Stella Marin
Continuei olhando fixamente para o Nicco sentindo aquele mesmo frio na espinha que eu senti quando terminei o que nós nem tínhamos começado.
Eu não gosto dele, me sinto assustada.
É quase como um pressagio de algo ruim.
— Estrelinha, você esta bem?— A voz de Dom me chamou de volta.
Olhei para ele e percebi que ele nem mesmo percebeu o que estava acontecendo, isso é bom, se ele perceber a festa vai ser estragada por uma briga que eu não vou ser capaz de controlar sozinha.
— Tutto bene, eu só fiquei encantada com a festa.— Retruquei voltando a olhar para o mesmo ponto procurando aquele par de olhos ameaçador e não os encontrei. Ele saiu dali.
Isso poderia ser uma coisa boa se cada átomo do meu corpo não estivesse gritando que ele pode estar observando cada movimento meu, escondido no meio das pessoas.
— Tem certeza?— Questionou para se certificar, mas o Dom me conhece tão bem que eu posso apostar que ele sabe que eu estou escondendo algo que ele deveria estar sabendo, mas eu não quero correr o risco de estragar toda a comemoração do tio Tom.
— Absoluta, vamos conhecer a Rute.— Retruquei com um sorriso fingido no rosto me sentindo mal por mentir para ele.
Se fosse ele mentindo para mim eu me sentiria péssima também, e com bastante raiva com certeza, mas eu me convenci que estou fazendo o que é certo e melhor para o meu tio.
Não esperei resposta e sai puxando o Dom pelo braço para evitar mais perguntas, se eu o mantiver ocupado o bastante ele vai acabar esquecendo disso.
— Pappa.— Ele disse chamando a atenção de seu pai que estava virado de costas em uma conversa aparentemente muito interessante com um dos membros do concelho.
— Filho, Querida, finalmente chegaram.— Quando ele se virou para nos olhar uma mulher saiu de trás dele, aparecendo para nós com um sorriso simpático no rosto, pelo vestido branco eu deduzi se tratar da noiva.
— Você deve ser a Rute.— Dom disse estendendo a mão para ela de maneira muito simpática e receptiva, notei pela respiração acelerada da mulher que ela estava absurdamente nervosa com essa interação, como se tivesse medo que o Dom não gostasse dela.
— Sim sou eu, eu admito que estou morrendo de medo que você não goste de mim.— Ela admitiu com a voz trêmula de nervosismo me fazendo rir.
— Você faz o meu pai feliz, então é claro que será bem recebida na nossa família. A propósito essa é a Stella, minha noiva. Meu pai cuida dela como filha então você vai vê-la com bastante frequência.— Dom comentou com um sorriso brincalhão que eu desconsiderei completamente após me prender na frase "minha noiva".
Ele ainda não tinha me apresentado assim a ninguém, e cazzo! Nunca vou ser capaz de controlar as borboletas no meu estômago ao ouvir isso.
— Ele fala bastante dela, de vocês dois na verdade. Domenico, você é a pessoa mais importante da vida dele e eu quero que saiba que eu não tenho a pretensão de ocupar o lugar da sua mãe nem na sua vida nem na do seu pai, mas se quiser ver em mim uma amiga isso será muito bem vindo.— Rute disse com aparentemente mais calma, como se estivesse apenas precisando despejar isso de uma vez para se livrar do peso da preocupação.
Ela é uma mulher de mais idade, aproximada da do meu tio, mas continua bonita como com certeza era durante os anos de juventude.
Dom não respondeu, simplesmente soltou a minha mão e caminhou o curto percurso até ela jogando os seus braços a volta da noiva do tio Tom a apertando em um abraço de urso.
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O Príncipe Monstro - Livro 2 da série: Família Fontenelle
RomantikDois anos após o ocorrido Domenico ainda é atormentado por pensamentos e lembranças terriveis e principalmente pela culpa. Uma das poucas fontes de alegria e paz que ele possui além da sua família, é a relação de familiaridade que foi construída com...