Capítulo 53

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Domenico Fontenelle

— Dio Santo! Você está vivo!

Nós avisamos à nossa família que o Enzo está vivo, mas a pedido dele todos tiveram que esperar três semanas para visita-lo quando estivesse já estabelecido em casa com o meu pai para ficar aos cuidados de Stella e Rute.

Todos concordamos que é infinitamente melhor que ele passe uma temporada aqui até que esteja verdadeiramente recuperado para voltar à Escócia.

— Se continuar me apertando assim meus ossos vão quebrar de novo.— Enzo disse brincando quando seu gêmeo lhe abraçou com força.

Não fui eu quem deu a notícia, mas imagino o quanto ele deve ter ficado em êxtase ao saber que o irmão que ele achava ter perdido e que tinha sofrido tanto essa suposta perda, estava no fim das contas perfeitamente vivo.

— Eu senti tanto a sua falta, cazzo.— Lucien disse tentando controlar a voz de choro.

— A propósito acho que temos que verificar essa nossa conexão de gêmeos viu, você deveria ter sentido que eu estava vivo. Mãe, tem certeza que somos filhos do mesmo pai?— Enzo perguntou e só não levou um tapa em repreensão deferido por minha tia por que ele ainda está todo machucado.

— Garoto estupido e amado.— Foi tudo o que ela disse com lágrimas nos olhos.

A família inteira adoraria ficar mais tempo paparicando o homem que retornou dos mortos com o humor mais que impecável, mas ele precisa descansar por que para todos os efeitos ele sofreu por tempo demais coisas que ainda precisam ser cicatrizadas.

Decidimos seguir as recomendações médicas e eu e o Marco o ajudamos a se estabelecer no quarto de hóspedes.

Foi nesse momento, estando apenas nós três no ambiente que eu percebi que o humor de reflexo que ele sempre teve estava ativo desde que ele chegou não por que essa parte de si não foi afetada naqueles meses de cativeiro, mas sim para ser usada como uma máscara para esconder suas reais preocupações.

Para seu azar ninguém consegue camuflar seus demônios o tempo inteiro.

— O que houve fratello? Por que está com essa cara de preocupado?— Marco questionou e quando agora os travesseiros para acomodar o Enzo da melhor maneira.

Eu decidi que vou dormir aqui por um tempo para ajudar no que ele precisar, claro que o meu pai não acreditou nenhum pouco na minha boa vontade e disse que eu só quero ficar aqui para dormir com a Stella, não é que isso seja mentira, mas de qualquer forma isso não anula o fato de eu querer ajudar o meu primo em seu processo de reabilitação à vida.

Esse período no hospital não ajudou muito no exterior, ele ainda ainda tão branco como um fantasma.

— É só que não era para eu ter escapado.— Enzo constatou passando as mãos pela cabeça comp se tentasse desesperadamente entender o porquê de ter saído vivo.

Franzi a testa sem compreender.

Ele fugiu por que foi esperto e ágil o suficiente para isso, colocando em prática tudo o que aprendeu na iniciação ele ignorou com maestria o estado deplorável de seu corpo.

— O que quer dizer com isso?— Perguntei me sentando em uma cadeira acolchoada.

— Pensa comigo Dom, não faz o menor sentido eu ter saído vivo disso. Não faz sentido nem mesmo o Nicco ter me mantido vivo por tanto tempo naquele cativeiro desde o momento em que ele viu que eu não contaria nada sobre nossos planos de ação, vocês sabem como funciona quando interrogamos alguém, se dura no máximo três meses e a pessoa não abre o bico nós o matamos. Ele foi ensinado a agir da mesma forma, seguir o nosso padrão.— Enzo disse com a voz desesperada, eu sei que não é a melhor forma de comparar mas eu realmente não encontro semelhança melhor para descrever a cena do que um físico maluco tentando explicar a sua teoria.

— Ele achou que você fosse falar em algum momento, ou talvez quisesse te usar como moeda de troca em algum momento, não importa. Você conseguiu escapar.— Marco retrucou tentando dissipar os devaneios de nosso primo que não causaria nada de bom, apenas mais preocupação.

Enzo não parece disposto a abdicar de suas inquietações, ele balançou a cabeça com firmeza de um lado para o outro.

— Não falei nada na frente deles por que não queria que o meu primeiro contato com a minha família fosse assim, mas eu sei o que eu estou falando. Foi fácil demais Marco, não faz sentido! O meu rastreador ainda estava lá, eles praticamente deixaram o pedaço de arame ao meu alcance!— Eu não queria admitir, essa é a última coisa que eu queria fazer por que sinceramente, já tenho coisas demais para me preocupar, mas isso está fazendo sentido.

Pareceu fácil demais, impune demais... Quase como se o Nicco quisesse que o Enzo fugisse para nos dar uma falsa sensação de segurança e de confiança.

Dio! Como eu queria pelo menos nessa fase da minha vida não estar me preocupando com nada além do meu casamento.

— Então ele está armando?— Marco questionou apenas para confirmar o que eu também constatei.

O desgraçado é mais esperto do que eu pensei que fosse.

— É isso que eu estou tentando dizer! Ele está tramando alguma coisa grande, e eu não sei o porquê, mas acho que tem haver com a Stella.— Enzo disse e um frio perpassou pela minha espinha me deixando imóvel por poucos minutos contemplando o vazio que a minha vida seria sem ela.

A luz da minha vida é a minha estrelinha, sem ela eu ficaria completamente perdido a deriva.

Não vou permitir que ele a tire de mim.

— Ele é tão obcecado por ela assim?— Marco questionou com certo teor de descrença em sua voz.

Acho que ele não acredita muito que um homem possa ser capaz de sucumbir a loucura por conta de uma mulher que ele nunca vai poder ter.

Já eu vejo as coisas de outra forma, uma rejeição pode ter efeitos infinitamente negativos em alguém cujo caráter já não é muito bom.

— Obcecado? Talvez antes, mas agora ele a odeia, quase tanto quanto nos odeia primo. — Enzo retrucou com uma certeza e uma sobriedade que me assustou mais ainda.

Não é como se o Nicco não fosse perigoso como eu realmente acreditava antes, agora eu sei que ele não vai medir distância para nos afetar.

— Vamos pega-lo, agora já sabemos com quem estamos lidando.— Marco disse com firmeza na voz e eu quis me permitir acreditar nele.

Acenei com a cabeça e pelo bem da minha saúde mental recém restaurada eu achei por bem sair do quarto, me retirar da conversa e me afundar em uma cama ao lado da única pessoa que me fornece paz.

Grazie Dio que a minha Estrelinha já está no quarto.

Me encostei na ombreira da porta aproveitando para observa-la enquanto ela não nota a minha presença.

Contemplei admirado enquanto ela penteia o cabelo com tranquilidade depois de ajustar a roupa com a qual vai dormir. Não consegui me segurar e sorri sendo impelido a me aproximar dela para sentir que nada disso é um sonho.

Ela está aqui, ao alcance das minhas mãos.

A abracei e me permiti ficar nesse nosso casulo por no mínimo dez minutos, mesmo sabendo que ela não está entendendo absolutamente nada do meu surto de carinho.

— Dom, está tudo bem?— Perguntou desconcertada.

Lentamente soltei os meus braços de sua volta me convencendo de que ela não vai sumir a qualquer instante.

— Eu só preciso de você comigo mais que qualquer coisa.— Respondo com um sorriso sincero.

Eu vou proteger o meu amor com tudo o que eu tenho.









Capítulo novo gente, estou escrevendo o mais rápido que posso! Tenham paciência comigo per favore kkkkkk
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O Príncipe Monstro - Livro 2 da série: Família Fontenelle Onde histórias criam vida. Descubra agora