Stella Marin
Achei que a terceira guerra mundial iria eclodir no meio da sala de estar quando o Domenico contou a novidade.
Por mim nós teríamos esperado alguns dias para contar, deveríamos ter aproveitado a felicidade do tio Tom para comemorar com ele essa nova fase em sua vida, mas o Dom não possui o dom da paciência.
Sem nenhum aviso prévio a expressão do tio Tom passou de completo choque para algo ainda mais surpreendente e assustador.
Ele está contente.
— EU SABIA!!!! EU GANHEI, VOCÊ PERDEU!— Ele ergueu as mãos em comemoração completamente estonteante enquanto aponta o dedo para o irmão Peppe gargalhando por ter vencido.
— Que porcaria! Não acredito que perdi tanto dinheiro.— Peppe reclamou olhando para a sua esposa contrariado.
Espera, como assim ele perdeu dinheiro? Do que esses dois estão falando?
— O que é isso? De que vocês estão falando?— Perguntei com a voz baixa, morrendo de medo que ambos estejam completamente instáveis e fora de seus juízos perfeitos. Bom, não que gangsters já tenham tido o juízo perfeito em algum momento da vida.
— Logo depois que te resgatamos eu e o meu irmão incrivelmente perdedor fizemos uma aposta sobre vocês dois. Eu cometei o quanto ficaria feliz caso vocês ficassem juntos algum dia, e eu literalmente afirmei que isso aconteceria, mas o Peppe disse que isso não iria acontecer e que eu deveria deixar de ser iludido, resumindo fizemos uma aposta milionária e eu ganhei por que sou um maravilhoso gênio.— Tio Tom terminou de falar com um floreio exagerado de mãos, o seu sorriso está tão largo que beira a psicopatia.
Ainda estou atônita e ao que parece o Dom está com a mesma reação que eu.
Tanto eu quanto ele achávamos que a notícia não seria muito bem aceita.
— Eu estou chocada.— Bea disse depois de longos minutos em silêncio, como se estivesse absorvendo a notícia a seu próprio modo. Ana a acompanhou nosso é claro, eu fiquei surpresa por essa não ter sido a reação de todos.
— Eu já sabia.— Marco comentou com um sorriso convencido no rosto recebendo em resposta um tapa estalado no braço deferido por sua doce e delicada esposa.
— Como assim "ja sabia?"
— É, como assim?— Ecooei a mesma pergunta que ela, mas dessa vez direcionada para o Domenico que teve a cara de pau de apenas dar de ombros e coçar o pescoço despreocupadamente.
Ótimo, então em algum momento eu estava achando que estava sendo o modelo do disfarce no que diz respeito ao nosso envolvimento, e ninguém mais ninguém menos que o próprio chefe da famiglia já sabia de absolutamente tudo.
— Ai amore, eu não podia contar, o segredo não era meu!— Marco protestou arrancando sorrisos de todos nós.
— Não importa, somo casados tudo o que você sabe, eu tenho que saber.— De fato o argumento da Ana é incontestável, tudo o que o marido sabe a esposa tem que saber e tudo o que a esposa sabe...bom, ele acaba sabendo em algum momento.
— Eu não estou surpresa, Peppe me contou da aposta e ficou chateado quando eu disse que o meu cunhado ganharia.— Senhora Natasha disse e eu precisei de muita força de vontade para prender o riso.
— Calma aí, isso está indo muito rápido. Você a vê como filha pai, tem certeza que está feliz com isso?— Dom questionou pedindo com as mãos para que todos fiquem em completo silêncio.
— Filho, desde o primeiro dia em que vocês voltaram daquele cativeiro eu percebi três coisas. A primeira foi que a Stella era uma garota muito especial, a segunda é que uma parte de você tinha morrido lá dentro e eu sabia que eu jamais poderia recuperar essa parte sua mesmo que eu desse a minha vida em troca, e a terceira coisa que eu percebi é que a única pessoa que poderia minimizar tudo de ruim que conflitava em você a partir daquele momento seria alguém com luz o bastante para afastar todas as trevas. No nosso meio não existia ninguém assim, por isso eu acredito que o próprio Dio enviou a Stella como forma de nos presentear. Por isso eu sempre quis que algo surgisse entre vocês.— Tio Tom disse com tanta sinceridade que o meu coração brilhou.
Não existe outra forma que defina de maneira melhor, simplesmente brilhou.
Ele sempre disse que Dio me enviou para as suas vidas, e que eu era a luz na vida dele, mas nunca se quer mencionou que essa fosse uma parte da razão.
Tampouco imaginei que ele realmente tivesse aceitado que havia uma parte do seu filho que tinha morrido naquele cativeiro, e uma parte ainda maior que se perdeu ao saber da morte do Enzo e da culpa que ele carregaria para sempre. Mas ele sabia, e acredita que eu possa minimizar tudo isso.
É muita responsabilidade, no entanto é algo que eu definitivamente quero fazer.
— Obrigado pai, por ter mantido ela aqui por perto.— Dom respondeu dando um abraço de urso em seu pai.
Preciso admitir que as vezes eu sinto inveja desse tipo de interação familiar que todos os Fontenelle's mantém com os seus pais, até mesmo o pequeno Rael tem esse tipo de ligação com os seus pais, e esse é o tipo de coisa que eu nunca tive.
Nunca me senti protegida pelo meu pai ou amada pela minha mãe, o meu pai me entregou para pagar uma dívida sem ao menos se preocupar com o tipo de destino que eu viria a ter, e a minha mãe já havia me abandonado anos antes disso.
Como eu disse, nunca consegui nem mesmo juntar os pedacinhos de cada pai para formar um pai ou uma mãe inteiro.
Isso dói, embora eu não costume ficar falando, ninguém tem culpa da minha infelicidade familiar.
— Filho, os pais sempre sabem do que os filhos precisam.— tio Tom retrucou em tom de brincadeira.
— Isso é ótimo, por que ele vai precisar. Já contou que existe a possibilidade de você ser pai em breve?— Bea trouxe o assunto a tona deixando a todos completamente em choque.
Bom, não exatamente a todos já que eu e a própria Bea já sabíamos disso.
— A Stella está grávida??— tio Peppe perguntou engasgando com o copo de água que estava bebendo tão calmamente.
Achei que fosse óbvio que esse assunto não é sobre mim, mas ao que tudo indica eu me enganei afinal todos os pares de olhos estão me encarando aguardando uma resposta.
— Não sou eu.— Retruquei rapidamente.
— Tem mais alguém?— Senhora Natasha questionou de olhos arregalados.
— Tinha tia, a um tempo atrás, e obrigado por jogar isso assim Bea.— Dom repreendeu a prima que levantou as mãos em sinal de rendição como se não tivesse feito nada de errado.
— Alguem tinha que contar.— Foi tudo o que ela disse para se justificar.
— Ai Dio, eu estou velho demais para isso.— Tio Tom disse colocando a mão na cabeça enquanto voltava para o sofá, dessa vez aparentando cansaço e nem um pouco de animação.
— Não tem problema, não vamos criar caso por antecipação. Se for mesmo dele deve ser recebido na família independente de quem seja a mãe.— Falei saindo em defesa do meu noivo, não posso deixar que todos o julguem por seus atos do passado.
— E você aceitaria isso numa boa?— Marco perguntou olhando fixamente para mim.
— Claro que o começo pode ser difícil, mas não importa, se for uma parte dele é importante para mim.— Retruquei com sinceridade sentindo as bochechas ficando quentes devido a tanta exposição dos meus sentimentos.
Eu fiquei sim um pouco envergonhada sob os olhares atentos em mim, mas o sorriso do Dom me tranquilizou. Ele está de coração leve por saber que nem mesmo isso vai ser capaz de nos separar.
Voltei amoressssssss, mas tenho que postar capitulo dos outros livros hein kkkkkkk não esqueçam de votar e comentar MUITO viu ♥️
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O Príncipe Monstro - Livro 2 da série: Família Fontenelle
RomanceDois anos após o ocorrido Domenico ainda é atormentado por pensamentos e lembranças terriveis e principalmente pela culpa. Uma das poucas fontes de alegria e paz que ele possui além da sua família, é a relação de familiaridade que foi construída com...