O Fim?

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Abri meus olhos ouvindo o maldito toque do iphone, percebi que eu havia desmaiado ali mesmo no chão, sem me levantar, levei a mão tateando a mesa de centro do escritório ate alcançar a droga do telefone. Peguei, ele vibrava e tocava insistentemente.
Abri meus olhos, acostumando-me com a claridade e quase fiquei cego graças a droga daquele brilho no máximo.

Ignorando a chamada, baixei o brilho, mas logo meus olhos se voltaram para o identificador.

"Victoria Santori"

Eu automaticamente me sentei e me amaldiçoei por ter seu maldito número novo, enquanto chamou pelo menos mais duas vezes e finalmente parou. Meu corpo e minha cabeça se abalaram por inteiro. Engoli minha saliva, senti a raiva me subir e soltei um longo suspiro me controlando, de repente me surgiu uma grande vontade de pegar aquela porcaria e atira-la para longe.

A tela se acendeu e começou a tocar de novo.
Quis larga-lo em um canto e simplesmente esquece-lo, porém todas as células do meu ser me imploravam para ouvir sua voz. Nunca me odiei tanto como nesse momento.

Ainda sentado no maldito chão, observei tudo a minha volta. Estava amanhecendo e o escritório estava um caos. Observei a garrafa de Jack, haviam sobrado cinco dedos de bebida.
Deixei que ela insistisse mais. Atendi a ligação e logo em seguida equilibrei meu celular entre meu ombro e ouvido.
Peguei a garrafa que estava pousada em cima da mesa de centro e a abri.

— Tristan? — Ela pronunciou meu nome e tudo dentro de mim doeu.

Permaneci em silêncio após um longo e doloroso suspiro, levei a mão direita para segurar o celular e a outra mão que segurava a garrafa apenas mandei para dentro.

— Tristan? — Ela repetiu meu nome e automaticamente algumas memórias vieram sem permissão, parei aquilo antes que fosse longe demais. Fiquei em silêncio, eu não sabia se queria falar.
— Tristan por favor! — Ela insistiu com a voz embargada, me senti um merda e resolvi responde-lá.
Criei coragem, um longo suspiro e resolvi responde-la mesmo sentindo um peso, uma angustia dilacerante.
— O que você quer? — Questionei firme.
— Conversar sobre o que aconteceu! — Ela explicou quase que numa súplica e eu soltei uma risada nasalada, sentindo uma pontada no meu peito.
— Agora você quer conversar? — Fui cínico — Eu te liguei inúmeras vezes, fui atrás de você diversas vezes — Desabafei — Você não tem esse direito!

— Eu sei — Ela disse após uma pausa — Você não merecia isso Blake, eu não mereço você — Acrescentou com sofrimento — Eu sinto muito, de verdade.

Afastei o telefone do ouvido e passei a mão no rosto me contendo, algo dentro de mim arranhava e meu coração estava pesado.

— Ele também era meu! — Murmurei sentindo meu peito se partir, soltei um longo suspiro me contendo.
— Essa conversa precisa ser pessoalmente.
— Eu não vou para Nova York! — Falei convicto.
— Não precisa, estou dentro de um jato  indo para Los Angeles, mas ainda não levantei voo! — Declarou e eu soltei uma risada sem humor.

— Não! — Falei firme e frio.
— Blake, não faça isso por favor... — Ela implorou  com uma voz de choro.
— Eu não vou pra NY e você não vira para L.A — Declarei sentindo angústia.
— Blake... — Ela pronunciou.
— Eu deveria ter te escutado — Me auto interrompi — Você disse que isso não nos traria nada além de sofrimento e tinha razão! — A citei desligando a maldita ligação e sentindo minhas próprias lagrimas escorrerem.

Joguei o telefone na mesa e bebi, a ultima gota da maldita garrafa.
Passei a mão no rosto.

— Julian? — O chamei, e ouvi uma falha tentativa de resposta,
provavelmente também havia desabado no escritório. Me levantei tentando manter o equilíbrio e olhando o caos a nossa volta.
Olhei por de trás do sofá e ele estava la largado, desmaiado como uma pedra.
Suspirei e fui ate o bar novamente abrindo mais uma garrafa de Jack, tirei o lacre e tomei um gole considerável.

— ACORDA JULIAN — Gritei irritado, ele se levantou assustado e observou por alguns segundos tentando entender aonde estava.
Eu estava sentado no banquinho do barzinho que havia no escritório.
— Por que diabos me acordou tão cedo seu desgraçado? — Ele questionou, provavelmente iria fazer alguma piada ou deboche, mas desistiu ao ver a minha cara.

Minhas lágrimas ainda caiam, eu sequer me importava em parecer frágil. Aparência não era a minha prioridade naquele momento.
Abri um sorriso sem humor.

— Preciso que dirija pra mim! — Falei tirando uma chave de dentro do meu terno e jogando na direção dele, por mais confuso que ele estivesse seu reflexo funcionou. Ele não deixou as chaves cairem.
— Para onde vamos?
— Cemitério! — Informei levantando-me e levando a garrafa de Jack comigo.

Mr. Blake - King Of Crime (Sem Revisão) HiatusOnde histórias criam vida. Descubra agora