Os Três "Porquinhos"

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Passei meus olhos pelo lugar e acabei vendo alguns conhecidos que me reconheceram na hora, alguns nos cumprimentaram enquanto o olhar de incômodo era evidente em outros.

Julian estava prestes a se dirigir a uma das mesas para jogar quando o segurei pelo ombro, o idiota era facilmente seduzido por esse tipo de ambiente. Porém, eu não o culpava, na verdade, aquele tipo de lugar era a nossa cara.

— Como eu disse, vamos nos concentrar em encontrar a estrela pornô! — O relembrei e ele me devolveu um olhar vencido.

Observei mais um pouco até avistar nosso alvo em uma mesa, o encarei um pouco mais e fiquei um tanto desacreditado ao ao encontrá-lo naquele meio.
Cigarros, jogos, dinheiro sujo e bebida.

William realmente fazia jus a ser um político corrupto. O problema era que o desgraçado não aceitava meu suborno mas essa noite eu iria fazê-lo aceitar.

Julian e eu nos aproximamos da mesa, ele me mediu com o olhar enquanto eu reparava em sua aparência decadente.

— Tristan. — Pronunciou meu nome como forma de cumprimento.
— William. — Devolvi me concentrando no jogo.
Julian ficou em silêncio acompanhando tudo.

— Devo confessar que nunca pensei que fosse ver você num lugar como esse. — O provoquei encarando minhas cartas.

— Todos nós temos algum vicio. — Simplificou e eu soltei uma risada forçada.
— Aparentemente você não deveria ter. — Continuei o instigando enquanto o jogo rolava.

Depois que alguns perdedores caíram fora eu e William continuávamos firme e forte no jogo. Estávamos no River.

— Eu tenho um full house — William blefou.

O encarei — Não, você não tem.
— Então aposte senhor Blake.
— Tudo bem então William, eu aposto tudo — Arrisquei afastando as fichas pro meio da mesa.
— Eu cubro! — William cubriu juntando suas fichas as minhas, eu não me importaria se ele ganhasse apesar de serem 100 mil em jogo.
— Me mostre então.

Mostrei meu flush de espadas e William o seu maldito Full-House mas tudo bem, ele puxou as fichas para si com um imenso sorriso vitorioso.
— Parece que você perdeu Blake. — Disse de forma superior, abri um sorriso.
— É verdade — Comentei me levantando da mesa — Eu te deixei ganhar, não queria que você dissesse que nunca fiz nada por você.

William gargalhou — Quem diria que você é um mal perdedor. — Ironizou.
— Perdedor? Na verdade, acho que fui o único vitorioso essa noite.
— Do que você está falando?
— Considere esse pequeno lucro sobre mim como seu primeiro pagamento.
— Você enlouqueceu por acaso Tristan? Já falei que não aceito suborno seu.

Eu gargalhei e Julian colocou o pendrive em cima da mesa.
— O que tem nesse pendrive vai contra todo o seu discurso, tudo no que sua campanha se baseou seu hipocrita do caralho. Ou você aceita meu maldito suborno ou eu o exponho! — Ameacei.

— Tristan... precisamos conversar com mais calma. — Notei a sua voz trêmula — Eu tenho negócios com Kyle.
— Então os encerre, porque se você não o fizer, seus eleitores saberão que sua política anti álcool, cigarro e principalmente gays não passa de uma jogada de marketing.

(...)

Julian e eu deixamos a The Joker. Estávamos no meu escritório quando o celular dele tocou.

— Atenda! — A pessoa insistia e o fato dele ignorar estava me irritando para cacete.

Ele retirou o celular do bolso e abriu um sorriso me entregando o mesmo, o fitei confuso.
— Essa ligação não é pra mim de qualquer maneira.

Olhei o display onde o nome Victória Santori estava escrito, resolvi atender.

— Julian, precisamos conversar. — Ela falou rapidamente e ao ouvir sua voz eu senti uma estupída excitação, mas me contive.
— Como você está mafiosa?— Resolvi perguntar.
— Blake? O que está fazendo com o celular de Julian?
— Ele disse que a ligação era pra mim e pelo que notei, tinha razão — Respondi.
— Voltando a sua pergunta, tirando o fato de que estou prestes a entrar em guerra, estou bem. — Ironizou.
— Então você quer minha ajuda.?
— Ela já me foi prometida, estou apenas ligando para cobrar. — Continuou me instigando.

— Eu sabia que uma hora isso ia explodir — Conclui — Tudo bem Victória, o que você precisar.
— Eu aprecio seu gesto. — Agradeceu, nós tínhamos um acordo, eu a ajudaria mesmo que fosse contra minha vontade, o que na verdade não era.
— O mais irônico é que hoje mesmo eu vi Damasceno. Eu poderia ter acabado com isso com apenas um tiro.
— Em Los Angeles? Pensei que ele estivesse em Istambul, quer dizer, foi o que Demetrio me disse.
— Por que diabos estava falando com Demetrio?

Era estranho ela ter falado com o filho de Damasceno.

— Dominic meio que sequestrou a filha dele. Em fim, longa história.
— Vic...
— Preciso desligar Blake, obrigada novamente — Disse me cortando rapidamente e desligando a ligação, de repente me peguei sorrindo feito um idiota depois de devolver o celular a Julian.

— Que sorriso idiota é esse? — Julian questionou com um leve toque de cinismo na voz.
— Ninguém aqui está sorrindo — Respondi me contendo.
— Sei, esse é chamado efeito pós mafiosa — Debochou e eu soquei seu braço.
— Cala a boca! — Mandei irritado enquanto ele se acabava de rir.

(...)

Resolvi raciocinar um pouco sobre o "encontro" de hoje cedo. Aquelas três víboras juntas não significava boa coisa. Um queria destruir Victória enquanto os outros dois não posso afirmar com toda certeza que estão traçando um plano contra mim mas toda vida que os vejo, a vontade deles de me presenciarem derrotado chega a ser gritante.
E eu ainda não havia descoberto quem tinha contratado o maldito sniper para matar Lisa, mas agora me ocorria... E se Damasceno fosse mesmo o responsável pela tentativa de assassinato? Quer dizer, eu estava negociando com ele naquele dia.

Julian havia o investigado de forma sublime, e eu entendia essa mudança de lado afinal dadas as circunstâncias atuais, eu o troquei por Victória. Nesse momento atual ele poderia fazer algo contra mim por estar com raiva, mas antes de Victória? Para o seu próprio bem eu espero que não. Uma coisa era eu apoiar Victória, outra coisa completamente diferente seria se eu resolvesse acabar com ele por mim mesmo.

Mr. Blake - King Of Crime (Sem Revisão) HiatusOnde histórias criam vida. Descubra agora