nós dois por hora, estamos a beira de algo muito importante e ele não quer que absolutamente nada possa abalar os planos.

Posteriormente todos acabariam sabendo de qualquer forma.

— Buongiorno, senhor Fontenelle, Henrique Moretti, chefe da segurança, se apresentando para o serviço.— Henrique disse anunciando a sua presença imediatamente depois que passou pela porta de forma bastante formal, o que geralmente é dispensado quando não estamos na frente dos membros mais exigentes da cosa nostra.

— Grazie Henrique, mas não é necessário tanta formalidade, você sabe.— Marco respondeu e assim o homem a nossa frente relaxou um pouco.

Mesmo que nós o consideremos como amigo ele não parece muito convencido disso, ou talvez ele só esteja pouco a vontade em estreitar laços com os seus chefes.