Domenico Fontenelle
Tudo o que eu consegui descansar foi durante o percurso da viagem, assim que pousamos em solo italiano fui bruscamente despertado pelo meu primo para retomar o trabalho com afinco.
Eu não reclamei, sempre soube que o posto de subchefe da famiglia traria muitas responsabilidades, muita exaustão e pouco tempo para luxos como noites de sono bem dormidas. Desde que assumi o meu cargo na me lembro de ter dormido mais de 5 horas em uma noite nenhuma única vez.
Nós nem chegamos a ir para as nossas casas, fomos direto para o galpão, é melhor que quando o Daniel acordar ele já esteja muito bem preso, pronto para ser torturado até que responda as nossas perguntas. Eu particularmente espero que ele demore bastante para abrir o bico, já faz um bom tempo que não temos um interrogatório sangrento do jeito que nós gostamos.
É uma pena mas parece que o "vilões" estão cada vez menos resistentes a dor, ou talvez nós estejamos ficando mais cruéis com o passar do tempo.
— Diga aos soldados como é para prende-lo primo, a Ana está me ligando já faz duas horas e eu posso apostar que é o Rael que está com o celular na mão.— Assenti com a cabeça aceitando a função.
Essa é uma das coisas que eu mais admiro no meu primo, ele é um excelente chefe, ninguém tem como argumentar contra isso, mas ele incrivelmente consegue ser um pai ainda melhor.
O céu pode estar caindo em sua cabeça, e ainda assim ele não colocaria nada além da sua família.
— Tirem as roupas dele sobrando apenas a cueca, e o prendam pelos braços no teto com correntes firmes, ele vai tentar se soltar durante o interrogatório e não queremos surpresas desagradáveis.— Dei as instruções para os soldados que prontamente as seguiram.
Ótimo, uma cadeira seria confortável demais para alguém que ousou se levantar contra nós, ele merece ficar pendurado pelos braços como um animal pronto para o abate.
Eu, que nunca fui um traidor, tive que ficar assim por meses... Por que alguém que realmente merece não ficaria?
Assim que os soldados terminaram de fazer o que eu mandei o Marco retornou para perto de mim com o rosto cansado e divertido ao mesmo tempo.
— O que aconteceu?— Perguntei já imaginando o que pode ter sido.
— O Rael queria saber por que eu ainda não cheguei em casa já que eu prometi que levaria ele na aula de karate hoje.— Meu primo disse e eu franzi a testa confuso.
Quando foi que essa criança começou a fazer aulas de karate? O Rael pode ter somente dois anos, no entanto sabe golpear qualquer pessoa com uma destreza impressionante.
— Mas não eram aulas de futbol?— Questionei olhando para o meu primo.
— Era até semana passada, mas ele chutou a bola com muita força no rosto de um coleguinha que errou um gol e foi expulso.— Marco respondeu como se isso não fosse nada demais.
Pelo amor de Dio, o filho dele foi expulso!
Se bem que eu não acho que chutar uma bola em alguem seja motivo o sufiente para expulsar uma criança.
— Ele foi expulso por causa de um chute em uma bola? Se ele tivesse chutado a criança tudo bem, ainda não seria motivo de expulsão, mas seria mais compreensivel.— Respondi estranhando o motivo do meu primo não ter ido pessoalmente na escolinha demitir todo o corpo docente para que ninguem ousasse agir de maneira errada com o pequeno herdeiro italiano novamente.
— Ele quebrou o nariz do garoto, Dom. Eu não teria aceitado a expulsão, poderia facilmente comprar quem quer que fosse para que isso não resultasse em nada.— Meu primo se interrompeu sozinho me deixando um tanto curioso sobre quais seriam suas proximas palavras.
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O Príncipe Monstro - Livro 2 da série: Família Fontenelle
RomanceDois anos após o ocorrido Domenico ainda é atormentado por pensamentos e lembranças terriveis e principalmente pela culpa. Uma das poucas fontes de alegria e paz que ele possui além da sua família, é a relação de familiaridade que foi construída com...