Capítulo 52

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Domenico Fontenelle


Cansamos de deixar o Enzo contar tudo o que viver nos últimos dois anos antes de leva-lo ao hospital, ver o quanto seus dentes travavam de dor toda vez que tentava fazer um movimento um pouco mais brusco me deixou nervoso assim como ao Marco, grazie Dio. Então a nossa vontade prevaleceu, não a do Enzo e por isso estamos a mais ou menos trinta minutos na sala de espera ouvindo ele gritar e xingar os médicos que estão quebrando os seus ossos.

Achei por bem deixar a Stella longe disso por enquanto, não quero que ela conheça o meu primo nesse estado então falei vagamente que tinha coisas para resolver com o Marco e a deixei cuidando das coisas do casamento.

Logico que com o que o Enzo disse sobre o problema maior ser o Nicco agora, eu a deixei sob uma cuidadosa supervisão liderada por minha prima Bea.

- Está com raiva? - Perguntei ao Marco depois que os gritos cessaram.

Ele está expirando de maneira irritadiça desde que chegamos aqui então a minha pergunta foi um tanto quanto idiota, porem eu acho que vai ser melhor ele colocar para fora antes de podermos entrar para ver o Enzo, Marco não é muito adepto da paciência e vai continuar as perguntas com o nosso primo mesmo que ele esteja exausto. Foi exatamente por isso que ainda não avisamos a ninguém que ele está vivo, ninguém deixaria o Marco saber tudo o que quer.

- Eu estou furioso! Estamos a anos atrás de alguém que esta morto, Domenico. Morto. E nem fomos nós que o matamos. O Nicco nos fez de idiotas por bastante tempo e eu não consigo suportar isso! - Entendi imediatamente o que está deixando o meu primo aflito.

Ele não quer ser visto por todos como um líder fraco,  um capo a quem todos podem enganar. Claro que nada nessa constatação é verdade, nós apenas não trabalhamos com a ideia de ter outra pessoa envolvida na armação do golpe contra nós, e infelizmente essas coisas podem acontecer.

- O importante é que agora sabemos, e vamos pega-lo. Primo, temos o Enzo de volta, vamos focar na única parte boa desse problema gigante. - Falei com calma e ele concordou veemente, afinal ele foi o único que seguiu acreditando que o Enzo estava vivo.

Antes que o Marco pudesse responder alguma coisa um medico se aproximou de nós, um senhor grisalho que cuida a anos de nossa família.

- Ele já está devidamente medicado e com os curativos feitos, podem entrar no quarto seis que ele está esperando já que dispensou os analgésicos que lhe dariam sono.

Assentimos com a cabeça e entramos no quarto indicado por ele.

Enzo está deitado em uma maca parecendo sentir dor demais para fazer qualquer coisa que não ficar deitado com o braço e a perna quebrados engessados devidamente apoiados em uma almofada.

Uma cena muito triste, mas infelizmente não podemos deixar ele descansar.

- Como se sente?- Marco questionou puxando uma cadeira para perto da cama.

- Como se um trator tivesse me atropelado umas cinquenta vezes. - Retrucou com um sorriso debochado no rosto.

- Eles te entupiram de remédio, aposto. - Comentei puxando uma outra cadeira.

Tem tenta coisa que eu quero dizer a ele, tantos pedidos de desculpas que eu simplesmente travei e não conseguir entrar nesse assunto.

- Primo, eu preciso saber de tudo. - Marco começou cuidadosamente e Enzo assentiu com a cabeça confirmando.

- Pergunte o que quer saber, vou contar absolutamente tudo. 

- Certo. Como conseguiu fugir?- Começou e eu me calei para ouvir todo seu relato.

- Como eu disse na casa do tio Tom, eu fiquei preso por dois anos e só consegui fugir a poucos meses. Durante bastante tempo eles me deixaram no modelo padrão para os interrogatórios, com os braços pendurados no teto por correntes, depois de um tempo quando eles perceberam que eu acabaria morrendo de exaustão me colocaram em uma sala com uma vigas de ferro. Nos dois primeiros meses eu fiquei observando os guardas, fazendo a contagem de tempo que eu geralmente ficava sozinho e foi ai que eu consegui montar o plano, mas antes de tudo eu precisava recuperar o meu localizador para tentar concertar, assim um de vocês poderia me encontrar.  Peguei um arame e guardei, encontrei o meu localizador jogado próximo aos instrumentos de tortura e fugi durante a troca de guardas depois de conseguir abrir a tranca com o arame. Me escondi em um parque ate anoitecer e peguei aquele galho para usar como muleta improvisada,  depois eu me escondi em uma casa abandonada para tentar arrumar o localizador com o grampo, e se o Marco me encontrou é por que deu certo. -  Ele concluiu sua fala com um floreio exagerado com a única mão boa.

- Ouviu mais alguma coisa importante? - Marco questionou.

- Tudo o que ele falava na minha frente eu já contei, para todos os efeitos eu acredito que a localização do cativeiro deva ter mudado agora que eu fugi. Teve uma moça que estava lá, e eu não consegui fazer nada para ajuda-la. - Antes que ele pudesse falar mais alguma coisa sobre essa moça em questão, eu achei por bem entrar no mérito de culpa que me cabe, o quanto antes eu me livrar disso melhor vai ficar a minha vida.

- Enzo, eu sei que nada do que eu diga pode apagar o que aconteceu, mas eu preciso me desculpar com você. Se eu tivesse contado sobre as ameaças nenhum de nós teria sido pego e você não teria passado dois anos sofrendo como um animal. Acredite, se eu pudesse trocaria de lugar com você. - Falei despejando tudo de uma vez. Desde que nos encontramos ele não pareceu me culpar por absolutamente nada, e isso faz com que eu me sinta ainda pior. Per Dio, qualquer pessoa que vivesse tantos sofrimentos acharia muito pertinente culpar a alguém, por que ele não?

- Dom, eu não desejaria o que eu passei a ninguém, muito menos a você. Eu não me arrependo de ter ido te salvar e me sinto orgulhoso por ter aguentado tudo o que eu aguentei sem abrir a boca. Eu fui esfaqueado, chicoteado,  queimado e espancado, mas permaneci firme por nossa família. - As palavras dele deveriam ter me deixado mais tranquilo com relação a minha culpa, mas na realidade quando ele disse mais uma vez o que passou eu me senti ainda pior.

Resolvi assentir com a cabeça em forma de agradecimento e fiquei em silêncio.

- Você falou sobre uma moça, acha que conseguimos resgata-la? - Marco questionou já sabendo que a resposta a seguir vai ser uma negativa.

- Ele é muito mais cruel do que eu imaginava, primo. Ele sequestrou uma garota loira que não tinha nada haver com a ira dele e a fez sofrer de formas infinitamente cruéis. Primeiro espancou a garota e a pobre só sabia gritar por misericórdia por que não sabia nem o motivo de estar ali. Ele a estuprou inúmeras vezes e sempre espancava ela. Todos os momentos ele a chamava de Stella e é por isso que você tem que ter todo cuidado com a sua noiva, Primo. A pobre jovem morreu por não suportar mais tantos maus tratos.







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O Príncipe Monstro - Livro 2 da série: Família Fontenelle Onde histórias criam vida. Descubra agora